Coleção pessoal de LucianoSpagnol

261 - 280 do total de 2605 pensamentos na coleção de LucianoSpagnol

⁠DURA PARTICULARIDADE

Sinto um suspiro forte que percorre
Por toda entranha da minha poesia
Quando nos versos vejo a analogia
De amor e dor, se fé qualquer acorre
Sinto cada poética quando morre
E rouba do espírito a farta alegria
Se nem da esperança tem tutoria
Se de abandono se tem um porre

Sinto não ter a inspiração valorosa
E sim, a severa, rude e tola escrita
Quando só quer ter prosa amorosa
Sinto aperto, uma sensação ermita
Cá no peito, duma solidão teimosa
Ah! dura particularidade, sem dita!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17 setembro, 2022, 12’10” – Araguari, MG

⁠NARRATIVA

Sobre a folha, aquela poesia plural
No verso, sentimentos empilhados
Nas saudades, os suspiros arfados
Na quimera, a ventura sem igual
E, tudo, numa poética sentimental
De especiais eventos, ali pintados
Em cadencias e tons apropriados
Dando a escrita um traço visceral

É dum sussurro com certo legado
Cochichado de um intimo secreto
De um momento, assim, inspirado
Então, a poesia, se faz num trajeto
E o poeta não mais se senti calado
Narrando as sensações no soneto!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16/09/2022, 20’53” - Araguari, MG

⁠PARTILHA

Sinto a inspiração que percorre
Por toda a entranha de meu ser
Quando de ti o verso a escrever
Saudades, que de dantes escorre
Sinto a minh’alma em um porre
De carência, roubando o prazer
Do tempo, que mais quer viver
Quando na prosa o vazio ocorre

Sinto não ter o cuidado presente
Se a tua falta, agora, é realidade
E os versos os sussurros da gente
Sinto no peito toda a infelicidade
E na partilha uma dor que se sente
Dum amor que perdeu a vontade!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
15 setembro, 2022, 21’14” – Araguari, MG

⁠SONETO DE AMOR

E, foi assim, de repente, aconteceu
Com a alma alumiada, doce sentido
Aquela esperança, o olhar revestido
De poética, então, o amor apareceu
Pois, o sentimento já não era só meu
Fui de sensação e agrado aspergido
Em um lirismo de outrora perdido
E agora, tão apaixonado, e tão seu

Não me envergonha ser acometido
De sentimental coração, enamorado
Cheio de ardor, que por ti, enchido
Um relicário que no peito faz suspirar
Tão intenso, vibrante e compassado...
Bom. Como é tocante poder te amar!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
14 setembro, 2022, 21’04” – Araguari, MG

⁠PAIXÃO

Paixão, tem tanto mistério, tanta graça
Tem encanto, frenesi, tem ímpar beleza
Tem do coração domínio, ávida afoiteza
Arrebata, ata, torpeza, e ao amor traça
Paixão, fascinante olhar que despedaça
Arruaça a alma, mas, tem a delicadeza
De um sentimento tomado de surpresa
Em cada gesto, cada beijo, e no que faça

Ah! Paixão, no desejo aquela constante
Ao segundo faz do tempo uma sensação
Emoção, num jogo poético e insinuante
O sentido profundo, impulso, sujeição
Afável sedução, atraente, um amante
Que ajoelhado aos pés, rende-se a razão...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
13 setembro, 2022, 17’42” – Araguari, MG

⁠SAUDADE

Saudade, suspiro queixado na mente
O sol poente duma situação passada
Aquela melancolia no tempo gravada
O perdido dantes encaixado na gente
Uma poética opaca que a poesia sente
Vazio insistente, motim, a alma calada
Migalha nostálgica em uma dor selada
E, no peito a alta solidão, inteiramente

Sofrente sensação que a noite sustenta
Que espinha, apimenta e tanto inquieta
Uma angústia que embala e apoquenta
Exala um sentimento de ligação direta
Ao sofrimento, o ocaso que desorienta
Um tal regular versejar de todo poeta!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
12, setembro, 2022, 17’00” - Araguari, MG

