Coleção pessoal de Jorgeanesquivel

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Versos de esperança


Um sopro de vida sempre encontra brecha até nas fendas mais secas do deserto.

Versos de esperança


Mesmo quando a noite parece engolir os caminhos, a alma ainda carrega um lume secreto que insiste em acender a escuridão.

⁠O Tempo em Fragmentos

A fotografia é um fragmento do tempo, de um lugar, um momento que jamais será o mesmo, não com o mesmo tempo.
Ao visitar um lugar, lembre-se de que aquele tempo permanece vivo apenas na lembrança e fragmentado em fotografia.

Tudo muda: as águas não voltam, as nuvens não formarão a mesma figura, o soprar dos ventos altera as formas, as folhas se renovam e tudo se faz novo.
E, talvez, seja isso que acredito: o tempo fica fragmentado.

Mas, em cada fragmento, há uma parte do todo que nos transforma. A fotografia não é só memória, é um reflexo daquilo que não se vê à primeira vista, daquilo que se sente no silêncio entre o olhar e o gesto. Ela revela o que o olho não percebe no movimento da vida, guardando para sempre aquilo que, de outra forma, se perderia na vastidão do tempo.

⁠Ecos de uma Presença Permanente

Carrego teu nome no peito, mesmo sabendo que o eco já não encontra resposta. Algumas presenças são assim—partem, mas nunca vão.

⁠Impressões do Tempo

Há momentos que escapam aos olhos, não porque são rápidos, mas porque carregam o peso de tudo o que já foi e tudo o que poderia ter sido. Eles se encolhem no peito, se tornam memória antes mesmo de se tornarem reais, como se o tempo já os estivesse preservando. Não são os dias que permanecem, mas os sentimentos que se escondem entre suas frestas.

Eu não busco registrar a mim mesma, mas o que escapa de mim—o que não posso segurar, mas que se derrama de forma silenciosa nas coisas que toco. Um olhar que atravessa a janela, o suspiro de uma folha que se entrega ao vento, o silêncio que respira entre as palavras não ditas. É nisso que estou. Não na imagem que a câmera captura, mas no que ela não pode revelar: o que pulsa além da pele, além do instante.

As memórias não são fotografias. Elas são ecos. São risos que ainda ressoam nas paredes de uma casa vazia. São promessas sussurradas entre o amanhecer e a noite, palavras que se tornam raízes na alma, mesmo quando não temos consciência delas. E é nelas que fico. Não na forma como o mundo me vê, mas na forma como o mundo me sente.

Quando alguém olha para uma foto e sente um arrepio sem saber o porquê, é porque aquela memória, aquela emoção, encontrou um espelho no coração dele. Não somos feitos de imagens. Somos feitos de vivências, de ressonâncias que, mesmo distantes no tempo, ainda têm poder de tocar, de mover, de transformar.

E no fim, é isso que me torna eterna. Não as fotos, não as palavras, mas a sensação de que algo em mim permanece, sem precisar ser guardado.

Versos de Esperança


Que nunca falte luz nas mãos que moldam o invisível,
nem coragem nos olhos que ousam sonhar.
Pois cada traço, cada som,
é uma janela aberta
para o amanhã que insiste em nascer.


06 de agosto de 2025

Quando o Mar é Você


Há dias em que não é o mundo que me engole — sou eu que me afundo em mim.
A superfície parece perto, mas é como vidro: vejo o sol lá em cima, sinto o calor à distância, e ainda assim não consigo atravessar.


Seria simples nadar, se o peso não estivesse costurado nos meus ossos.
Seria fácil pedir socorro, se a voz não se dissolvesse antes de chegar à boca.
E assim fico, boiando no sal da minha própria tristeza,
enquanto os outros, da praia, acenam como se fosse só mais um mergulho.


Dizem para nadar até a areia, mas não sabem que a areia já não existe para mim.
Que a ideia de “voltar” é tão distante quanto um porto que nunca conheci.
O mar é fundo, frio, e tem o mesmo nome que eu.


E no silêncio submerso, percebo:
às vezes não é que a gente queira se perder.
É que o cansaço de tentar se salvar
parece mais letal do que simplesmente deixar-se afundar.

O silêncio pode parecer leve, mas carrega o peso de tudo o que não foi dito.
Ele corrói por dentro, como se cada palavra engolida se transformasse em pedra,
ocupando espaços que antes eram respiro.


Calar nem sempre é escolha de paz — às vezes é medo,
às vezes é proteção,
ou apenas o cansaço de saber que falar não mudará nada.


