Coleção pessoal de natxalinha

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Se eu me confirmar e me considerar verdadeira, estarei perdida porque não saberei onde engastar meu novo modo de ser – se eu for adiante nas minhas visões fragmentárias, o mundo inteiro terá que se transformar para eu caber nele.

Estou cansada. Meu cansaço vem muito porque sou uma pessoa extremamente ocupada: tomo conta do mundo.

Mas enquanto eu tiver a mim não estarei só.

Estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi -na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro.

A trama do romance: a corajosa luta pela inserção na vida que não é a de herói, de santo ou de homem, que é a vida anônima, de ser nada e ninguém, coisa neutra, mas núcleo e vida, configurado na espécie animal arcaica, onde todos se unem em plasma de "proteína pura", que, apesar de tantos séculos e de tantos pesos e castigos, ainda resiste, atual.