Coleção pessoal de NandoSonhandor

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Como um jardineiro que prepara o canteiro,
à espera da semente oportuna,
em meu coração resiliente,
faz brotar a mais bela flor de maio,
perdurando por todas as estações da minha vida.

Contemplar o perdido, deixa sem sentido...

Cão guarda, fiel amigo, meu admirador nato,
Adormece vadio no tapete imundo,
Enquanto a vizinhança é silenciada pelo ópio de domingo.
No final, estamos todos estendendo roupas no varal.

A Morte Não É Nada Para Nós Habitua-te a pensar que a morte não é nada para nós, pois que o bem e o mal só existem na sensação. Donde se segue que um conhecimento exacto do facto de a morte não ser nada para nós permite-nos usufruir esta vida mortal, evitando que lhe atribuamos uma idéia de duração eterna e poupando-nos o pesar da imortalidade. Pois nada há de temível na vida para quem compreendeu nada haver de temível no facto de não viver. É pois, tolo quem afirma temer a morte, não porque sua vinda seja temível, mas porque é temível esperá-la.
Tolice afligir-se com a espera da morte, pois trata-se de algo que, uma vez vindo, não causa mal. Assim, o mais espantoso de todos os males, a morte, não é nada para nós, pois enquanto vivemos, ela não existe, e quando chega, não existimos mais.

Não há morte, então, nem para os vivos nem para os mortos, porquanto para uns não existe, e os outros não existem mais. Mas o vulgo, ou a teme como o pior dos males, ou a deseja como termo para os males da vida. O sábio não teme a morte, a vida não lhe é nenhum fardo, nem ele crê que seja um mal não mais existir. Assim como não é a abundância dos manjares, mas a sua qualidade, que nos delicia, assim também não é a longa duração da vida, mas seu encanto, que nos apraz. Quanto aos que aconselham os jovens a viverem bem, e os velhos a bem morrerem, são uns ingénuos, não apenas porque a vida tem encanto mesmo para os velhos, como porque o cuidado de viver bem e o de bem morrer constituem um único e mesmo cuidado.

O pensamento busca ao longe,
O que as mãos buscam com o toque,
O que os olhos buscam com a luz,
E o sentimento almeja com o coração.

Acariciada pela brisa marinha,
Traz anseio ao vento montês.

Alegoria da amizade, ternura e carinho,
Flor primaveril em solo cálido,
Traz em seu nome a lembrança doce do mel.

(...) Sem apego. Sem melancolia. Sem saudade. A ordem é desocupar lugares. Filtrar emoções.

A pedra

O distraído, nela tropeçou,
o bruto a usou como projétil,
o empreendedor, usando-a construiu,
o campônio, cansado da lida,
dela fez assento.
Para os meninos foi brinquedo,
Drummond a poetizou,
Davi matou Golias...
Por fim;
o artista concebeu a mais bela escultura.
Em todos os casos,
a diferença não era a pedra.
Mas o homem.

Já perdi a conta das vezes em que penso em você.
É como contar as estrelas no céu e os grãos de areia no deserto.
E ainda, não bastasse ofuscar o sol da primavera,
me encerro na prisão que existe em mim mesmo.

Confia no teu coração se os mares pegarem fogo. E viva pelo amor, mesmo que as estrelas caminhem em direção oposta.

A UM AUSENTE

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Aparências

Perdoa-me pelo que julguei.
Pelo que vi sem sentir.
Pelas mentiras que acreditei,
e pelas que contei.
Perdoa-me
pelo amor que tive
e não demonstrei.
Pelo dor que te causei
e pela que me permiti sentir.
Perdoa-me
por não ter te visto como
realmente és
e por não ter permitido
a voce me ver.

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz

Mas acontece que eu sou triste...

O pior habitat que existe é a selva de pedra, já que nesta reside a mais destrutiva e perigosa das espécies.

Cabelo negro, longo,
Que vagueia
Diante da tempestade da inquietude.
Arrastando olhares, sorrisos, suspiros,
Como uma onda agitada numa tarde de mar bravio.
Sorriso maroto, de candura angelical,
Doce desejo numa inebriante noite de verão.

As manhãs de sábado,
Com seus cheiros, formas, cores, texturas, expectativas.
As flores entre as frutas.
Que se exibem por entre as frutas.
Deixando um rastro de beleza, aroma, sabores.
Tão simples, tão prazeroso quanto uma manhã de sábado.

Tarde de veraneio,
Olhos claros se confundem com o verde marinho.
Despida de sua inocência,
surge esplêndida a bela pérola,
cujo brilho vivo dum olhar,
vem exaltar o sagrado e o profano,
levando a um inebriante estado de mistério e desejo.

Da vida que molda os homens,
Entre dissabores e prazeres,
Lágrimas e sorrisos,
Perdas e ganhos.

Uma graciosa orquídea,
Rara e formidável,
Floresce na perspectiva dos que a cultivam.

Jóia lapidada pela lâmina do destino,
Ausente das arestas do egoísmo e da hipocrisia.
Plena do brilho da amizade, do respeito e da compaixão.

Dera-me o Paraíso fosse um campo extenso e florido,
Onde cada pétala colorida fosse uma cópia fiel de ti,
Oh ! orquídea valorosa,
Irmã Lua de meus devaneios.