Coleção pessoal de ninhozargolin
Entre o verbo e o véu há mais vãos do que filosofia e região são capazes de preencher com crenças acolhedoras ou duras racionalidades.
Sem bilhetes de volta, somos convocados para uma viagem sofrível, sobre ponte defeituosa, envernizada pelas tintas do mistério.
Interpretar sentimentos alheios é canção entoada em idioma desconhecido: as harmonias devem ser sentidas.
Há um instante em que a consciência se afasta do eu cotidiano como um satélite silencioso.
Pode-se ver a si mesmo do lado de fora.
E o que se vê não é um corpo —é uma trama de memórias, desejos, perdas e vírgulas mal colocadas.
Não é estar em órbita, mas em colapso lúcido. É olhar para o que foi, para o que escreve, para o que sentiu e tudo parece belo, frágil e profundamente irrelevante — mas ainda assim, digno de ser registrado.
É feito um efeito. Talvez, overview. E é interno.
A melhor forma de questionar(-se) é formular perguntas para ver se a resposta ainda tem coragem de existir.
Estar é um fardo. Ser é sofrimento em estado constante, apesar das alegrias tão embriagantes quanto efêmeras.
Ao sentir a solidão, a andorinha ferida, mesmo sem fazer verão, ensina os filhotes a voar com raiva e ternura.