Coleção pessoal de rosabergcine

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Que bom que ainda existem pessoas românticas neste mundo de coisas descartáveis.

Observo que muita gente têm fé por medo e não por acreditar de verdade em Deus.

Não nego que gostaria de, muitas vezes, estar em outro lugar e de ter nas mãos um controle remoto para voltar no mesmo canal. Porém, estar no mesmo lugar é enfadonho e no canal, o programa já é outro.

A placa "PARE", quando é para vida, assusta.

Adoro cabeças cheias de minhocas.
Minhocas criativas fazem desse mundo um lugar mais agradável.

O que são erros?
Depende do tempo em que eles acontecem.
Ontem eles podem ter sido.
Hoje, talvez não mais.

Mudaram-se os ventos
as formas
os dias.
Mudou o tempo,
o sonho,
a palavra,
a poesia.
Esmaeceu-se na alma
a alegria
a beleza,
a euforia.
Perderam-se nas horas
as certezas,
as vontades,
a sintonia.
Ficou o cheiro - no apelo da saudade
e lembranças perpetuadas
num álbum de fotografias.

DESABAFO

Sentimentos mornos,
alma gelada.

Brisa lavando, no rosto,
o passado quase apagado.

Distâncias internas
sem rumo, sem pernas.

Pele sem perfume,
poros sem arrepios.

Choro sem vela.
Vazio profundo.

De sobra, apenas o olhar
em busca de conexão com o mundo

O SONHO

Sonhei que
do mar selvagem
eu sorvia
o sal das lágrimas minhas
e, no amanhecer,
o calor do sol
minha saudade
derretia.
Ao acordar,
percebi
minh’alma
inteiramente
vazia

INVEJO OS LOUCOS

Invejo os loucos, bichos soltos sem amarras, aves libertas na imensidão

Invejo as estratégias e táticas dos loucos em seus discursos confusos.

Invejo as verdades difusas e utópicas dos loucos e suas realidades plásticas.

Invejo a segurança da manifestação das emoções primárias dos loucos.

Invejo a ausência de autocensura dos loucos, ao se despirem dos sentimentos dolorosos.

Invejo a autenticidade dos loucos e suas loucas e instigantes revelações.

Invejo a essência da loucura dos loucos, companheira fiel até que a sanidade os separe.

Invejo os loucos, simplesmente, porque os loucos não sofrem de solidão.

E N T R E G A

Curvo-me
ao solo dos sentimentos sem rimas,
ao arco-íris desfeito na alma vazia.
Sem festa e sem dor, sem tristeza, sem amor,
e sem gritos de guerra
ofereço à vida uma solitária flor
sem perfume...
sem cor

INSANIDADE

Eu ando por aí contando os passos,
contando as horas,
rezando o terço,
tecendo a vida sem endereço,
pagando o preço dos meus tropeços,
buscando a sorte depois da morte
para um novo recomeço.

Eu ando por aí contando estrelas,
soprando vento das minhas janelas,
cantando músicas que desconheço,
desenhando sombras com a luz de velas,
buscando abraços para os meus braços.
Minha alma está em alvoroço
porque a saudade ocupa todo o espaço
e, ainda por cima, dói doída no osso.

Perdi a senha da felicidade.
Perdi o rumo das minhas vontades.
Perdi a calma da neutralidade.
Perdi de mim, as minhas metades.
Insanidade será meu fim?
Fragilidades não me pertencem,
e delas, juro, não serei refém.
Sou ave branda que voa nas aragens.
Sou ave brava que enfrenta tempestades.
Sou um ser errático, lunático, dramático.
E se não sou fantástico, e não sou poeta,
a poesia é a culpada por eu ser assim

Homenagem a uma pessoa amada, com suspeita do mal de Alzheimer

EU NÃO QUERIA ME SENTIR ASSIM


Eu não queria me sentir assim,
mas a vida as vezes me decepciona
e eu não consigo controlar
as lágrimas que lavam o meu rosto,
por uma tristeza que chega
de mansinho e bem devagar

Eu não queria me sentir assim
com a voz presa na garganta,
sem conseguir pronunciar uma palavra,
quando te olho ali na minha frente
e sei que tu não mais estas.

