Coleção pessoal de VERLUCI

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DOCES SONHOS

Hoje, somente hoje, farei diferente.
Lavarei meus versos com teu perfume predileto,
Pendurarei no varal e os deixarei
secar ao sol e ao vento.

E mais tarde... de tardinha,
quando se fizer o lusco-fusco,
quando o sol beijar o horizonte,
recolherei a todos, um por um.

E numa conversa toda nossa,
pedirei então baixinho, às estrelas
que brilham ao luar, que coloquem
minha imagem em teus doces sonhos.

- Que te façam comigo sonhar!

®Verluci Almeida

010407

ENCRUZILHADA

Da vida estou na encruzilhada.
Fico a me perguntar: quem sou?
- e vendo que o que sou é nada,
queria saber onde meu sonho ficou.

Como encontrá-lo?... Onde errei?
Será que escolhi a estrada errada?
De onde vim, o que sonhei, já nem sei!
- De não o saber, fico sozinha e calada.

Se pudesse ao menos atingir este lugar
onde a gente sonha ser muito feliz enfim,
na Pasárgada de Bandeira tentar chegar!

E dos meus sonhos fico triste a relembrar
vendo que a almejada felicidade existe sim,
- apenas não a colocamos onde deveria estar!

®Verluci Almeida
140606

IN MEMORIAN

[Para Nel Meirelles]

Ao soar as horas noturnas,
Assusto-me com o som do carrilhão.
No pêndulo impertubável,
vejo minha existência esvair-se
num ritmo constante, monótono.

Escoam-se os segundos, os minutos.
E eis mais uma madrugada que se anuncia insone.
A lua testemunha o silêncio das cigarras
enquanto lembranças ressurgem
ao som do melancólico blues.

As estrelas sorriem piscando para mim,
talvez para afugentar esta tristeza infinda.
Das árvores, as folhas caíram.
Em revoada, os pássaros partiram.
- Não mais verei teu lindo sorriso!

©Verluci Almeida
211106

O VENTO

Havia sobre a cômoda, um espelho
à espera de um lindo rosto chegar!
Havia uma janela que dava para o
jardim onde as flores a encantavam!

Havia um relógio onde a vida ia em
alegre tic-tac ao encontro da morte.
Mas havia pássaros alegremente a
cantar entre as laranjeiras em flor.

- E o vento?

Ah! o vento brincava com seus longos
cabelos e com a cortina se enroscava
dançando ao som de uma suave canção
que vinha de longe, de lugares distantes!

E o vento sussurrava baixinho em seu
ouvido ternas e doces palavras de amor
que ele dizia e ela fechando os olhos
em seus lábios, os lábios dele sentia!

Verluci Almeida
200406

O TREM JÁ VAI PARTIR

(poesia onomatopéica)

Atenção senhores passageiros
Todos ao embarque...
Já vai partir!

Piuí... piuííí... piuííííí.... piuííííííííííííí
Tchac... tchac-tchac... tchac... tchac-tchac!

- Vamos Mamãe, venha Papai!
Já está saindo!

- Peguem as malas... o meu chapéu!
Vovô... apoie-se na bengala!

- Venha Vovó, te ajudo a subir
Me dê tua mão... Vamos!

Piuí... piuííí... piuííííí.... piuííííííííííííí
Tchac... tchac-tchac... tchac... tchac-tchac!

E lá vamos sorrindo felizes
Para São Paulo... passar o Natal
Com toda a família reunida!

Saudade do trem de minha infância
Que nas curvas suaves que fazia,
Embalava meus doces sonhos de menina!

- Saudade!

Verluci Almeida
200408

PELA VIDRAÇA

Chove muito e as gotas d'água
deslizam suavemente pela vidraça.
Pela janela observo a mulher
que caminha lentamente pela rua deserta.
Para onde ela irá assim sem pressa?

Imersa em seus pensamentos
segue em frente e fico a imaginar
o que faz uma mulher caminhar
tão tranquilamente ignorando
a chuva forte que cai.

Seria o término de um romance,
de um belo caso de amor?
E indiferente aos pingos de chuva
que molham sua roupa, seu corpo,
segue levando consigo o seu segredo.

Verluci Almeida
250210

PASSAGEIROS DO TEMPO

O Tempo é eterno, no mesmo compasso,
Somos nós que passamos pelo seu espaço,
E sonhamos com fé, ter a eternidade.

A cada raio de sol, a cada chuva que cai,
no desabrochar de uma rosa, que em breve se vai,
O Tempo está lá... E tudo passa na verdade.

E tantos se preocupam com nascimento e morte.
Respostas; Deus ou Fé, Azar ou Sorte...
E não se vêem passando pelo Tempo de viver.

O Tempo é aqui e agora! A realidade diz!
É Tempo de sorrir, cantar, sonhar e viajar,
De amar, beijar, se enganar e tentar ser muito feliz!

Vivemos como tantos seres a grandeza da existência,
Viemos com certos poderes, pretensos de inteligência
E tentamos compreender esta rica experiência.

Passamos nós pelo Tempo... Apressadamente,
Ele nos observa... Estaticamente!
- Seria o Tempo um ser Onipotente?

Mas desde que existimos, um fato não nos mente:
- Ele sempre vem a nós como um Presente!

Verluci Almeida & Marcelo Marques

SONHO CIGANO

Quem me dera os pés dos ciganos,
e as asas dos pássaros, para ir em busca
da vida que eu quisera viver um dia.
Ouviria as lendas e valsas eternas
ao som de violinos, enquanto na fogueira
a brasa arderia, entre estrelas brilhando
e um lindo luar nos encantando, eu veria
o meu reflexo no brilho de teu olhar.

