Coleção pessoal de rosaborges

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Deus não tem face.
Ele é a face
de todas as coisas.

Os teólogos são os
ficcionistas de Deus.
São exímios contadores
de histórias,
que acreditam
serem verdadeiras.

Máscaras de Deus, só existimos,
enquanto Deus em nós se representa.

O Bem e o Mal são condições do palco
e cessam ao término do espetáculo.

O pecado é pensar que existimos
nos papéis que nos foram destinados.

No pior vilão, no excelso herói,
o mesmo Deus se exalta como ator.

Um inimigo visível pode ser vigiado.
Um inimigo invisível nos vigia.

Santificaram a pobreza.
Mas muitos pobres preferem
a riqueza à santidade.
Satanizaram a riqueza.
Mas os ricos não se importam
se sua riqueza é satânica.

Um dia, ficamos adultos
e os nossos brinquedos mudaram.
Ninguém pode viver sem seus brinquedos.

Outrora, essa rua era
um enorme e denso silêncio.
Muitas árvores. Poucas pessoas.
Porém, o rio do barulho urbano
invadiu a rua e as casas.
E o silêncio se foi na correnteza
para nunca mais ser escutado.

O elogio é um sedativo,
ou um estimulante.
De qualquer jeito vicia.

Ninguém deixa de amar:
o amor é que muda de objeto.

Já disseram que somos deuses.
O que é ser um deus?
Nem mesmo sequer sabemos
o que é ser humano!

Aprendemos a morrer
quando o dormir é profundo
e não há sonhos lembrados.
Na insônia, a vida resiste.

Dói pensar no infinito.
Dói pensar na eternidade.
Masoquismo cognitivo,
obsessão incurável,
que o tempo não alivia
e só na morte se acaba.

A felicidade não se guarda:
é para consumo imediato.

Eu só serei definitivo
quando morrer.

O máximo de liberdade
ocorre na solidão.
A liberdade menor
é partilhada com os outros.
Mas, sem eles, de que serve
a máxima liberdade
estéril da solidão?

O passado cresce como musgo
nas paredes do presente,
até que não haja paredes
livres para o presente.
Até que não haja presente
e nem existam paredes.

O passado tem muitas portas
e, nele, nos perdemos muitas vezes,
sem encontrar a porta do presente.

O espaço do passado
cresce a cada instante
pelos aluviões do presente;
Mas o espaço do presente
é sempre o mesmo.

O vento sabe todos os caminhos,
mas não deixa seus rastros nas areias.

Quem morre, não sonha mais:
agora é sonho dos outros.