Coleção pessoal de Micavieira

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Eu ando me afogando nessa maré boa da poesia pra tentar fugir de mim, fugir do que anda me letargiando por dentro, desse obscuro total que se apossou do meu ser. Mas poesias rasgam, a maré baixa, e eu continuo com esse mundo monótono onde eu sou a protagonista, sem querer morrer no final. Ou não.

Amanheceu por dentro
Anoiteceu poesia

Esvaiu-se de toda tristeza
e voou como pássaro à procura da felicidade
ao encontro de novos ares
de novos horizontes

Essa história de um completar o outro só é bonita em filmes. Na vida real as coisas são bem diferentes. Colocam na cabeça que é preciso ser metade, e acabam sendo vazio. Querem completar alguém, sem ter nada nem pra si próprio, são corações vazios querendo se juntarem a corações vazios. O que teremos? Sentimentos vazios, almas vazias e cabeças cheias de tanta decepção. Porque isso que fazem não é amor. Amar não é completar, é acrescentar, desculpem-me os clichês, mas amar é mais que dar pelas metades é se dar por inteiro. Amar é ser por completo e fazer o outro trasborda-se de si por não se caber mais, é ser a peça a mais do quebra a cabeça e dar beleza por ser assim, diferente de tudo.
Explico-me, antes tudo, pra ser feliz com alguém, é preciso vivenciar a felicidade sozinho. Se bastar, se felicitar e se amar. Por isso relacionamentos acabam de uma hora pra outra, alguém que não ama a si mesmo, quer amar o outro. Não é assim. É viver o amor próprio e depois viver o amor a dois. Não é ser cara metade, é ser o sentimento todo, e de tanto acrescentar transbordar pra fora. É preencher o próprio vazio, e quando cheio se derramar pro outro, de forma recíproca. É viver na sintonia do amor, se amar, amar, e ser amado. Se esvair se de forma bonita, se perder nos rios de sentimentos e encontrar o outro mergulhando na maré da felicidade e fazê-lo companhia. É sentir de verdade, com o coração, com alma e com todo o ser.
Porque amar é trasborda-se pro outro, de forma

Criatura
Cria e atura
essa vida sem cura
que só transborda amargura

Teus olhos são meu maior abismo
Em tua boca eu me jogo em um íngreme precípicio
Porque por mais que me doa admitir
Você é minha perdição
A minha loucura feita em pessoa
Você trascende o que preciso
E me mostra pro mundo
Você me faz fazer sentido nesse mundo tão desordenado
És a única pessoa que me dá isso,
me deixa no caos e me devolve a ordem em questão de segundos
Você me deixa mais louca que sou
e me faz ver estrelas onde não tem
Você é minha contelação de sentimentos, meu bem,
em forma de estrelas que voam,
dançantes borboletas
que hoje me habitam por inteiro.
E o amor lá faz sentido?

Ela é um emaranhado de dores
da alma
do coração
e de todo ser
ela é desamor em pessoa

Eu vivo de expectativas, e elas me consomem

Não sei escrever.
Mas se soubesse, você seria meu melhor poema.

Eu estava sendo arrastada por uma maré nostálgica, ondas furiosas vinham sobre mim querendo me afogar dentro de minhas próprias águas escuras, tentava a qualquer custo submergir-me de mim mesma, das margens que criei. Estava nadando contra a onda enorme de sentimentos sufocados que queriam engolir-me. Estava sendo indo cada vez mais fundo. Os braços já cansados, a vista já embaçada. Tentava alcançar a luz, e fugir dessa fúria que me pregava dores buscava insaciavelmente águas cristalinas e tranquilas. Tentava acalmar meus sentimentos, que assim como o mar estavam em fúria. Procurava fugir do desatino que me tornei. Deixei a maré me levar. Quis mergulhar e entregar-me aquelas ondas mortais que chamavam meu nome cada vez mais alto. As águas puras então lavaram minha alma, pegaram para si todas as minhas dores. Afogaram as minhas melancolias, levaram para o fundo do mar a solidão que me cercava. Comecei então a boiar de volta a terra firme. A leveza da brisa havia me carregado. Os ventos erraram de direção e me cochicharam coisas boas no ouvido, sussurrares rejuvenescedores que me trouxeram esperanças novinhas em folha. Essa brisa que o vento carrega me reacendeu o coração e levou consigo toda dor e desordem que me aplacavam, essa brisa boa me fez acreditar de novo. Submergi-me de meus medos e receios e do toda a escuridão que me agarrava às águas furiosas e me firmei em terra firme. Olho pro mar agora, e ele parece calmo, não, não digo o mar em si próprio, mas aquele que tenho dentro de mim. As ondas agora se formam em meu favor. A tempestade já não me faz tremer. Minhas lágrimas estão cravadas no fundo do mar. Ancoro-me na felicidade, e velejo em outras águas, águas que me levam ao meu melhor. Agora posso debruçar-me inteira no mar, porque não há raso, e se acaso eu me afogar, as águas iram me acolitar.

Era hipocondríaca sentimental
achava que amava
que tinha saudades
e que era real
se doloria por inteira
e no final das contas
só era vazia

Era um corpo jovem
com alma em putrefação

O fogo dos teus olhos queimou meu coração
me deixou em estilhaços
me derramando em emoção

Quebrei-me por dentro
só sobraram os destroços.

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Você consegue meu riso fácil
me envolve em seus abraços
e me deixa sem o controle que
eu jurava ter
você não faz sentido
e por isso és o que preciso
somos dois sem sentidos no mundo
que fazem dessa loucura do amor
uma margem de esperança
você me devolve a órbita natural das coisas
e eu lhe sou uma equação de resolução difícil
e é essa a beleza do amor,
tentar recíprocamente
montar o quebra-cabeça que somos
reajuntar as peças perdidas de nossos corações
e ir nos refazendo aos poucos
de forma bonita
moldando os sentimentos

Talvez eu seja apenas uma metamorfose ambulante de sentimentos bipolares em busca de instabilidade, talvez eu seja maluca também, maluquinha de pedra, mas há em mim os “sentires”, um pouco embaralhados, paradoxos e constantes, mas estão de certa forma presentes em mim, eu não sou vazia.

— Estou cansada.

— Você não faz nada, aliás você só dorme.

— É exatamente isso, eu estou cansada da vida, estou cansada de não vivê-la, eu estou apenas sobrevivendo e isso é duro, acredite.

alvez eu seja uma “hipocondríaca sentimental”,que acredita que sofre gravemente de doenças emocionais,como amar em excessos,ser correspondida ás migalhas e acreditar piamente nas promessas alheias.De todas as doenças,considero essa a pior de todas,confie em mim,se tem algo que pode machucar alguém, são os sentimentos,eles podem devastar o ser em pouco tempo.Tome cuidado!

E no final das contas,todos estão à procura de um refúgio que os libertem de seus mundinhos paralelos de solidão.Cada um se droga com algo ou alguma coisa,pode ser esportes,cultura,revistas,tv,mas tem que ter algo que às façam esquecer,mesmo que por pouco tempo, de suas próprias vidas.

Sou demasia de sentimentos,demasia de amor e demasia de dor.Sou sobretudo,hipérbole de tudo que me afeta e que me atrai.Então tenha cuidado,o pouco pra mim é muito,e o muito pra mim, também pode não ser nada.Sou uma confusão às avessas,sei disso,em meus anseios paradoxos mora também o eufemismo de viver, e acabo criando metáforas pra me manter na superfície que sou.