Coleção pessoal de lavinialins
Ele curte jazz. Eu também.
Ele gosta das notas altas, vorazes.
Eu, da força feroz do quase silêncio entre os versos.
Somos opostos. Somos o norte e o sul, desejando atravessar os trópicos e desembocar no oceano de um abraço.
Somos dois, e, vez em quando, um só.
O não-destino é o caminho mais inebriante. É de suas paisagens múltiplas que tiramos a inspiração e a força para a perseguição da estrada sem-nome.
E é por não ser possível nomeá-la que ela se torna tão atraente, tão mágica.
Ao tentar descobrir as suas curvas, damos mais um passo, sentimos o frisson que a brisa, ali, nos provoca.
Em busca de quem somos, da essência que nos constitui, vamos juntando os fragmentos dos "eus" que há em nós.
Somos maré - vezes revolta, vezes mansa.
Nada nos satisfaz. E é justamente por isso que nada nos limita.
É o movimento das nossas águas que nos faz vivas/os.
Esta é a (minha) arte de viver...
Talvez não exista mesmo uma fórmula.
Talvez, a felicidade não seja mesmo um lugar a que se chega.
Talvez seja o caminhar, as paisagens, as pessoas que a gente encontra pelo caminho.
É por aí que mora a felicidade...
Passei a vida inteira acreditando que precisava me curar das outras pessoas. Hoje, estou certa/o de que preciso me curar de mim mesma/o.
Solidão, para boa parte das pessoas, é algo ruim...
Mas também pode ser coisa que cura, que renova.
Tudo depende do momento de vida em que você se encontra, de como você a encara, dos recursos que busca para enfrentá-la.
Ela...
Quer ser vista, lembrada, elogiada.
Quer espaço, privacidade, discrição.
Ela é...
Doce, que nem o mel define.
Ácido, que corrói as profundezas de si mesma, numa autocobrança sem réguas.
Ela...
Chora com bobagens.
Engole, sem água, absurdos inimagináveis.
Ela é linda.
Yin e Yang.
Ela sou eu.
Ela é você.
E, ainda assim,
Ela é única!
A fala eloquente, ainda que dotada de adereços em cores, não era capaz de distrair a confusão que naquela profundidade existia.
Haverá muito chão pela frente, até que se veja o encontro entre o que dizem suas palavras e o que praticam as suas atitudes.
Força, menina!
Calma para a alma inquieta e força para a fé variante...
"As xícaras de café"
Talvez eu leve as xícaras. "Talvez" não. Eu quero as xícaras. Talvez, apenas, seja você que não entenda o porquê. Talvez eu tente explicar. Eu explico. Ainda assim, talvez, você não entenda. E tudo bem. É justamente pelo bem que as escolho. É que nas tardes frias, na dor da sua não-companhia, elas estavam lá. E é tão engraçado pensar nisso... porque você estava quase sempre, mas não estava. O que é apenas o corpo presente? O que é a dor de uma presença ausente? Então, as xícaras... a preferência pelas azuis não era acaso, mas uma tentativa de colorir o cinzento da solidão que me atravessava. E o medo, aquele geladamente sorrateiro, eu afugentava com o calor que nelas colocava. Era ele que me abraçava. O calor, o calor das xícaras de café...
É difícil ficar em casa o tempo todo porque lá fora a gente distrai do que passa aqui dentro; porque lá fora a gente não precisa se olhar o tempo todo, olhar a/o outra/o que divide a vida com a gente, olhar o que nos afeta, o que nos atravessa.
É uma oportunidade para percebermos o que temos "lá dentro". É um convite para sermos melhores, antes de tudo, para nós mesmas/os.
Há quem pense que precisa se conhecer...
talvez, precise apenas reconhecer quem já sabe que verdadeiramente é.
Quem disse que a gente não pode errar,
que não pode chorar,
que não pode dançar na chuva?
Quem disse que uma curva é ruim,
que não se pode ser tão feliz assim,
que a vida é curta?
Quem disse, talvez não tenha sentido o doce sabor, mesmo que por fração de segundo, da liberdade de ser quem realmente é...
Fertilizo em mim pensamentos bons. A maldade que há lá fora não germina aqui. Esse é o meu exercício diário...
Psicoterapia é mais do que "se conhecer".
É uma oportunidade para ouvir-se, reconhecer-se... um processo de promoção de autonomia emocional que lhe abre a possibilidades e estratégias para lidar com o que lhe atravessa. E isso é cura!
Lembra daquela criança que corria pela casa, bagunçando tudo, sorrindo à toa, sem medo do amanhã, sem amarras, sem dores?
Ela continua aí, dentro de você. Visite-a. Abrace-a. Seja ela hoje. Só hoje...
Hoje darei a mim um dia sem dor, sem muitas cobranças, sem qualquer sentimento de culpa...
Hoje eu vou me acolher, me abraçar e fazer algo bom por mim mesma/o.
Porque eu posso. E mereço.