⁠NUMA SÓ PERCEPÇÃO

Da poética, no divino lirismo, com certeza
Terá olhares, os suspiros, em todos saberes
Que habitam o coração, com seus quereres
Tão cheios de cores, amores e suave beleza
Do fundo do soneto, surgira de uma pureza
D’alma, as juras, sorrisos, e ternos prazeres
Em altruístas versos de generosos haveres
De quem é gracioso pra sensível gentileza

Palavras providas daquele agrado imenso
Com muito da sensação, tal arte barroca
Cheia de excesso e de compasso intenso
Quão bom o ledor tivesse, assim, a noção
Nas entrelinhas da poesia, lidas pela boca
Ter o poeta e a criação numa só percepção!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
11 setembro, 2022, 12’07” – Araguari, MG

⁠COLCHA DE RETALHOS

Retalhos, numa colcha alinhavados
De acasos, e os momentos de aparos
Bordando o tempo, e seus preparos
De distintos sentimentos passados
Aqueles bons, e aqueles de agrados
Que se encaixam total, sem reparos
Que se faz com que, sejam tão raros
Também, os que nos traz os enfados

Detalhes duma sorte, irregular e doída
De uma sensação, o todo ou metade
Engano ou certo, na quimera garrida
Ah a vida! Vivida! Partes de felicidade
Entrelaçados numa chegada e partida
Todos eles ornamentando a saudade!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 setembro, 2022, 15’17” – Araguari, MG

⁠DA COXIA DA POESIA

Só quando os olhos cerro, sinto a poesia
Suspirando em uma prosa cheia de ilusão
Os tons marcantes duma doce imaginação
Perdidos nos sonhos, em uma poética via
Só quando cerro os olhos, vejo a fantasia
A tudo esqueço e sussurro com emoção
Pra não acordar aquela singular sensação
Onde é sentido, e não apenas o que seria

Só quando os olhos cerro, vejo o alheio
Amor, por entre o agrado e a sabedoria
Nada ou pouco quero se for sem anseio
Só quando cerro os olhos, que há quantia
N’alma, nos poemas, sem nenhum custeio
Tudo pegado de dentro da coxia da poesia

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
07 setembro, 2022, 17’12” – Araguari, MG

⁠AUSÊNCIA, UMA

A folha em branco, uma ausência apossa
Do coração. Nada é leve, a emoção vazia
Sem calor, tão desamparada está a poesia
A noite adentra e uma prostração endossa
Letras amargas, cruas, vou até onde possa
Sentimento solto ao vento, de pouca valia
Que a própria poética no versejar desafia
Em um carecente que está solidão esboça

Fomentos que com um pouco se asilam
Se fazendo indolente, inusual e horrível
Como rabiscos fossem, assim, suspiram
Olho a folha em branco, atento, sensível
E das inquietas sensações, nada cintilam
Somente um volúvel sussurro inaudível...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06 setembro, 2022, 22’42” – Araguari, MG

⁠Vivência aos 90 anos

Gasta-se o tempo em verso
a vida tentando o descrever
na alma o seu imerso
o pensamento tentando ler:

- Inquieto, vivo... os 90 anos!
Ele tão dentro, a vida tão fora
Inquieta vive
Uma vida corrida, de planos
De prosa, momento,
Custa o que se sente
Não importando o declive
Se vai inteiramente
Da sua maneira
Tendo uma vida inteira!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/09/2022 – 08’41”, Araguari, MG
*para os 90 anos de Daisy Lemos Dorazio

⁠POETA

Ele, tem tanta poética e tanto segredo
O sentimento no seu encanto, riqueza
Nos teus versos aquela suave sutileza
Ritmo, do canto acalanto, um enredo
Tu, trovador, tão cheio de arremedo
Que roga, suspira e também a tristeza
Mas em sua alegria tem a doce leveza
Olhares, ilusões e aquele ímpar medo

Duma inspiração, sempre, sussurrante
Tirando a prosa de um poço profundo
D’alma, de maneira meiga e insinuante
Ah Poeta! Tudo, mais que um segundo
Uma imensidão, um vilão e um amante
Posto aos seus pés o devaneio fecundo!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
05/09/2022, 13’37” – Araguari, MG

⁠QUEM NUNCA?