Eu não queria me sentir assim,
ao ver-te pisando no vazio
do silencio de tua alma, agora triste.
Olho nos teus olhos e não te vejo.
Não és mais tu, ali na minha frente

Eu não queria me sentir assim,
quando, numa busca insana, te procuro
na escuridão de teus esconderijos
e sei que nem mesmo tu consegues te encontrar

Eu não queria me sentir assim
ante a minha impotência de poder te ajudar,
sabendo que o caminho por onde andas
não tem volta e cada vez mais, distante estarás

Eu não queria me sentir assim
frente a angustia de saber-te quase inerte,
vivendo num mundo onde eu não posso entrar.
E tu, ali na minha frente, não mais estás.

Eu não queria me sentir assim
carregando essa saudade antecipada,
de tua ausência presente em minha estrada
quando você já não reclama mais de nada

Eu não queria me sentir assim

ANDEI POR AÍ

Andei perdida caminhando por atalhos,
enfiada, que nem um gato, num balaio,
buscando as melhores partes de mim
Para, enfim, costurar pedaço por pedaço de meus retalhos.

Andei sumida na fumaça dos meus dias,
protegendo-me do calor de meus raios de sol incandescentes,
banhando nas cachoeiras frias de minha energia,
todas as incertezas, as minhas tristezas e uma certa melancolia.

Andei, por aí, hibernando nas tocas de meu inconsciente,
às vezes inteira e às vezes quase morta,
mastigando, entre os dentes, pedaços de saudade.
Buscava força e luz no fim do túnel
para ter coragem e força de seguir em frente.

Apenas um Canto


Um canto,
No meu canto,
Encanta o meu silêncio.
Fazendo o meu dia raiar,
Fazendo a minha vida vencer
O medo da morte,
O medo da sorte,
O medo, o medo, o medo, o medo.....o medo................o medo.

CADÊNCIA DE UMA SAUDADE

Na cadência do bem querer,
a saudade marca passos,
delimita espaços,
do meu eu sem você.
O silêncio faz, num corte,
sangrar a ausência até a morte.
Mas meus Deuses caminham comigo,
carregando nas mãos meu coração mendigo
fazendo-me companhia num caminho sem sentido.

Na cadência do bem querer,
a distância é uma harpa ao som do vento,
perdida no vazio das palavras ante ao sentimento,
quando emudeceram todos os pensamentos.
A loucura profana ofega no horizonte
uma pesada solidão, que simbilante
engole a lua como um acalento estonteante
para afastar os lampejos de medo da alma profana,
retorcida de uma saudade pungente, diante do momento

O SOM DOS TAMBORES DE ALÊ ESPINOLA


Sem rotas,
sem mapas,
sem portas,
sem passes.
Cem passos
os gritos torpedos,
os sentimentos sem rumo,
as dores.
Com-passos,
o desespero,
os arranhões,
a vermelhidão.
os vergões nas frestas
das feridas abertas,
na alma rasgada.
Soluços de medo cortando a escuridão.
Anseios
Vertigens
Náuseas
Convulsões
Coragem em contrações parindo o urro
da mulher forte
gestados em interrogações

ALMA ERRANTE

Vai-se o tempo,
vão-se as horas,
vai alma bebada embora.
Voa alma,
voa sentimentos,
voa loucuras e tempestades de agora.
São torpedos os passos da alma.
São triste os tempos e as lembranças de outrora.
São incompreensíveis as saudades perdidas.
São dores as lembranças sentidas.
Não faz mal se não exitem palavras.
Se inexistem respostas
para minhas perguntas tortas.
Nem sei mais o que sei,
o que fui,
o que foi
o que sou,
no que se fizeram as nossas almas,
da importância da vida,
da importância da história escrita em nossas vidas.
Só sei da sua importância pra mim.
Da sua falta na minha alma
Do vazio dos meus dias.
Mas não me importa.
Preciso aceitar a derrota.
Preciso mudar a rota
Preciso voltar a viver

AMOR ADORMECIDO


Aos poucos,
o amor que ardia,
já não arde.


Sonolento,
o sonho acorda,
desmemoriado.


Embaçado,
na memória,
seu rosto pálido.


Lembranças,
agora,
são apenas fotografias.

PENUMBRA

Contemplo
o breu incompleto,
da luz seduzindo teto,
sombras.

Movimentos reflexos
completos,
da luz acesa no teto,
sombras

Luz em riscos de giz
desenhando certo,
no teto,
sombras.

Luz incompleta no teto.
Sombras em movimento.
Penumbra
Eu, meus pensamentos e meus complexos.