Coleção pessoal de tadeumemoria

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Aprendi a ser poeta
com seus olhos azuis...
com seus olhos castanhos
aprendi a ver o tamanho
de uma grande dor
aprendi que a paixão se perde
com seus olhos verdes...
e com seus olhos pretos
aprendi a ser correto e
confiar no amor
sem seus olhos aprendi que nada posso ver...

faces
A tarde é lacônica,
Seus sorrisos são lacônicos
E lá nos seus quintais íntimos, tons cinzentos...
As tatuagens são disfarces,
A flor despetalada por um mal me quer,
As borboletas estraçalhadas por escorpiões,
Um pedido silente de socorro
E de carinho nas suas faces, nas rugas,
Que se acentuaram com suas angústias e seus medos;
Às vezes se abraçam quando só procuram um refúgio,
Gritam quando só precisam de um sussurro,
E fogem na louca tentativa de escapar
Da necessidade incompreendida de serem amadas...

Sapo
Quando o meteoro riscou o universo
O sapo e o inseto se olhavam fixamente
Foi de repente
A língua do batráquio engoliu capricórnio...
Mimi sorriu pra mim meio displicente
E num bocejo o mosquito invadiu seu coração
a emoção que eu tinha
Morreu com sua tosse
Não tomei posse
calei meu grito
no infinito catei constelação.
No coaxar do sapo tem a história do universo,
Na sua língua morre o inseto
E o meteoro que viaja na imensidão,
Reluz tal qual estrelas a satisfazer desejos...

Se de vez em quando o mundo se acabasse..

Um homem não é só uma impressão digital...

HOMEM

um homem não é só um homem
por ser um homem só...
pode ser um homem só,
pode não ter ontem, pode não ter tempo,
mas pode ter o amanhã, a manhã e o vento...
um homem não é pobre por nada ter,
não é vazio por ser pobre,
é pobre por ser vazio,
um homem não é só um homem
por ser um homem só ,
um homem não é rico pelo que possui,
por que pode possuir castelo
e não ter um lar,
pode possuir moto e não ter movimento,
pode possuir avião
e não ter espaço,
pode possuir passo e não ter sentido,
um homem tem que plantar e colher,
tem que escrever e ler,
tem que amar e fazer filhos...
tem que saber seu nome,
um homem não é só uma impressão digital,
um homem,
impressiona por saber,
e impressiona mais ainda por saber saber...

A ROSA
o amor é vermelho, azul, amarelo,
é um elo com a dor
que quanto mais dói,
mais te leva ao paraíso,
o amor é verde e se perde no olhar,
no andar, no habitar de estrelas
que pontilham o caminho de querer amar...
o amor é rosa, é a rosa do jardim
é a Rosa vestida de rosa-choque,
o amor é a manga rosa na sua boca,
é a cereja do seu batom,
que se perde na laranja
pingando em seu colo
que esconde os mamões
sob sua blusa...

Mais verde que a esmeralda é o olhar de jade…
Quando a tarde vem é verde oliva
Quando a noite já chegou é verde musgo
Quando chega o trem pela manhã é esperança
É um trem de abstração, paixão que arrasta um trem
Esverdeando bem alem, dos pinhais
Silenciosa como um trem acordando as manadas
Afugentando a passarada
Mais verde que a esmeralda é o olhar de jade
Mais tarde minhalma se perde
Verde como a vegetação no verde oliva
Que sobe as montanhas no olhar de Jade...

Meu cavalo de prata
minhas esporas de ouro
fustigango o seu dorso
nessa lua opala
a gravidade engravida a vida
a diva dessa insanidade
minha paixã0,
o meu cavalo de ouro
minha espora de prata
mulata galopa no meu coração
eu quero entender o cavalgar
na ilusão lunar da minha solidão

O que seria da paixão sem a loucura...?

Na caatinga, rimas de despedidas
feridas abertas
É minha sina
Penso que sou poeta...

Por elas o sol se põe...

ADOLESCENDO
A menina de vestido estampado
Saltava na calçada como se pulasse estrelas,
Apontava o firmamento como se pudesse tê-las
E a saia se erguia, mostrando a intimidade
Dos seus quinze anos...
Danos em mim,
Amarelinhas nunca mexeu comigo assim...
Porque as alças também lhe caiam
Mostrando a adolescência adolescendo nos seus seios...
A menina de vestido estampado
Saltava na calçada como se pulasse estrelas
Apontava o firmamento como se pudesse tê-las...
E ela podia...

