Coleção pessoal de mariechantal

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Até onde pude fui forte.
Segurei uma pedra na cabeça
enquanto o meu orgulho caia ao chão.
Orgulho às vezes me come,
é gula que engole até a língua.
Vez em quando me dou conta
de quanto mais se tem a dizer,
menos se pode.
Segurei as rédeas das palavras
e vi o teu segredo num olhar.
Foi bom conhecer o medo,
mas também a vida vista no espelho.
O tempo sempre esteve contra mim,
sabia que eu iria perder
para só depois desnudar a vida,
como se desnuda uma mulher à espera de seu amor.
Há medo na palavra
quando o céu vem à boca.
Mas, nem o céu nos polpa da verdade,
eu sei.

Às vezes dói-me amar.
Quem ama tem um teto,
mas nunca um sono sossegado.
Mas será feliz quem rouba amor?
Amor roubado é esquecido no tempo
e o preço pago é fiado.
Amor roubado é sonho matado.
Amor que se preza
não morre por ser feliz demais.
Só o preço justo do amor conforma a ferida doçura.
Nele tudo vira cicatriz,
dessas que enganam os olhos.
Traços marcantes me deixa o amor,
a pele é cobertor,
a boca se torna mão que acolhe
e a vida acaricia o espinho.

Não sei olhar-te nos olhos
e não me lembrar do sabor
do milagre das mãos,
da delícia dos risos,
da confusão das palavras.
Abre o céu ao ver-te passar,
as pupilas ficam acesas,
os olhos abraçam o mundo
ao degustar o desejo.
Assalto o mundo no teu sorriso
porque já não percebo nada ao redor.
As vozes silenciam
porque o meu olhar só se põe no teu rosto.
E antes que o sol se ponha de novo,
é o teu corpo que me devora frases e pensamentos,
nada necessário, apenas eu e você.
Dói não sonhar
pois o sonho é o que me veste de ti,
como a virgem a amar pela primeira vez.
A palavra que corta o sonho
não é a mesma que sorrio a sonhar.
E a única dor que me dói
é aquela da saudade que me enche os olhos.

...Porque o amor que tenho
continua a andar nos trilhos,
a assoviar no alto das colinas,
a falar nas flores
e a cantar no teu sorriso.
Pois nunca..., nunca mesmo serei voz silenciada.
Falo do meu amor ao que me ouve,
sou indiferente ao tempo,
às distâncias que inflamam-me as palavras
pois ouso na liberdade do pólen.
Porque contenho a tua nudez no que sou,
nem sempre sei ser-me,
pois os teus detalhes já me tomaram
como a alegria explosiva do vento.
Saberás que te amo no quanto que não sou...,
para não deixar de amar-te nunca.
Porque não quero a primavera
sem ter primeiro o frio que me traz o teu calor.
Não quero a certeza do que pode vir ou não,
quero a dúvida,
quero o presente,
quero a verdade dos que ainda não sabem...

Eu te guardei como se guarda um tesouro,
fiz dos teus pés o meu caminho,
engoli orgulho pra que plantasses os teus sonhos nos meus
e guardasses o meu olhar.
Se eu pudesse ser a tua vontade,
eu dormia e acordava na minha pele,
pois a minha virou a tua.
Bastou o teu olhar no meu
e nossos segredos se entrelaçaram,
como almas que se encontram nos olhos.
No meu colo tu te achavas
e nós ficávamos fora do mundo.
Não precisas mentir o teu amor
se o dizes sem dizer a toda hora,
sei bem que a palavra nunca te foi íntima
quando te escondes no forno do silêncio.
Veio o tempo e nos mudou de estação,
tenho fome no corpo e sede no olhar
quando me vem à boca o teu nome.
Realidade te muda e te planta onde não chego,
mas ainda hoje eu te costurei em mim,
como detalhe em segredo de um só.