Coleção pessoal de RobinS25

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⁠Prefácio dos Deuses

A dama nívea, sob umbra prece, ora.
Um cântico aos velhos Deuses
Sob o seu pranto, o legado umbra aflora,
com um apetite que não sacia
Consumida em pecado de outrora.

Da antiga profecia, eis a proa
O antigo Deus há de tomar forma
Da mácula de alvor que ecoa,
A vergonha de sua graça esquiva.
Ecoa das ruínas em língua arcaicozoa.

A seu reino a noite sempiterna ativa,
sob o véu de breu que tudo cobre.
Um ancestral tornar-se-á carne viva,
com cheiro acre de terra e sangue pobre.

A dama nívea, sob umbra prece, ora.
Cantiga dos Deuses celestiais.
No seu pranto, o legado umbra aflora,
Qual trevas no âmago dos olhos,
Torna turva a vista, qual névoa que devora.

Tal negror de seus olhos caíra,
Que lhe maculam o vestido alvíssimo.
A profecia dos Deuses já se cumprira.
Sob sua formosura, destoa o desespero.
O eco dos antigos hinos ressurgira.

Ainda que finde por amor infame,
um laço de dor e volúpia impura.
Ungirá com prece o berço do infante,
sob a névoa fria que perdura.

Embora as sombras o mundo sele,
Lavar-lhe a alma em sangue e culpa
Saudando o ser das rúnicas delecele. *
Vindo à terra a noite oculta.

Vagando de seu lar, tão apartada,
A dama nívea, jaz sob sangue e pecado.
Sua alma sobre o abismo jaz deitada.
Donzela nívea, sob umbra orando ao lado.

No encanto de seus olhos de cristal,
Ao menos santa sua esperança é alçada.
Cantiga dos Deuses de outrora, afinal.
Em seu último pranto, a escuridão selada.

⁠Canção do Bardo - O Paladino e o Reino do Norte I-XIV

Sou um cavaleiro negro andante
Por trevas, vales e tormenta forte.
Um Paladino, buscando adiante,
O Reino florido, o vale do norte.

Jazo exausto e oscilante,
Deito-me aos braços desta sorte.
Rompo o encanto — paladino errante,
Sob névoa, tenho visto a morte.

Eis-me aqui, presente,
Sob dia e noite, viajante.
Sigo firme e persistente,
Até alçar meu fado distante.

⁠Planeta Parla(mente)

No planeta parlamento,
de reunião (quase) todo dia:
debates sem sentido,
e o senso... virou folia.

Presidentes fazem selfie,
enquanto o povo nem protesta.
Gritam, a paz que se fie,
mas compram bomba na festa.

Tem ditador de gravata,
e palhaço sem graça.
Muita promessa e bravata,
mas vendem até a praça.

Na cúpula dos planetas,
enquanto a ONU serve café...
Quem manda são os patetas,
sentados no banco, em ré.

A Terra gira cansada,
com os ricos no controle,
um circo sem risada,
mas o importante é o rolê.

Apertos de mãos na telinha,
nos bastidores, facada.
A verdade nas entrelinhas...
É que não passa de cilada.

Na novela bucolista,
o pobre no sofá da sala.
A verdade dá entrevista...
Mas cortam antes da fala.

Política e o teatro amiúde,
com mil atos, sem roteiro.
No fim, quem sempre aplaude
é o povo... no desespero.

⁠A Política

...onde a palavra é moeda falsa, e o povo, o troco esquecido.

⁠Silente

A fala é tempestade e o escutar, um jardim esquecido — onde floresce a ausência do sentido.

⁠Epílogo (uníssono)
Do café só restam marcas
nas bordas de um coração,
duas bocas sem coragem,
dois desejos sem razão.
Mas quem cruza o mesmo sonho
já conhece a direção...

Epílogo – Poema: Depois do Café da Manhã

⁠Café da Manhã — Ela

1. — Chegada
chuva
forte
fria
molha
minha
alma

⁠Café da Manhã — Ela

2. — Instante
café
quente
mãos
tremem
porta
abre

⁠Café da Manhã — Ela

3. — Susto
um
susto
busca
o
olhar
transido

⁠Café da Manhã — Ela

4. — Presença
ali
suspenso
no
ar
um
estranho

⁠Café da Manhã — Ela

5. — Perfume
aroma
sutil
inusitado
invade
minhas
memórias

⁠Café da Manhã — Ela

6. — Olhares
olhares
tocam-se
sem
palavras
tempo
para

⁠Café da Manhã — Ela

7. — Sorriso
hesito
escondo-me
na
boca
curva
calada

⁠Café da Manhã — Ela

8. — Mente
vagueia
em
mil
palavras
não
ditas

⁠Café da Manhã — Ela

9. — Voz
um
"oi"
quebrado
flutua
tímido
incerto

⁠Café da Manhã — Ela

10. — Coração
coração
vivo
pulsa
assustado
esperando
resposta

⁠Café da Manhã — Ele

1. — Entrada
ele
entra
entre
um
sorriso
discreto

⁠Café da Manhã — Ele

2. — Olhares
xícara
vapor
olhar
perscruta
lento
desejo

⁠Café da Manhã — Ele

3. — Inusitado
leve
brisa
esparsa
aroma
pela
porta

⁠⁠Café da Manhã — Ele

4. — Atmosfera
ele
respira
o
ar
de
ela