Coleção pessoal de pamelamartini

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Antes o pessimismo racional à esse otimismo espirituoso e relutante. Ser otimista, no final das contas, é uma simples questão de manter sua vida nivelada por baixo.

Alimentar a ignorância é por si só um defeito de caráter gritante, mas esconde-la por trás de qualquer rótulo ou justificativa histórica e social a fim de persuadir e beneficiar-se do desinformado é um crime.

Amores difíceis não nascem para serem superados, nascem pra engrandecer a alma daqueles que optam por assumi-los.

Pra valer a pena é preciso transbordar, se não tu vive confinado ao recipiente, ao lugar comum de todas as coisas comuns, sem jamais descobrir o que realmente te faz diferente.

Se a vontade é sincera, fazer ou não fazer é mero detalhe.

Silênciar não é esquecer. Antes o silêncio que dar aquilo que não tenho, aquilo que ainda está verde dentro de mim. Prefiro calar a ser negligente, pois não concedo espaço para cuidar de meias verdades.

Então desapareço.

Não vou mais desejar o passado, o hoje também tem que valer as saudades do ano que vem.

(...) as pessoas não precisam de razão pra curar a dor. Só consolo. E verdade nunca foi o melhor dos consolos para as pessoas de consciência pequena.

Amor não é onda de rádio que só pega em uma região.
Nem latão pra enferrujar com o tempo.

Uma pessoa pode ser comparada a uma receita. Uma vez que ela estiver pronta, você não poderá mais tirar seus ingredientes, apenas acrescentar alguns elementos que mudem o seu sabor. A essência permanecerá a mesma sempre.

Nunca acreditei na felicidade absorta, morna e calma como água empoçada, na paz interior dos budistas, cheia de desprendimentos e renúncias. Essa idéia de vida sem exageros, sem taquicardia, sem indecisões, me é isípida, e mesmo o vazio sobre a cama deve tragar-me para dentro da consciência conturbada, das lembranças irremediáveis, do prazer inquieto das sensações. A paz vazia de experiências soa mórbida como um cão morto na beira da estrada - sem sinapses. E por outro lado, tudo vai de encontro mortal com a necessidade que tenho de me organizar, de encontrar tempo para escolher prioridades responsáveis, de me tornar essa coisa pobre que é ser adulto...

Não adianta. A vida tem sido tão intensa que sinto a inércia jogar-me pelo pára-brisas, toda vez que ela para... e quando o efeito cessa, eu sofro de abstinência.

Preciso de ajuda.

Não consigo medir o que falo quando sinto muito forte alguma coisa. Não importa se for amor, raiva, ciúmes. Se eu falo é verdade, mesmo que daqui a 15 minutos eu tenha que desmentir tudo. Mesmo que eu meta a cara numa furada de vez em quando.
Meu coração vaza pela boca, e não me permito traí-lo.

Não. Realmente não existe 'a' mulher perfeita, estilo chave-mestra, que se encaixe nas preferências de todos os homens da terra, ou vice-versa. Existe o perfeito particular, o perfeito para um, que não o será para mais ninguém.

Perfeito humano tem que 'ser' humano, antes de qualquer outra coisa - meio tortinho, com seus medos, salpicado de vida aqui e ali.

A verdadeira beleza é aquela que se reconhece de olhos fechados.

Eram pobres para os luxos maiores da vida e sabia que a idade lhes fazia mal. Viviam a si próprios o paraíso da pele, mapeando curvas e vales de espinhas e quadris. Não tinham tempo para o mundo, pois ser os consumia, obrigava-os a fugir da responsabilidade dos sonhos paternos, do subalterno, sofriam o custo de decidirem seus destinos mais de duas, três vezes ao dia. Foram tudo e de todos, juntos. Ela sentia falta do peso exato de seu corpo, da barba por fazer e de quando ele a empurrava contra a parede, tanto quanto os dias em que ele cozinhava de surpresa as mesmas coisas de sempre e fumava na janela do corredor quando estava chateado. O sorriso. A falta era igual. Sentia saudades de fazer de conta que sabia das coisas, de diagnosticar e fazer curativos no dedinho do pé dele, e de como ele realmente acreditava. A casinha de brinquedo onde ele disse tudo antes que o sol nascesse, o colchão velho, as roupas gastas, as cicatrizes. Dinheiro fácil que eles beberam. Foram suas mães, seus amantes, inimigos e traidores. E ela sofria de desgosto quando lembrava de escolher o que relevar, pois estar viva era o que lhe bastava.

(...) mas distância é detalhe para o louco que enfrentou mar turbulento a nado. Que engoliu o medo dos olhos pra proteger certezas pequenas do coração - as únicas. Não lamenta, ela também não, pois sabem que só morre de saudade aquele que a sente sozinho.

Nesse momento meus olhos secam, as pálpebras faltam e tudo pesa dentro de mim, pesa de tal forma que nada sai, nada cria nem emociona. Procuro mexer os pés, olhar para os lados, pensar, sentir, escrever alguma coisa, mas estou vazia, cheia de nada que preste, procurando desesperadamente um meio de me decifrar, de ser finalmente livre da loucura que me inventou, morrer um pouco pra não morrer por completo

Sentimento induzido é a mesma coisa que comer cebola dizendo que tem gosto de chocolate e jurar de pés juntos que tem. No fundo, no fundo, você simplesmente preferiria não ter que comer cebola.

Amo a violência do teu silêncio, deitado sobre mim como se fora ali atirado. Nem o descaso dos teus olhos perdidos em algum canto do teto esconde a violência com que me tratas, quando propositalmente esqueces de mim e terminas o cigarro sozinho.

(...) e junto dele a deixamos mais colorida. De cores que o tempo não oblitera. Aquelas cores que são guardadas na graça da lembrança de quem nos via, de quem fosse capaz de espalha-las com misturas que não eramos capazes de fazer. Aos poucos, a musa decadente, que já havia perdido todos os brilhantes de seus anéis vistosos, ganhava luz nos olhos da noite e na mansidão das tardes de chuva que acolhiam amantes alienados. Era uma graça humilde, que sentenciava a incuráveis saudades por ela.