Me desculpe a poética e os poetas
Se meus versos nos contos são iguais
Com prosa e prioridades tão formais
Com saudades de outrora, inquietas
Pois, minhas sensações são repletas
De narrações, e cadências musicais
Do coração, como ilusórios cristais
Um clássico, com emoções diletas

Deixai a literatura com seu lirismo
Não roubemos o amor do emotivo
Deixai-o com seu sentimentalismo
Há mutação, pois, nada é definitivo
Em cada prosa, em cada verbalismo
Quem nunca? De estórias foi cativo!

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03/09/2022, 17’04” – Araguari, MG

⁠café na mesa
amor no coração
firmeza, emoção
fé na vida
acolhida
muita poesia
e doce alegria...

Bom dia!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
setembro de 2022

⁠PASSADO

Passado. Pra que desenterrá-lo
Se já passou e, assim, encerrado
O agrado se foi, então, é andado
É uma lembrança, antigo regalo
Então sinta sem o acaso vassalo
Pois, na recordação está fixado
E no tempo remoto, ali, deixado
O novo, porque não vivenciá-lo

Na verdade, tudo tem um final
E o que importa é estar amado
E na métrica do viver é ser real
E, mesmo que estejas indignado
Cuide bem, e que seja essencial
Deixando no outrora o passado!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
02/09/2022, 05’55” – Araguari, MG

⁠À REVELIA

De um amor, o capital fragmento
Da traição, nada, nenhum pedaço
A apaixonada poesia, tento o passo
E, em um compasso, o sentimento
Os acasos, então, ficam ao relento
De caso a caso, sedução, o espaço
Na conquista, também, no fracasso
Criando suspiro, sonhos e lamento

Assim caminha a variegada emoção
Do fado, cheias de veloces olhares
Onde há causa de um sim e do não
Aí, inventa e reinventa o outro dia
Imaginando a tão mágicos lugares
Para aí traçar sensações à revelia...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
31 de agosto, 2022, 05’05” – Araguari, MG

⁠RETRATO DE MÃE

Mãe... tens o amor primeiro
O colo tão cheio de atenção
Sublime o teu doce coração
Com o teu carinho certeiro
Tens o puro nome: missão
Resignação, apoio certeiro
És tu Mãe, teor verdadeiro
Que oferta toda a devoção

Teu olhar o olhar de Deus
Bom, amigo, tão presente
No esmero dos tinos teus
És o sermão com jeitinho
Aquele amor inteiramente
Alento no nosso caminho!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30 de agosto, 2022, 19’03” – Araguari, MG

⁠porfia

cadenciado, um pingo e outro
porfia quantia
a chuva no cerrado
refrescante poesia...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30 agosto, 2022, 05’48” – Araguari, MG

⁠MALQUISTO FINAL

Vejo a minha poesia sem ousadia
Quando olho a poética no cinismo
Carregada de acaso, de ceticismo
Toda revestida de pouca quantia
Sem outra escolha e companhia
Sem um sussurro ou um lirismo
Enodoada de incolor simplismo
Que tanto põe minh’alma vazia...

Vou de uma sensação bucolista
Nos versos contendo a saudade
Onde chora a essência do artista
Então, tão cheio de árduo ritual
O soneto é bruto e pela metade
Assim, tendo um malquisto final.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
29 agosto, 2022, 21’15” – Araguari, MG

⁠A vida é bela, o dia tem o sol, a noite tem a lua, o mar as ondas, o amor paixões, compondo o cenário de sensações... Numa só aquarela.

Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Rio de Janeiro, RJ - 29 de agosto, 2010