Coleção pessoal de Micavieira

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Sou agora como uma terra que não dá frutos
não dou palavras. porque essas são sentimentos
e esses você arrancou de mim
das minhas terras
do meu coração”
— Infertilidade sentimental, não há adubo que cure.

Eu vou fazer uma música pra você
vou mandar um vídeo nosso pra TV
E vou te desenhar nas paredes por aí
não se assuste com esse meu amor
te amo do Arroio Chuí ao Monte Caburaí
te amo aqui, no Rio ou em Carandaí
mas eu te amo e eu juro que é amor por inteiro
te amo e vou te amar de janeiro a janeiro
que seja clichê, que seja doce e que seja recíproco
A gente dança na quinta,
apronta na sexta e
se aquece na noite fria de sábado
fazemos brigadeiro e adocicamos ainda mais nosso amor
se enjoar a gente salga,
até porque tem sempre a discussão de quem vai apagar a luz
mas o importante é que a gente,
depois acaba acendendo a luz um do outro
com esse amor que chega a transbordar pra fora
Vamos, vem comigo brindar a felicidade
deixa essa coisa feia de saudade e vem pra perto de mim
me amar, me adular e me ter em ti , diga que sim
a gente canta karaokê no bar da esquina
toca um violão na praça
e se ama bonito, pra não perder a graça
conta piada de madrugada
e relembra os micos de outrora
a gente se acaricia aqui, agora
volta pro nosso canto
pro seu canto aqui no meu coração
a gente pula de etapa
e começa tudo de novo
mais intenso, mais gostoso e mais clichê
mas vem logo, vem
eu preciso de você”
— Um amor clichê, entre eu e você.

“Essa história de um completar o outro só é bonita em filmes. Na vida real as coisas são bem diferentes. Colocam na cabeça que é preciso ser metade, e acabam sendo vazio. Querem completar alguém, sem ter nada nem pra si próprio, são corações vazios querendo se juntarem a corações vazios. O que teremos? Sentimentos vazios, almas vazias e cabeças cheias de tanta decepção. Porque isso que fazem não é amor. Amar não é completar, é acrescentar, desculpem-me os clichês, mas amar é mais que dar pelas metades é se dar por inteiro. Amar é ser por completo e fazer o outro trasborda-se de si por não se caber mais, é ser a peça a mais do quebra a cabeça e dar beleza por ser assim, diferente de tudo.
Explico-me, antes tudo, pra ser feliz com alguém, é preciso vivenciar a felicidade sozinho. Se bastar, se felicitar e se amar. Por isso relacionamentos acabam de uma hora pra outra, alguém que não ama a si mesmo, quer amar o outro. Não é assim. É viver o amor próprio e depois viver o amor a dois. Não é ser cara metade, é ser o sentimento todo, e de tanto acrescentar transbordar pra fora. É preencher o próprio vazio, e quando cheio se derramar pro outro, de forma recíproca. É viver na sintonia do amor, se amar, amar, e ser amado. Se esvair se de forma bonita, se perder nos rios de sentimentos e encontrar o outro mergulhando na maré da felicidade e fazê-lo companhia. É sentir de verdade, com o coração, com alma e com todo o ser.”
— Porque amar é trasborda-se pro outro, de forma recíproca

Sou
os sentires aguçados de uma alma exaltada, a fonte do extremo, o desejo de infinito.

Sou feita de acúmulos existenciais
de dores infernais
de desamores teatrais
e de vazios, vazios sem finais
Sou uma péssima versão de mim mesma

Ah, menina do sorriso sincero e reluzente, me ensina a reluzir paz assim, me ensina. Me conta o segredo dessa felicidade boa, desse sonhar que não se frustra. Quero me banhar nesse rio doce que anda te fazendo tão bem, me colocar nas margens da felicidade e me jogar de vez a essas profundezas renovadoras. Não quero mais ficar boiando ou afundando, quero emergir da minha escuridão e ver o sol nascer bonito. Quero ser arrastada por uma maré de coisas boas e me entregar aos abismos dessas águas cristalinas, quero me fazer de água, e me ver por dentro. Quero transparecer magia, magia boa de criança, criança que ri, que sonha e que brinca de viver, e assim acaba vivendo feliz. Quero crescer por dentro e me virar do avesso. Quero felicitar-me e me trasbordar pro mundo.

Gosto do que é simples e verdadeiro, pessoas me ganham com sorrisos e me perdem com mentiras. Sou antes de tudo, exaltada de mim mesma, choro ao extremo e gargalho em ápice de loucuras. Me entender é mais que desvendar, é se jogar sem bóias ao meus mistérios e os torná-los seus também.

Porque eu aprendi a apreciar o meu vazio, e a enchê-lo de minhas próprias incoerências.

Como pode…

Como pode um peixe vivo viver fora d’água fria?
Como pode eu menino viver nessa nostalgia?
Como poderei viver, não sei se vou sobreviver
nessa tua, nessa tua, nessa tua vida crua,
onde o próprio ser humano se mata de amargura.
Como poderei viver, se estou a enlouquecer…

Sinto falta da melancolia que agora já não é mais minha. Masoquista eu? Não, não gosto de sofrer. Mas é simples, quando estava sozinha em minha solidão, estava eu acompanhada de minhas palavras indizíveis e pensamentos eloquentes, coisas que eu sentia pra mim e acabava vivendo pro mundo. Um paradoxo que me tomava. Talvez Clarice estivesse certa, de certo modo, minha escuridão era a minha melhor face, minha solidão era minha força. Agora entendo, era meu lugar certo, onde minha essência brilhava e onde já não havia nada mais que pudesse me ofuscar, até porque,eu já estava mesmo no fim do poço!

E um dia desses, eu te disse que com esse seu sorriso você ganharia tudo o que quisesse.E aí você ganhou logo meu coração.

Engoliu o coração
Sufocou a saudade
Alimentou o fígado
e viveu de eternidades

Perguntaram-me o que carrego dento de mim. Minha vontade era responder amor, saudade boa, felicidade aos extremos. Mas fui sincera, disse que dentro de mim havia apenas uma oquidão, uma oquidão infinita de vazios.

O amor pra mim sempre foi um talvez. Uma interrogação à parte, um mistério sem solução, sem nenhuma afirmação de dar certo.

Algo
Encantador
Encanta a dor
Deixando-a distráida
Pra cantar só o amor

Jaz aqui uma alma retalhada, um coração remendado e um sorriso a ser costurado. Jaz uma moça doce e amarga, um paradoxo ambulante de poéticas primaveras. Flor do campo, retalho do dia.

Minha poesia crua
conversa com a tua
nessa noite sem lua

Alecrim
Alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado

O meu amor, também foi assim

Veio repentino para o meu jardim

E foi o meu amor, que me fez assim

Sou apenas retalhos de um amor sem fim

Nostalgia de quinta
depressão de quarta
delírios de terça
desamores de segunda
tédio de domingo
vida sem graça de sábado
vida sem graça de todo dia

Usava as palavras como bóias, para não se afogar no mar da solidão.