Coleção pessoal de Madasivi

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⁠A vida dentro de um frasco conta-gotas,
É difícil de engolir,

⁠Pleonasmo corporativo,
Quando se tem um chefe,
Se tem um excremento ativo,

Abecedário do Cotidiano

Alvoreceu,

Brilhou o dia,

Corri pra rua,

Devorei a mesmice ao sabor do pão na chapa,

Escondi os olhos que enxergam a vida passar,

Furtei a sensibilidade do semeador,

Guardei a fome na boca gulosa,

Habitei meu fardo no aconchego dos desconhecidos,

Imaginei o amor puro que não abre mão da normalidade,

Joguei fora o medo que decresce,

Km e mais Km dados em direção ao caminho longo que na verdade é curto,
Lavei as mãos para a desgraça desejada,

Morri,

Naveguei no mar revolto,

Olhei os grandes com desdém,

Pensei em parar e estou parando,

Quebrei a moralidade que pensa em acertar,

Rabisquei as respostas que não respondem,

Suei as gotas da coragem,

Talhei mais um dia de trabalho com a ferramenta da beleza que se alegra com o retorno oferecendo um abraço,

Uni o errado e o certo e resolvi fazer o que tenho vontade,

Vivi,

Www já virou uma palavra que me diz que faço parte da globalização,

Xavequei a loucura,

Yes, somos empurrados pra conversar com o idioma que conversa com o mundo,

Zelei por mais uma noite que me acolheu de A a Z,⁠

⁠⁠Continua a partida,
Sem moleza,
Mas com intervalo pra descanso,
Seja agora ou no segundo tempo,
Avanço com a torcida,

⁠⁠Corpo andarilho —
nos becos da cidade que pulsa
Traços de Verão,

⁠⁠Sigo a jornada —
infatigável peregrinação
como um camelo animado,

⁠⁠Asas de pombos,
Sombras de asas,
Voam desaceleradas,
De telhado em telhado,

⁠Como uma incendiária alucinante,
Filha indomável do fim,
Pode causar,
Fogo em tudo,
Com seu estopim,
Língua,

⁠E o sono de mansinho entrou pela frincha da janela,
Fiquei ouvindo de longe o gorjeio encantador,
Mas o trovador que abria a cortina da madrugada,
Era o rouxinol que insistia com seu louvor,

⁠⁠⁠Deitado,
Feito bicho,
Vago,
Despido,
Como céu,
Desnublado,
Esvaziado,
Num espaço,
Quadrado,
Silenciado,
No tempo,
Fechado,
Permaneço ilhado,
Vivendo,
O infinito,

⁠⁠Elas mandriam por aí,
Eu ando perdido por aqui,
Elas me encontram,
Sou um marginal das letras vadias,

⁠Estás perto escapando,
Depressa pela minha mão,
Quão fico desgraçado mantê-la,
Nesse sonho vão,

⁠Pensei eu,
Não ser doido,
Como vocês,
Logo, bem logo,
Fiquei mais doido,
Que todos os doidos,
Salve-me,
Dr Simão Bacamarte,
Recolhe-me
À casa verde,

Quase sem rumo,
Quase sem esperança,
Quase sem paz,
Quase sem mim,

⁠⁠Os poetas são como chuvas que caem no deserto,
Como uma fogueira num dia frio,
Aprendo com o gesto do grande poeta,
Diante da traição, da indiferença, da dor e da morte, eles amam,

⁠Sou um marginal das letras vadias,

⁠⁠Manhã rotineira —
Vou pela rua, com os cantos pelos cantos
que estão cantando,

⁠⁠E lá no fim,
Sempre lá,
Está o abismo,
Tão real,
Como um esteta da vida trágica humana,
Que a suspeita Nietzschiana suspira,
Calmamente,
E eternamente retorna,
Dizendo,
Tudo é abismo,
Abismo destino,

⁠Por um instante estou tão longe,
Que saio rompendo contraste,
Levanto lírico, imaginativo,
Eis o belíssimo cantábile,
Torno a deitar-me,
Com a sinfonia N°2 de Rachmaninoff,

⁠É no fim da festa que a cachaça fica brava,
Que a boca deixa de ficar amarga,
Que a noite termina bem,
Quando se tem alguém,