Coleção pessoal de lavinialins
Você me pergunta se eu me escondo atrás das palavras.
Eu te digo: sou verso. É você que não sabe me ler...
Dentre as coisas que o isolamento tem nos ensinado, a certeza definitiva de que para se fazer presente não é preciso estar perto...
... e diante de nós mesmas/os, sem a "desculpa" da falta de tempo, da falta de "cabeça", somos convidadas/os a refletir sobre o que nos atravessa, nos assombra, nos move, nos motiva. E isso dá nó na garganta, dá embrulho, faz a respiração mudar. Se pela certeza de que está tudo bem, ou pelo contrário extremo, o parar para pensar é fundamental. O movimento a que ele nos convida é essencial. A vida que passa, no segundo da reflexão, é prova da nossa existência, que há pouco parecia congelada, pois funcionava no automático de uma rotina sem mergulho nos nossos afetos. Crescer dói. Olhar para o reflexo que vem do nosso espelho, por vezes, também. Mas dor passa. Dor pode ter cura, pois somente por meio dela é que a gente descobre que algo precisa ser feito. E que a gente faça, ou hoje ou amanhã... no nosso tempo. Que venha!
Ficar em casa tem sido um desafio - não somente porque nos cansa a eventual rotina da mesmice, mas porque, definitivamente, estamos diante de nós mesmas/os...
Dentre as mil formas de dizer "eu te amo", a que tem sido mais importante nos últimos dias: "como é que você está hoje?"
Se para estar com alguém você precisa esquecer de você, reforça-se a certeza do quão interessante é estar com você mesma/o.
Se as dores do corpo, visíveis que são, precisam de cuidado, imagina as da alma, que nem sempre dão forma à sua dimensão...
Por um mundo com menos pessoas que nos digam o que fazer com o que sentimos, e mais pessoas que nos acolham, sem julgamentos...
Não se trata de alcançar a "cura", mas de encontrar estratégias que possibilitem lidar com a dor de uma forma que ela não impeça mais que a vida aconteça...
Quando se trata de saúde mental, não é a/o cliente/paciente que tem que se adaptar à teoria dominada pela/o profissional.
Em contrário, a teoria e o domínio técnico da/o profissional, junto com sua ética - sobretudo humana - , que têm de somar esforços para gerar significado à intervenção, produzindo efeitos positivos durante o processo e, principalmente, após a sua finalização, em benefício da/o cliente/paciente.
Observe as pessoas bem-sucedidas... elas costumam ter duas características básicas: dedicação e amor incansáveis!
É que o inconsciente é lugar estranho. Suas ruas são estreitas, à penumbra.
Nem todo mundo tem a disposição de andar por lá...
Não nos ensinaram a silenciar,
a visitar os nossos sentimentos,
a entender que é preciso parar de vez em quando.
Não nos ensinaram que o nadismo é um convite a ouvirmos o barulho que tem lá dentro de nós, a fim de que tenhamos a oportunidade de buscar estratégias para lidar com nossos afetos.
E, não menos importante, ainda não haviam nos ensinado, de forma tão prática e significativa como agora, o quão importante é acolher e ser acolhida/o - sobretudo, por nós mesmas/os.
Não deixe abraços pendentes - quando puder voltar a abraçar.
Não deixe perdões no baú, se sentir que somente perdoando é que você vai se perdoar.
Não deixe para amanhã a cura que, somente quando alcançada, vai lhe permitir voltar a sonhar.
O mundo parou e, dentre outras coisas, para nos convidar a refletir sobre a necessidade de olharmos para dentro; para que entendamos que, não importa o quanto está corrido, nossos sentimentos precisam de cuidado e de respeito; e que, mesmo quando pensamos ter tudo, não somos nada, se tudo que somos depende somente do ter...