Coleção pessoal de linamarano
o pouco
pro outro
é pior que nada
é um soco,
uma bofetada
que te deixa oco,
coração no toco
e alma dilacerada
não seja louco
saí do sufoco
dessa roubada.
no frio de agosto,
acordei com encosto,
dor no pescoço,
na boca um mal gosto,
no olhar, o teu rosto
já paguei tanto imposto,
assume o teu posto,
vem bem disposto,
fazer meu almoço
Joana
cigana,
da fama
na lama,
só come
banana.
Joana
se engana
na cama;
banana,
só come
quem ama.
Joana
doa banana,
deita na cama
e se dana!
Mas come,
mas ama...
Rosa
guerreira,
maluca,
é doce,
faceira
e goza...
faz pose,
é rainha
dum mundo
de fada;
descrente,
mas luta,
sozinha,
a troco
de nada.
namora
me vira
aponta
e deflora
volta
me gira
enrola
e adora
melhora
não pira
me afronta
e sai fora
agora
remonta
não tira
desconta
e devora
A magia da poesia é o leitor se identificar com o sentimento do poeta como se as palavras tivessem sido adivinhadas.
Nosso primeiro olhar foram
dois pontos
insinuantes em reticências...
travessões abrindo as
conversas (entre parênteses),
partindo para o trema,
até depois da vírgula perder o hífen
bem no ponto de exclamação!
Amor, acentua com cedilha sem nunca fechar as aspas.
- Vem cá minha gueixa. Gostei dessa mecha.
- Agora não. Me deixa!
- Eu sou o seu macho, me dá uma brecha.
- Me solta. Não mexa!
- Mas do que que se queixa?
- Não vê o inchaço?
- E por isso se fecha?
- Ih.. nem vem com essa pecha.
- Tenho cara de tacho?
- E eu lá sou ameixa?
- Pode beijo na bochecha?
- Hoje não. Abaixa seu facho.
- Diacho!
(Sem brecha)
ela era mar,
entornando na praia,
só de saia,
era sol,
só minha, era sal,
meu lual
mulher areia,
grudada no corpo,
era sereia
era amanhecer,
final de tarde,
meu bem querer
era Vênus, Hera,
heresia,
era eu
(era mar)
Sente -se um anjo com o coração e um demônio no corpo. Um anjo eleva o corpo, um demônio pesa no coração.
Se eu fosse música.
seria tango
compositor,
seria chico,
sentimento,
seria amor
Se fosse cor,
seria preta,
fosse bicho,
borboleta,
seu eu fosse,
não voltava,
virava doce,
te lambuzava
Se eu fosse boca,
na tua
seria corpo,
no teu
seria rosto sem véu
fosse o que fosse,
serias meu.
(Lfosse o que fosse)
- Então Helen?
- Eleven!
- Não te perguntei quantos!
- Quantas! Foram as vezes que te amei. Você me eleva!
- És um elevador, me levas ao paraíso, mas também ao inferno.
- Inferno? Anda lendo muito o Levítico meu querido!
- Continuas levando a vida na piada. Sua levada!
- E você, nesse leva e traz. Levanta!
- Tu me deixas lívido mulher!
- Ah sabe! Agora ... já é "tu(e)leve"!
(twelve)
Subiu-lhe o subalterno!
A suburbana
era sua droga subconsiente
de ingestão subcutânea,
soberana e subserviente.
Subitamente submissa
na subversão dos sentidos,
substantivava e subtraia-lhe
o resto da sobriedade,
adjetivando subjetivamente.
Submersos,
sublimavam à soberba,
sobejando sobrais,
sobretudo sobrecoxas,
sobrevivendo de amor.
(sobrevivendo de amor)