Coleção pessoal de kikoarquer
O sapato amarelo
Eu planejei comprar um sapato amarelo amanhã,
mas hoje ganhei um vermelho.
Recebo o carinho de quem me deu o vermelho,
e não comprarei mais o amarelo,
pois agora já tenho um sapato novo.
Pra quê ter tantos pares se só tenho dois pés?
Meu boné me deixa bonito e combinaria muito com o sapato amarelo,
mas não com o vermelho.
Boné e sapato vermelho, nada a ver.
Visto o vermelho e mostro que respeito o carinho de quem me presenteou.
Mostro, mostro e me mostro.
Ponho na gaveta o boné,
abandono o sonho do sapato amarelo,
e assim deixo de lado o desejo de construir a mim mesmo.
Um oi de mim
é um oi só de mim.
É só um oi daqui.
Já um oi de lá,
vem com outro ar,
é oi igual,
mas tá mais pra olá
É Procon numa, protocolo em outras.
Sem atendimento, sem valia.
Consumidor quitado, mas sem regalia.
E de repente, me olho daqui,
Uma estrela avaliada, uma vala com ladras,
Reclamando do próprio Reclame Aqui.
Depois do meu "oi",
um "quem é vivo sempre aparece!"
Mas eu nunca estive sumido,
nem mesmo aparecido.
Por fim, como eu lido?
Ah, agora sim,
dessa vez, apenas desapareci.
Haja viagem que viaja em si,
essas eu viví.
Vi a parede enredar a aranha
e a pele respirar o ar manhã.
Quando caetanei praquele menino
que a realidade é o avesso do avesso
do avesso do avesso.
- Qual realidade?- foi adverso,
e fez-se travesso
num meu novo inverso.
Na minha fé muda,
a minha sede
pra parede mudar de cor,
me moldará apenas
co'mum excelente torcedor.
No sempre tentar,
o sempre é minha tentação,
Vingança velada
de quem se levanta
acariciando o chão.
D'tanto me cobrarem,
cobri-me d'desgosto.
Não me aceito c'ndo
cobrador q'levanta,
nem ando me v'ndo
cobrado no encosto.
Pensa no tamanho, pensa na proporção. Alienígena pode ser uma bolinha de gude, um pum, ou uma estrela em explosão.
Todos os dias eu era colocado por horas numa sala fechada onde eu era obrigado a ficar quieto, parado, a me aguentar acordado, a segurar o pum, a me angustiar sozinho com as paixões, a limpar o nariz catarata na manga, respirar com a boca, sede, a segurar o xixi. De toda minha atenção, a professora tinha 10%. Eu olhava pra ela e me chorava em silêncio. Perdido e ciscando palavras, nunca entendia o que os adultos estavam dizendo.