Coleção pessoal de rosabergcine

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Nossos sentimentos são só nossos e nunca ninguém vai saber o tamanho da dor que dói em você e nem do tamanho da alegria que lhe enche de prazer. Também ninguém nunca saberá o quanto qualquer coisa representa para você.

Na estrada da vida, não existe trilha, cada um segue a sua. Nem mesmo os que estão ao nosso lado conseguem caminhar no mesmo caminho.
A vida é um caminho, literalmente, do eu sozinho.

O que restou de nós? Entre nós restou aquele velho silêncio, aquela velha distância e aquela velha saudade.

A VIDA EM DOBRADURAS


1.

Embrulho em papel miúdo
o que perdura:
lembranças plurais
momentos únicos.

2.

O sol me sustenta
mastigo as horas do dia
a noite me engole
em pensamentos.
Escrevo poesia.

3.

Moras em minhas rasuras
sem vestes
sem censura
o gosto de sua língua
já não é mais vontade
é fissura

4.

Do meu outro lado meu
calado
meu pecado

5.

Em meus pés
a bola
e o chute
pra fora!

6.

Se xingo
é porque a palavra é solta
pela farpa
espetada
a tapa

O óbvio é sem graça
O óbvio não tem charme
O óbvio não surprende
O óbvio não empolga
O óbvio não dá a possibilidade da incerteza
O óbvio não incendeia
O óbvio não é verde
não é virgem
é vermelho
é maduro
não é sagrado
nem bêbado
nem salgado
Entretanto, fica obvio
que eu queria
ver-te.

A VIDA EM DOBRADURAS 2

O dia
vira noite;
a noite
vira dia
e eu
me viro
como posso.

8.

Não habite
em meu sono,
preciso dormir
em paz


9.

Neuroses e esquisitisses
perambulam
pelas lacunas existenciais
sem testemunhas.

10.

Em dados momentos,
até Deus duvida de mim
Quem sou eu
para não duvidar.

11.

Entre o se e o não
não faço escolha.
Corro na contramão
só para depois marcar
o xis

12.

O escuro é puro
o medo não
O medo mora
no escuro.
Na escuridão,
calafrios,
palpitação
suores na mão.
Ela , no escuro,
chora
solidão acompanhada.

13.

Desbota
a blusa no varal exposta
ao sol
Também desbotam
as cores de algumas fotografias
e até algumas palavras desbotam
Ao anoitecer,
desbota o dia.

FARPAS

Passeio pelos meus perigos. Perdi o juízo. Doeu-me o siso. Invalidei o certo. A fortaleza quebrou-se. Esfacelou-se. A ilusão mutiplicou-se em migalhas. Esmigalhou-se. Veracidades derramaram-se pelo chão, imersas nos fragmentos das sobras das personagens desconectas. É muita gente ardendo dentro de mim. E eu, uma só. Inúmeras caricaturas. Excesso de criaturas. Todas efervescentes.Indigentes. Suplicantes. Todas sufocantes. Todas fora do tom. Todas passionais. Todas raras. Todas no espelho. Todas à minha cara. Todas me são caras. Todas caras. Todas minhas.

DIETA LITERÁRIA

Compro livros.
Livros têm palavras.
COMO palavras.
Palavras são comidas.
Livro - refeição.

INQUIETAÇÃO

É madrugada.
O silêncio não me deixa dormir.
Palavras me acordam.
Palavras choram.
Palavras queimam de febre
em minhas mãos.

ENTRE MINHAS ASPAS


O silêncio
escala entre minhas aspas.
No meu eu,
embala o desconforto itálico
das vozes interiores
que não se calam em mim.
Na frequencia, sem sequencia,
das emoções
o que sou e o que quero se confundem.
E assim, muitas vezes,
nesse meu interno labirinto,
o silêncio é, por certo,
um grito do que sinto.

O ANÔNIMO
Finjo que não sou eu, porque tenho medo de mim.

FUGA

Sentimentos livres
Dentro dos livros
Em cima de trovas
Embrulhados em poemas
Sem escolha de temas.

Palavras nos espaços
Torturas torturam
Lembranças lambem beiços
Corpo conspira
Hora da fuga
Alma de asas
Coração decola

POEMA MACABRO


A morte é
cáustica,
claustro,
fóbica.

É claustro e fóbica.
Singularmente,claustrofóbica.

A morte é silêncio
O silêncio é ouro
O ouro é pó
O pó é ético

A morte é
silêncio,
ouro
pó e ética. ´

Causticamente, poética!

PARINDO A DOR

TÁ TUDO DOENDO
O dia
As horas
A vida
TÁ TUDO
A ausência
A saudade
O ócio
A música do rádio
TUDO DOENDO
O silencio
O trovão
O poema
O barulho do salto do sapato
O perfume
DOENDO
A lágrima
A culpa
A desculpa
A maçaneta quebrada
A opinião
TUDO
O cabelo molhado
A cara lavada
A alma extraviada
A fala entre os dentes

A falta de limite
A invasão
A voz estridente
A opinião
DOENDO
A comida sem sal
O suco sem açúcar
A leitura do jornal
TÁ TUDO DOENDO
Doendo tá tudo
Doendo tá
Tudo doendo
Tudo tá.

TROCA OPORTUNA

Cansei de medir distâncias, agora só peso saudades!

CONTRADIÇÃO TEMPORAL

O relógio é contraditório.
Quando estamos impacientes - tem minutos demais.
Quando temos coisas pra fazer - horas de menos.

COLISÃO

De repente...
tudo se rebela.
O tom da voz.
O canto grave.
A tinta da aquarela.
O frio do estribilho.
O som da pausa.
O fio da navalha.

No meio do corte...
palavras cirúrgias.
O veneno.
O antídoto.
As “palavras sujas”,
na saliva salgada,
que escorrem e ardem
pela boca ensanguentada.

Cansei de medir distâncias, agora só peso saudades.

Tristeza é uma Alegria queimada no forno da vida.

ADVERSIDADE É HORIZONTE

A adversidade é um horizonte ofuscante, mas nem por isso podemos nos permitir ficarmos cegos por conveniência, não podemos nos esvaziar das sobras da esperança, pois ela é a chancela indispensável para continuarmos fortes e irmos em frente.