POR ELAS
Por elas o sol se põe espetacularmente, dourando o horizonte, bronzeando as nuvens, mas seus olhares melancólicos não abandonam suas faces. Elas precisam saber o que é felicidade, elas precisam saber o que é sonhar; elas precisam saber o que é o bem e o mal; o que é ruim e o que é bom. Por elas o mar se revolta e se acalma; por elas chove e faz sol e o arco-iris surge sublime, divino, cheio de cores. Deus apaixonado fez as flores, os pássaros e as cachoeiras, inventou a noite cheia de estrelas e de luzes; mas seus olhares melancólicos... elas são felizes e não sabem, são irresistíveis e não percebem, são donas de tudo e negligenciam... por elas o sol nasce pela manhã, num milagre único que jamais se repetirá da mesma forma, e a brisa sopra nas suas peles de cetim, acariciando seus cabelos e lhes fazendo lacrimejar, mas no final da tarde, alheias ao crepúsculo e às promessas de uma noite, elas se pintam, se vestem, e se adereçam para uma batalha em busca da felicidade que está ali ao comando de suas vozes, alcance de suas mãos, mas elas não percebem e vão em busca da paixão...

VINTE ANOS DE MENTE
Mas se não for eu,
seja feliz assim mesmo
nem tudo é completo...
completo vinte anos
no ano que vem ,
vinte anos de mente, de mentalidade...
e se essa cidade fosse minha,
galerias de jóias seriam suas,
seriam suas as sorvceterias...
meu maior prazer é tua alegria ,
é o teu prazer,
mas se não for eu,
seja feliz assim mesmo,
nem todo amor
tem o mesmo tamanho
o mel dos meus olhos castanhos
aliviam a dor,
meu coração tem o suporte
para qualquer adeus,
mas se não for eu
será alguém com muita sorte
seja feliz do seu jeito..
nem tudo é perfeito guarde
no peito a lembrança
do que é ser criança.
E se a esperança ainda arde,
se a paixão te consome
aguarde, tenho todo amor
pra matar essa fome...

AUSÊNCIA

Prismas diferentes dão tonalidades diferentes às verdades da vida. Ás vezes sob o cajueiro centenário, que se espalha no fundo do quintal, fico a observar o firmamento; acho que é uma forma romântica de preencher ausências; é um ângulo que de certa forma me protege de mim mesmo. Cada estrela dessas é uma ausência e sob o cajueiro eu sou um prisma perdido que seus galhos camuflam, e a angústia de ser só é de alguma forma sacudida; e os meteoros que viajam cambiantes eu chamo de estrelas cadentes e faço um desejo. O cajueiro já me conhece, e conhece todos os meus desejos; conheceu a minha primeira namorada e seus gemidos; bem perto de sua raiz enterrei demônios: cajuzinhos em oferenda para o Deus das estrelas; acreditava que assim as namoradas voltavam; mas no meio da noite sempre tinha pesadelos com seus galhos me apertando; acordava de madrugada, corria pra janela e observava o cajueiro sacudido pelo vento litoral; parecia comemorar alguma coisa; talvez a minha ausência, até que de trás de seu tronco iam surgndo as namoradas, que leves como algodão, eram carregadas pelo vento ou arremessadas pelos seus galhos em direção a abóboda celeste. Cada estrela dessas é uma ausência, mas o cajueiro floresce com a neblina primaveril numa promessa fiel e infalível de frutificar e acolher agruras e angústias de qualquer ausência.

Se eu soubesse chover
não me molharia tanto...

Faço malabares com as estrelas
tenho meia dúzia de planetas na gaveta
já viajei na calda do cometa
e lapido diamantes que já foram meteoros...

Vá,
deixe pra trás todos os momentos que passamos,
deixe pra trás todas as lutas que vivemos,
deixe pra trás tudo ao que nos aventuramos,
deixe pra trás meu coração amargurado,
deixe pra trás esta paixão,
não vale apena não...
o amor renasce com olhares e sorrisos
tão fácil e vulgar como as borboletas
de flor em flor em qualquer jardim...
esqueça que um dia fomos dois,
que numa igreja um dia nos jogaram arroz...
esqueça a saudade que sentiremos,
as lembranças que teremos,
desejos a nos consumir...
vá ser feliz
mesmo que só dure uma semana...

O amor tem efeitos colaterais