Queria tocar valsas eternas ao piano,
adormecer ao cair da tarde nas areias da praia
enquanto o sol desmaiasse no horizonte.
Queria ver as palmeiras dos jardins,
os botões de rosa entreabrindo-se
na bela manhã orvalhada, entre
cravos, lírios, açucenas e jasmins.

Queria com alegria viver lendo poesia
e escrever versos de amor que rimassem
apenas com cor e flor, enquanto a chuva
molhasse as ruas e na calçada a enxurrada
levasse para bem longe os meus barcos de papel.
Queria... Ah! como eu queria!

Verluci Almeida
240305

DESEJO

Fiquei ali
naquela noite fria
pensando em ti...
O vinho,
(talvez o culpado)
despertava em mim
um desejo imenso
de tua presença,
de teu sorriso,
de teus abraços,
enquanto na lareira
o fogo crepitava
e uma lágrima furtiva
de meus olhos deslizava.

Verluci Almeida
020611

AURORA BOREAL

Não há distância,
nem tempo e nem espaço.
Existindo o verso,
haverá a poesia
neste mundo de magia.
Rimas se casam,
versos se abraçam.
Pela noite...
só estrelas e luares
em ternos olhares,
poetas enamorados!

O vento sussurra palavras,
qual uma linda sinfonia.
E, de seus versos, em cada linha
simbiose perfeita!
O brilho das estrelas,
em seu olhar traz
a luz que falta fazia.
Nada existirá mais...
Somente os dois, poeta e musa
- unidos numa só poesia!

Por entre vales floridos,
sob um límpido e claro céu,
surge no horizonte
tingido por bela aquarela
um enorme arco-íris.
A primavera, ainda tímida
chegando de mansinho,
entre velhos muros, devagarinho,
de alecrim, canela e jasmim
seu cheiro adocicado traz.
...
e a mais bela aurora boreal
no céu dos enamorados se faz!

Verluci Almeida
221108

À FLOR DA PELE

ouvindo este blues
que arranha minh'alma
sinto saudades...
de coisas que não vivi.

abraço meu joelho
e contemplo a lua
enquanto as estrelas
sorriem para mim.

Verluci Almeida
020409

PIETÀ

Carinhosamente ela o embala... mas...
Ele já não mais escuta sua cantiga de ninar.
Não vê a lágrima sofrida que cai lentamente.
Não fala e nem sorri ternamente para ela.

Morto...
Alheio ao tempo e ao espaço...
- E ela chora!

Michelângelo retratou no frio mármore
A angústia e a tristeza da Mãe de Deus!
Atônita... ela o segura docemente,
Como para transmitir-lhe seu calor.

Morto...
O Deus-Menino que ela gerou e criou.
- E ela chora!

Verluci Almeida
060407

AFINIDADES

[Para a poetisa Florbela Espanca]

Eras a flor... de todas a mais bela!
A poetisa sem sorte e em tua dor,
Viveste toda uma vida sem amor.
Triste e bela, teu nome era Florbela!

Mostraste ao mundo a tua solidão.
Tua mágoa, em lágrimas naufragava,
Teus sonetos, com lirismo encantava.
Só tu sabias como sofria teu coração.

Em tua alma de pássaro encantado,
Vejo muito do que sinto, me espanta
Coisas minhas escritas em tuas linhas.

O amor por ti almejado e sonhado
Em versos declamado me encanta.
- Que afinidades comigo tu tinhas!

Verluci Almeida
080407

De Traças e Lembranças

guardei teus versos
dentro do livro
que se amarelou na estante

anos depois...
quando o procurei
somente as traças sorriram para mim

tuas palavras?
- voaram como pássaros -
nada mais restou daquele imenso amor!

Verluci Almeida
221106

O POETA E A BORBOLETA

O poeta escreve com a janela aberta.
A borboleta entra pelas venezianas.
Quer observar de perto as filigranas,
Que ele esparrama na página deserta.

Lembranças... fantasias doidivanas,
Suaves e doces sonhos de criança!
Relembra a bela menina de trança,
Que coloria suas horas cotidianas.

Jogos de luz desenhados na folhagem,
Fazem-no esquecer o que ia escrever.
Imagens dela, uma deliciosa miragem!

Fecha os olhos! Sorri... fica sonhando!
O poeta e a borboleta! De enternecer,
É a cena para quem está observando.

Verluci Almeida
261010

Às vezes bastam poucos minutos de escuta atenta,
para melhorar o astral de um amigo e devolver
o sorriso aos seus lábios. (Verluci Almeida)

Renda-se!

entre rendas e laços
a musica suave...
teu vinho predileto.

teus dedos em meu corpo,
nele escrevendo o mais belo
poema de amor...

Rendo-me!

Verluci Almeida

ENCENAÇÃO

coloque um pedaço
de poesia na sua janela.
entregue-lhe a entreaberta rosa,
beije-a com imensa ternura.

com seu mais belo sorriso
acarinhe-a suavemente
deixando-a acreditar
que seu amor é somente dela.

Verluci Almeida

VENTO COR-DE-ROSA

Foi um vento
cor-de-rosa
que passou.

Suave canção
que em minha
memória ficou.

Breve história de amor.
Não houve culpados.
Apenas feridos.

Verluci Almeida

INTERAÇÃO

é mágico o instante
em que o poeta e o leitor
se encontram numa poesia.

neste momento,
compartilham seus sonhos
em uma catarse colorida.

pisam em nuvens azuis
apanham estrelas
catam vagalumes.

com belas flores
pintam um arco-íris no céu.
é pura magia!

Verluci Almeida