Coleção pessoal de paulinopris

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⁠a íris é terreno acidentado.

(⁠Deus)

nesta palavra está contido: eu
não porque lhe atribuo vida, sentido ou permanência,
mas porque dEle derivo, nEle existo
e Ele, comedido, a valer-se do eu-criatura
se diz D-eu-s;
então familiarizado posso compreender
de Deus o que há do eu.
sem me manter despercebido de que
nEle há mais do que eu.

⁠creio
porque Ele é
independente de mim;
a fé não assiste em função da minha existência,
dos meus quereres,
de onde eu vim,
dos caminhos aonde trilhei,
a mim foi dada
por Ele e para Ele:
dádiva
e eu eterno devedor – desta porção da graça.

(supra racional).

altero a palavra para ⁠definir o som num espaço vazio: absurdo e não eco.

(conhecimento de causa).

⁠poesia é o jeito que as palavras encontram de se organizar para comunicar aos nossos sentimentos: – eu te entendo.

(acomodação linguística).

lê-se: não viva do passado.
ouve-se: – vivamos de futuro!
alguém pergunta: – como fazemos isso?
a quem é dito: – vivendo no presente.

(dia-logos).

⁠é sobre a vida.
a submergir as vivências...
vivaz! conviva, quotidiano.
é vivificada.
... convivência.

(vixit bula).

⁠alguns no céu,
outros no purgatório e
uns no inferno;
ninguém em terra.

(a sapiens comédia)

⁠usa-se o nome de Deus,
exclui-se Deus,
endeusa-se,
a humanidade matou Deus,
prazer, adeus,
Deus é tudo, portanto, tudo é Deus,
Deus sendo nulo: sido zero: era um: foi dois: fora três: é quatro: seja cinco: fosse seis: quando for sete: será oito: se(r) nove e seria dez e
deus.
e assim, para alguns, Deus permanece questionado e fora do seu devido lugar.

(a poética das cosmovisões).

existem o bem e o mal
Deus existe e
eu existo.

Deus é sempre bem, indubitavelmente e
eu sou mal, demasiado mal.

(raciocínio dedutivo).

⁠os momentos não exigem variantes de mim
é preciso instar
me é exigido que derive
assim tanjo o plano do agora
segundo as ordenadas:
do que tenho e
do que sou,
tal qual na matemática.

(matematiquês ii).

⁠não tomo partido,
que parte por conveniência ou complacência,
tomo postura não póstuma –
e este registro se faz proposital, deixo, portanto, anotado –
isto posto...
... também prostro-me diante da Parte que postulou o todo.

(sem lados, o mundo é uma esfera).

⁠vejo silêncios,
sinto o vazio...
... corpos inteiros.
não vejo o que contemplam,
não ouço o que se dizem,
não posso:
são alguns de seus sentimentos.
comunico a mim e assim posso compreender, em partes, o tanto que existe neste tempo.

(muito obrigada).

⁠imparável? (em discordância)
insaciável:
o desejo de vingança,
o raquítico consolo,
a vaga amizade,
– inteligível – e
as palavras jogadas por todos e para todos os lados...
... maçante.
interminável:
cair máscaras?
ruir vidas?
um ponto final.

adultos brincam
brincam de ser deuses
observam, refutam, condicionam e limitam
para atribuir sentido.

e é aí que a falibilidade de sua brincadeira reside
se fossem, de fato, deuses
não precisariam de aplicar sentido às circunstâncias, objeto-alvo e agentes

o sentido está em quem faz todas as coisas
a quem: circunstâncias, objeto-alvo e agentes estão sujeitos.

o sentido está no serviço que antes É.

(qual a sua divindade?)⁠

⁠não é tudo sobre sentir: é palavra revelada.
– abaixo os apologetas!
é Jesus Cristo.
– abaixo os puritanos!
– EU!
[vida longa ao rei
morte breve aos súditos].

(coortem a cabeça dele).

⁠ouça o que se vê,
veja o que lhe cheira,
ao cheiro das palavras
fale do que o toca.
(se) faz sentido saber escutar.

(alucinanão)

⁠as palavras me fascinam.
queria poder dize-las todas,
mas, às vezes, se perdem:
imensidões de pensamentos, de vazios e de alguns espaços muito, muito cheios.

(sobre-loquos).

⁠verdade & mentira; verossimilhança: a, e, r.

(nem tanto um quanto o outro).

⁠planejo o futuro:
as férias de verão –
traço rotas para caminhos por essa terra de meu Deus.
cálculo minuciosamente os próximos gastos,
aguardo promessas;
o amanhã grita
e eu não sou surda
e ali sussurrarei todo o meu hoje passado.

(sem título, só enredo)