Coleção pessoal de mariagimenes

Encontrados 3 pensamentos na coleção de mariagimenes

o beijo nosso
sela aquele mundo
que é meu
que é infinito
e é tão efêmero

que é o paradoxo
perfeito
de nossa existÊncia

o beijo nosso
me avoa
mente
me tapeia
alma
que morre calada
em
nosso beijo

nesse findo toque
nessa grande bagunça
(arrumada)
que é o beijo meu
e seu

que é um minuto de silêncio
(ensurdecedor)
o mundo parado em segundos cortantes
um sentimento desavisado
que nasce
e morre

num beijo nosso

nao quero nada direito
pois disseram
a esquerda é o melhor caminho
Vai, Maria! ser gauche na vida
no seu poema canhoto
conformismo esgoto
vontade perdida

Os temos não são mais os mesmos. A bola caiu, a saia desabotoou e o nariz de palhaço permaneceu apenas para manifestações de rua, que também não são mais as mesmas.
Aristides assistia ao ”Grandioso Circo Ínfimo” engolindo cada gota da semelhança que a peça passava. Seus talentos artísticos se resumiam em entreter crianças em postos de saúde ou distribuir balões nos dias de ações governamentais em creches ou algo parecido. Assistia, então, à peça que contava o fim da arte, do circo e a decadência do teatro. Seu coração palüitava e seu olhar endurecia tentando demonstrar indiferença.
Não. O tempo não podia se perder assim. Cidadezinhas acabaram. Só restaram fotografias. Proust já dizia. O circo desaparecera junto. Aristides, que um dia recitara Camões, Gil Vicente e Dante Alligeri, contentava-se com as peripécias de palhaços de rua e pirulitos de maçã verde nas portas de lojas de brinquedos. Levantou-se. Partiu.
Chorou uma lágrima como se fosse a última. Malandro. Na dureza, sentou à mesa do café. Deu um gole de cachaça. Deu no pé. Macabeando entrou na mão atrapalhando o tráfego. Caiu, sangrou, na hora. A hora da estrela. Ao menos uma vez.