Coleção pessoal de Umamineira

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⁠gosto da luz do fim de maio. ela entra pelas brechas, quebra tudo que não pulsa e traz beleza além do olhar. amor aqui na terra das Minas Gerais é mistério que escorre por calçadas e dança nos encontros tão poéticos, tão abertos por entre mercados - novos ou centrais - por entre clubes e esquinas.


gosto dos segredos guardados, das praças - talvez sete. aqui liberdade mora entre histórias erguidas tijolinho por tijolinho enquanto árvores imensas acolhem quem passa. minha gente é feliz debaixo de árvores que abraçam o céu.


por entre clubes, por entre esquinas, por entre falas e despedidas. por cheiro de café, correria e gente… marcas deixamos no mundo - e sem a pretensão de ser poema. há lirismo na expressão da gratidão do povo daqui.


não falo de mim, não falo de ti. falo de tudo e nada, falo de Belo Horizonte.

as estrelas são lembrete diário de que mesmo nas noites mais escuras, há luz.


- posso não ver agora mas a luz está logo ali.

a falta que você me faz me trouxe dias de febre e poesia.
nada, nem a ausência é em vão, se parar para observar bem. acho que você não entenderia pois sempre se deu bem com excessos.
do exagero, de tanto ocupar espaço a sua ausência deixou um buraco imenso nos meus dias. e mesmo assim consigo ver beleza, por mais irônica ou colérica que seja.
sua falta faz verso e saudade, é verdade. pego caneta e registro notas sobre sua ausência. notas sobre o tanto de mim que há pra explorar.
eu sou gigante também.
eu sou quem ocupa minha vida.

⁠ruas, palcos de coincidências,
ladeiras cheias de acaso
dançando e flertando
criando as consequências.

ecoa nosso “não é não”,
eco que sempre afirma

Moça! vaga sem rumo
apenas nessa noite
e tome muito cuidado,
ainda há perigo na esquina

Menina! descansa a alma
por hoje, só hoje, silencia
quietude é o que te falta
pois pausa também inspira

Segue mesmo, moça
mantém os passos conscientes
firme, esperta e forte
com seus ritmos resistentes.

cê é chama que incendeia a noite
cê ensina tanto sobre a gente
apesar de tudo, apesar do que sente

quer ser livre por direito
sempre ergue essa bandeira,
liberdade tão sua e minha
ontem, hoje, a vida inteira

⁠Somos versos soltos, escritos no vento.

⁠Somos versos soltos, escritos por dentro, patinando no vento. Existimos em corpos, além da capa. Além da obra. O que somos eu não sei.


Mas parecemos páginas de um livro aberto.

⁠no carnaval somos todos
poetas em desatino
escrevendo muita história
por esquinas do destino.

não se engane com o que falam dela.
nem se ofendam com o que te apontam.

no fim de muito relacionamento
são sempre elas as que são loucas.

não importam as perdas
não importam as cores.

é difícil traçar novas rotas quando quem nos acompanha insiste em encarar apenas o retrovisor, sempre de olho no que está lá atrás.

⁠e então,
percebo que sou única,
desde que me entendo por humana,
sou, afortunadamente,
mais sensível que o resto
incluindo mar de gente
hoje sei que amo com uma fúria
que morde a carne,
e uma dor que queima e arde.

agora, entendendo
o motivo de minha existência,
agradeço, escrevendo
por amar, mesmo na incoerência.
sou um ponto de partida,
minha alma rica e sofrida,
não tenho escolha
senão marcar a todos
com a intensidade de quem sou eu.
para esquecer o que nunca foi
e recordar o que jamais vi.
revolver um estado fictício
de aflição que não vem de ti
reconheço minha singularidade
desde os primórdios da minha humanidade
compreendo que, quiçá,
sou afortunadamente
mais sensível
do que qualquer entidade.
hoje, consciente de que
amo com mais intensidade

⁠não nutria afinidade
pela matemática
mas buscava precisão
no amor

⁠há uma força
invisível
que me move
um fogo
que arde sem se ver
um desejo
de pertencer
a algo maior
que as limitações
impostas

são palavras
que me ancoram
são meu refúgio
para encontrar
o que o silêncio esconde
e o que a voz
não pode alcançar
ao fim do dia
bem quando a lua
beija o horizonte
há uma paz
só de saber
que a jornada
não se acabou
todo amanhecer
traz consigo
mais promessa
de caminhar
de recomeços
a transformar

iluminado
seja o caminho
que escolhi trilhar


não quero flores que murcham,
nem promessas vazias ao amanhecer,
quero a brutal honestidade
de um amor que não teme a verdade.

⁠Às vezes
a solidão é um copo vazio
e transborda excessos

Às vezes
a solidão é um copo vazio
que transborda restos meus

Às vezes
o copo cheio de costume
é sinal do meu vazio

Às vezes
é copo cheio
que não aponta o que dói

Somente vê
rostos em telas
sorrisos ensaiados
palavras vazias
tudo descartável
quanto os objetos
só nos consomem.
Navegamos
por águas rasas
procuramos
algo a mais
um laço não-líquido
em alguma onda
que bater aqui.
Mas as conexões
em redes frágeis
como papel molhado
e as tramas
se desfazem
no toque em tela
como são feitos.
E quem me lê
inteira em meio
a tantos cacos
vê a verdade:
a solidez está
na natureza
que é permanente.
Rejeitar
promessas vãs
afetos fugazes
para abraçar
companhia própria
tão valiosa
do que transborda.
Na solidão
encontra força
e nessa força
encontra paz
e nessa paz
sua verdade
indestrutível
num mundo vão.

ando ⁠completamente perdida em mim.
assim ninguém mais se perde no vazio dos meus olhos.

⁠acho que você notou. na maior parte do tempo eu nem estava ali. e eu sei que cê procurou bem lá no fundo dos meus olhos.

⁠nada apagava
tudo ardia
dentro dela.
ela era tudo,
era uma,
era nós
quando era ela?

⁠bebi sim
bebo das noites,
destilo a escuridão
em palavras que ardem