Coleção pessoal de rosaborges

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De tudo somos possuídos:
coisas, pessoas e idéias.
Mas só a morte nos possui de vez.

Um dia, volveremos ao infinito.
Onde estaremos? E o que seremos?
O nada do infinito não responde,
pois não há ninguém para escutar.

O esquecimento é maior que a morte,
porque termina o que a morte começou.

Não há explicação para a alegria,
nem nos interessa explicá-la.
Porém, a doença, o sofrimento,
a velhice e a morte inevitável
nos fazem pensar que a vida
tem alguma explicação.

Tudo não pára de viver,
tudo não pára de morrer.
Eis a imortalidade!

Nem o ácido do tempo
dissolve a dura saudade
em que o amor se tornou.

O tempo nem sempre apaga
as nódoas do já vivido,
principalmente o sofrido
e as fundas marcas do amado.

Não existe sedativo
para uma dor cultivada
que não morreu quando devia.

O tempo é a eternidade
que se perdeu de si mesma.

O presente nunca é puro:
há sempre as nódoas do passado.

Onde o sonho não é possível,
começa o território do vazio,
o oco do ser, o chão do nada,
a despercepção e a desmemória.

A consciência sustenta
o corpo, o tempo e o espaço.
O que sustenta a consciência?

Pensar além das galáxias
e das fronteiras atômicas,
é o nosso único modo
de ser também infinito.

Saudade há que dura um corpo:
é chaga para toda a vida.
Sangra quando lembrada
e nunca mais cicatriza.

Além de átomos e células, somos feitos de palavras.
Porém, além das palavras, o Reino do inexprimível.
As palavras nada são além de grafia e som em obscura semântica.
Os idiomas são feudos.
Além da palavra, o abismo silencioso do Nada.
A sabedoria é ágrafa.
Entre as palavras e os fatos, o vácuo da incompreensão.

Fatos se tornam sonhos
e sonhos se tornam fatos.

Qual deles é o real?

O fato que já passou?
O sonho que ainda é sonho?

Quem procura sempre agradar, esquece de se agradar.

Apegar-se ao conhecimento é o mesmo que se apegar às coisas.
Todo apego, seja de que natureza for, é uma prisão.
Quem não é livre do que sabe, não pode aprender sempre.
Sábio não é aquele que se imobiliza no seu vasto saber, mas aquele que é capaz de renunciar a tudo o que sabe para saber mais.

Os mistérios são alucinógenos.
A mística é a embriaguês
de quem provou o infinito.

Um vazio pulsante é o que somos,
vivendo na ilusão da solidez.
Matéria são vazios que colidem.
As formas são momentos do vazio.
Tudo é mudança.
Mas, o que dirige
a universal mudança do vazio?