Coleção pessoal de Valnia

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⁠O pensamento cavalga entre as brumas da neblina
Anuviado, acabrunhado,
sem saber a direção...
Vem a enxurrada
e lava
e carrega
e alarga as estradas da existência.

A tempestade desmata as certezas da noite escura,
desnuda as verdades da aurora.
A vida na caverna já não é possível.
Mas como banhar-se ao sol, se a luz é uma incógnita?

O raiar de um novo dia nos rouba o chão de pedra rachada,
rompendo correntes e nos obrigando a enxergar o horizonte.

A linguagem energética transforma-se em asas,
resta saber se as lembranças da caverna nos impedirão de voar…

Valnia Véras

⁠Nasci da força da rebeldia,
do caldo da paciência, da luta e da labuta,
da fome um pouco por dia...
Cresci junto à raiz da mandioca,
no floreio do feijão,
na colheita da macaxeira
no fermento de cada pão.
Resisto no chão ressecado,
no alento,
perdido na rua...
Mas não deixo de acreditar
que a vida é flor de cacto
trazendo beleza ao sertão,
contrariando a seca,
transmutando-se em esperança
e enfeitando o coração.

Valnia Véras

⁠Viver é compor a própria música, dançar em descompasso, perder-se em poesia.

Valnia Véras

⁠Mulheres

Aaaaaa, as histórias do meu cantar…

Além das brumas de Avalon
existem muitas Fridas,
pintando e bordando um cenário de inclusão.
Que cantam
Que riem
Que cuidam
e nos fazem acreditar.

Bem perto da toca do coelho aliciano
recita uma pequena Greta
as maravilhas do plantar.

Na tribuna do parlamento
discursa uma Marielle
fazendo ecoar resistência
frente as injustiças do lugar.

No centro da fome,
dentro do lixo,
tem a Dona Maria,
que amamenta seu filho
e o encoraja a falar.

No meio do povo
tem uma menina
uma moça
uma mulher
uma idosa...
Com asas gigantes.
Com flores na mão,
que levanta todo dia
e faz o mundo mudar.

Valnia Véras

⁠⁠Eu vejo nos olhos seus uma imensa escuridão
Apresso- me junto ao tempo para tocar sua mão.
Mas, estas já tão enrugadas,
jazem vazias,
perdidas sem direção.

Nas vozes mudas que ecoam por toda parte
ouço os gritos de exclusão.
Em cada esquina
um lamento
um suspiro sem emoção.

De longe, sinto o peito cansado.
Sem ar
Sem vida
Sem coração.

Valnia Véras

⁠Poemas são álbuns de fotografias que contam histórias de existências.
Cada verso perfuma uma vida,
enfeita um vaso com flor.
As rimas são livres...
Entre as metáforas jogadas ao vento,
repousa
um retalho multicor...

⁠Vivo para remendar sonhos,
desabrochar sorrisos e
aprender assoviar...

Vivo em cada mochila arrumada, botando o pé na estrada, cantarolando sem parar.

Vivo na essência da poesia, na rima da alegria, no cantar da cotovia, rodopiando pelo ar.

Valnia Véras

⁠Tecendo as teias do meu destino,
percorro caminhos enviesados.
Mergulho em rios translúcidos.
Viajo entre as brumas do pensamento.

No abismo da minh ‘alma
ouço os ecos
dos sorrisos estampados nas fotografias
amareladas pelo tempo...

Agora, pelas janelas do trem
observo os tique-taques dos relógios passando por mim,
platinando com o orvalho da madrugada
os meus longos cabelos,
que outrora reluziam diante do sol

A estrada é longa e misteriosa,
repleta de suspense e fascínio.
Amanhã, finalmente desvendarei
as verdades escondidas por entre as frestas das vozes
melodiosas e
enigmáticas dos filmes de Carlitos...

Valnia Véras

⁠Saudade é o registro de um amor imortal.

Valnia Véras

⁠As folhas secas sopradas pelo vento buscam o perfume exalado pelos jasmins no infinito.

Valnia Véras

⁠Em cada rosto sofrido, em cada barriga vazia, repousa a inércia e o silêncio dos espectadores.
Valnia Véras

⁠Vivo na tênue linha do horizonte, equilibrando-me entre suspiros e divagações, sorvendo o ar com intensidade para não morrer antes do bater das asas das borboletas coloridas.

Valnia Véras

⁠Diante da imensidão do universo viajo pelas muitas moradas na esperança de reencontrar o meu eu em expansão.

Valnia Véras

⁠Muitas cores no caminho
Inúmeros espinhos entre as belas flores...
Faces ocultadas por tirânicas verdades
Lágrimas vertidas em nome de um conceito vazio...

Diante do belo arco-íris a vida se renova
trazendo à tona tesouros inestimáveis...
Retratos de Amor e de Inclusão.

Valnia Véras

⁠⁠Há no céu tantas estrelas
que não consigo alcançar.
Mas guardo a lembrança no peito
de cada uma a bailar.

⁠Com o vento soprando leve

os meus cabelos em desalinho,

sinto o correr das horas...

Em cada passo, pelo caminho.

Valnia Véras

⁠O pensamento voa longe
rumo às campinas e às montanhas.
Nas paisagens verdejantes
repousam as vozes do lugar.
As ovelhas na estrada
passeando em desalinho,
sem cercas ou obstáculos,
serenas pelo caminho.

Eis que de repende,
o cenário se transforma
e nos causa comoção.
Surgem abismos gigantes,
pedras muito grandes
e caminhos sem direção.

Na estrada é só barreira
e na vida solidão.

Aperto os olhos novamente
na esperança de mudar
toda aquela imagem tosca
que me segue sem parar.
Rogo a Deus por piedade,
suplico por caridade
do pesadelo acordar.


A porteira enfim se abre
para a ovelha atravessar.
Ouço o canto das aves.
Sinto o toque do plantar.
Cheiro o perfume das flores
Que enfeitam o lugar.

Respiro aliviado.
Já chegou o amanhecer.
Levanto ligeiro da rede
para o santo agradecer.
Pés calcados, corpo vestido,
destino a se desenhar.
O esboço se alinha
com o desejo de mudar.

.

⁠A cortina de seda marinho cobre os sonhos da menina, provocando lamentos sentidos e tristes melodias pelo ar.

Eis que bem na pontinha do tecido, um belo bordado branco se desnuda tímido ante os raios do luar.

O semblante inteiro muda o tecido furta-cor, as figuras transmutando, saltitando dor e cor...

E os pontilhados insistentes pingam no coração da gente nos fazendo um sonhador.

⁠Com meu melhor sorriso e um brilho no olhar,
caminho ao lado do tempo
instigando o semear.
Hoje, ensaio os traços no vento
Amanhã, pinto estrelas ao luar.

Valnia Véras

⁠As horas passam serenas
nos ensinando a esperar,
dosando cada lágrima
até o sorriso chegar.

Valnia Véras