Mas existe um preço.
E ele é alto.
O preço é ver a própria voz se apagar,
o coração perder a coragem de gritar,
a alma se acostumar a viver escondida.


E, quando se percebe, já não é só silêncio —
é ausência.

⁠Sem Reembolso

O tempo não espera troco,
não aceita devolução.
Cada segundo gasto
é um passo sem retorno,
um eco que some no vão.

Ou se vive, ou se perde.
Ou se lança ao agora,
ou fica contando migalhas
do que não foi.

A vida não se guarda em bolsos fundos,
não se deixa para depois.
É fogo que pede sopro,
rio que exige corpo,
vento que chama voz.

O relógio não faz acordos,
nem as horas dão desconto.
A urgência é hoje.
O tempo,
esse, já foi.

⁠O silêncio pode curar, mas também ferir
Tudo depende de como é acolhido.

Sensível e convidativa


No encontro entre luz e sombra, capturo emoções que não se apagam.
Escrevo para dar vida ao que o silêncio não pode conter.
Meu olhar não registra apenas o visível, mas o sentido que o tempo não leva.
Fotografia e escrita entrelaçadas, convidando você a sentir.

⁠A Presença Que Salva

Setembro Amarelo deveria ser mais do que um convite para falar. Porque nem sempre conseguimos. A mente de quem vive com depressão é um labirinto de pensamentos desordenados, onde encontrar as palavras certas para explicar o que se sente é quase impossível.

Muitas vezes, o que precisamos não é alguém nos dizendo "conte comigo" e depois desaparecendo, mas alguém que fique, mesmo no silêncio. Que segure nossa mão, sem soltar. Que entenda que às vezes não queremos falar, só precisamos de um abraço, de uma presença que não exija explicações, que apenas diga: "Estou aqui, com você. E não vou a lugar nenhum."

É essa ajuda silenciosa que salva. Um olhar que acolhe sem pressionar, uma companhia que não julga o choro, a tristeza ou a vontade de nada. Uma presença que transforma a solidão em algo suportável.

A campanha não deveria ser sobre pressionar o depressivo a falar, mas sobre ensinar as pessoas a estarem presentes, realmente presentes. Porque o que salva, muitas vezes, não é a palavra, mas o acolhimento. E há um tipo de amor que não precisa de som — só de presença.

O Descanso Que Nunca Vem

Às vezes, só queremos nos esconder do mundo. Trancar a porta, apagar as luzes e desligar de tudo. Não queremos ver ninguém, explicar nada, nem sorrir como se nada estivesse acontecendo. Só queremos um intervalo da vida — um descanso genuíno, onde a dor cesse por um instante.

Não é sobre querer morrer, mas sobre não querer sentir. Porque a dor é um peso constante, insuportável, e tudo o que desejamos é uma pausa, uma anestesia que nos devolva ao mundo sem carregar essa exaustão na alma.

Mas não há remédio para isso. Não há solução que nos permita continuar sendo nós mesmos, conscientes, e ainda assim livres dessa dor que grita por dentro. Então, em nossa busca desesperada por alívio, às vezes a morte parece a única resposta possível. Não porque queremos partir, mas porque queremos que a dor pare.

E isso é o mais difícil de explicar: não desejamos deixar um rastro de sofrimento para quem amamos. Só queríamos que eles entendessem que não é fraqueza, não é abandono. É apenas cansaço.

E, no fundo, talvez tudo o que esperamos é que alguém segure nossa mão e diga: "Eu estou aqui. Não vou soltar." Porque, às vezes, esse simples gesto é o que nos impede de buscar um descanso definitivo.

⁠O Silêncio Que Grita

O que me revolta, o que me aperta a garganta, é essa comoção tardia. É quando alguém se vai, consumido por uma dor que o mundo ignorou, que as multidões surgem: velórios lotados, declarações de amor transbordando pelas redes sociais, palavras que só chegam quando já não podem ser ouvidas.

Dizem que não sabiam, que não perceberam. Mas a verdade é que uma pessoa com depressão grita o tempo todo, só que nem sempre com palavras diretas. Ela fala com o olhar vazio, com o sorriso que perdeu o brilho, com o corpo que desiste pouco a pouco.

E mesmo assim, o mundo se faz de surdo. Então, quando a despedida é definitiva, todos correm para dizer o que nunca tiveram coragem de expressar em vida. É como se precisassem do fim para reconhecer o valor da existência.

