Coleção pessoal de K.Novartes
A voz dela estava ali naquele aparelho. E talvez tenha sido a última vez. Eu deveria ter pedido que ela falasse um pouco mais.
Hoje, para mim, felicidade têm nomes, têm caras, têm formas, têm endereços.
Felicidade é ver Samuel lendo um livro.
Felicidade Lígia, é ver seu sorriso subindo pelas escadas.
Felicidade é ter meus irmãos e pais numa mesma mesa, todos juntos, e sermos interrompidos por minha sobrinha deixando escapar um pum e caindo na gargalhada em seguida.
Felicidade é saber que a tristeza passa e que a felicidade também passa, porque tudo passa.
F e l i c i d a d e...
Eu não a busco; eu a permito.
E depois a deixo entrar. E depois deixo a porta aberta.
Mas eu grito... não vá, não vá!...
Estamos em guerra; os inimigos são outros. E se não sairmos das trincheiras reconfortantes da ignorância até o futuro é inimigo nosso.
A verdade é que a verdade está oculta. Falta parte da resposta. Não que se dê à satisfação dos outros, mas uma resposta sua para você mesmo.
Não queiram me convencer que nunca é tarde demais. É tarde demais para abraçar forte o amor que já partiu.
Não acredito ser o único com esse frio na barriga. As mãos gélidas contrapõem-se ao coração esbaforido. É a dúvida latente: o que é a vida?
Escrevo! Vezes por força, vezes por fraqueza. Escrevo porque sinto ou deixo de sentir. Está tudo aí, nessa tradução imperfeita das palavras.