Coleção pessoal de silvano_eising
Não há nome pra isso
Tem coisa que não se escreve,
mas insiste em nascer letra.
Um silêncio que sangra alto
no canto de cada espera.
É a sede que não se mata,
mesmo afogando na fonte.
É saudade antes da hora,
é o sol quebrando a ponte.
Tem amor que vem sem rosto,
mas deixa marcas na pele.
Feito vento que atravessa
sem pedir, sem dizer: "segue."
É o erro que a gente escolhe
mesmo sabendo o final.
É o abismo tão bonito
que faz a queda ser banal.
Não tem nome o que nos move.
É mais rugido que fala.
É o que pulsa entre os olhos
quando a palavra se cala.
Sementes da Gratidão
Acordo e sinto o vento,
o cheiro da terra molhada,
o calor do sol na pele,
e percebo — sou parte do milagre.
Grato pelos passos que me trouxeram,
pelas quedas que me ensinaram,
pelos olhos que cruzaram meu caminho
e acenderam luz quando tudo era sombra.
A vida não me deve nada,
e, ainda assim, me entrega tudo.
Em cada abraço, em cada sorriso,
existe um universo inteiro dizendo:
“Você não está só.”
Grato pelas manhãs que começam,
pelos desafios que me moldam,
pelos silêncios que me fazem ouvir
o que o mundo, às vezes, esquece de dizer.
Carrego no peito uma prece muda,
uma canção sem som,
mas cheia de sentido:
“Obrigado, vida.”
Sou Caminho
Sou feito de passos, de sonhos e de espera,
De pedras no chão e de esperança sincera.
Carrego nas mãos as marcas do que vivi,
E nos olhos, o brilho do que ainda está por vir.
O tempo me ensina, sem nunca ter pressa,
Que a vida é mais leve quando a alma se aquieta.
Que não há dor que não vire aprendizado,
Nem queda que não tenha um recomeço guardado.
Às vezes sou vento, às vezes sou chão,
Às vezes silêncio, às vezes canção.
Mas sigo em frente, inteiro, apesar da dor,
Feito ponte, feito estrada, feito amor.
E se o mundo pesar, que eu não perca a fé,
Que eu floresça, mesmo sendo só um grão de pé.
Porque viver é lutar, é cair, é sonhar,
É ser raiz, mas também se permitir voar.