Isso me magoa profundamente. Porque essas declarações de amor tardias não alcançam mais quem precisava delas. Elas morreram sem saber que eram amadas, sem perceber que suas presenças faziam diferença. E isso não deveria ser assim.

Se há algo que esse nó na minha garganta me ensina, é que o amor deve ser dito enquanto ainda pode ser ouvido.

⁠Indelével

Se um dia eu desistir, saiba que lutei com cada parte de mim, enfrentando os ventos mais ferozes e os silêncios mais pesados. Mas, se um dia eu partir, não diga que não sabia. Eu me espalhei pelo mundo, deixei fragmentos meus por onde passei.

Estou nas palavras que escrevi, nas imagens que capturei com a alma, nos olhares que toquei com ternura. Me registrei em cada gesto, em cada história compartilhada, em cada canto onde deixei um rastro silencioso de quem sou.

Não se trata de me lembrar com pesar, mas de reconhecer que estive aqui, inteira, presente, viva. Eu fui — e sempre serei — uma presença que não se dissolve, apenas se transforma em memória.

Janelas da Alma: A Conexão Entre Imagens e Palavras


⁠A fotografia tem o poder de transformar uma simples imagem em uma janela para o mundo. Através dela, conseguimos enxergar além do óbvio, trazendo à tona uma nova perspectiva, uma que conecta nossa alma ao olhar do outro. Eu acredito que a sensibilidade do fotógrafo é o que torna a imagem mais valiosa. É como se, através do clique, eu transmitisse um pouco da minha essência, permitindo que os outros vejam o que, muitas vezes, está oculto.

Cada foto é uma história que, assim como as palavras, tem o poder de tocar profundamente. E é isso que busco em minha arte: fazer com que você, que está do outro lado, sinta e viva um pouco do que eu experimento, como se estivéssemos em uma mesma jornada emocional. Como escritora, também busco essa conexão. Os meus textos são mais do que palavras, são sentimentos que dançam no papel, buscando ecoar no coração de quem os lê.

Seja nas imagens ou nas palavras, meu desejo é simples: que você se veja nas histórias e nos momentos que compartilho, que as palavras e as imagens revelem algo sobre você também. Porque, no final, todos estamos juntos nesse caminho de descobertas e de sentimentos, e é através dessa troca que a arte ganha vida.

⁠Registrando-me em papel

Sinto uma necessidade urgente de me descrever, de me tornar transparente, cristalina,
como se, ao colocar minhas palavras no papel, pudesse finalmente me entender.
Há um desejo intenso dentro de mim: que as pessoas se permitam ser assim também —
sem medo de revelar seus sentimentos, suas dúvidas e pensamentos mais íntimos.

A busca pelo autoconhecimento me guia,
uma jornada silenciosa em direção a todo o meu sentir.
Com a caneta na mão e o papel à minha frente,
não tenho receio de me deixar ali, nua em cada palavra.

Cada rabisco se torna uma entrega,
um reflexo da minha consciência,
onde cabem meus medos, dores, amores, desejos e até orações.

Escrever é meu refúgio, minha forma de existir.
No silêncio das palavras, me encontro,
descobrindo, sem pressa, quem sou.

E quando eu partir, que essas palavras sejam mais do que tinta sobre papel.
Que quem as ler possa me sentir,
mergulhar na profundidade de quem fui,
mas com leveza e compreensão.

Porque é aqui, no papel, que me registro —
inteira, consciente e eterna.

⁠Registro-me em palavras para que, ao partir, quem ler me sinta por inteiro.

⁠O Peso do Sentir

Meu erro talvez seja pesar os sentimentos dos outros com a mesma balança que uso para os meus,
imaginando que têm o mesmo peso, a mesma medida, as mesmas dimensões.
Uso uma régua única para dimensionar algo que nunca é igual.
Acredito, ingenuamente, que os sentimentos sempre preenchem os espaços vazios com precisão.

Mas esqueço que transbordo.
E, no outro, quase nunca me encaixo — não por inteiro, não de forma completa.
Tenho excessos.
E, ainda assim, ofereço tudo.

E talvez seja exatamente isso que me salva:
não saber amar pela metade.

⁠Passos Leves

Caminho com passos leves, pois é caminhando que se aprende a caminhar.
Mantendo a constância, mesmo nos passos lentos, o destino é chegar.
Mas nunca me permito desistir de seguir adiante.
Nem sempre a velocidade é o que nos leva a algum lugar.

Pauso quando necessário, para recalcular a rota,
e retocar o sonho que me impulsionou a caminhar.

Hoje sigo, e é bem provável que amanhã chegarei lá.