Coleção pessoal de Jorgeanesquivel

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Poética e profunda

Eternizo olhares e sentimentos onde o tempo se dobra.
Minhas fotografias são a ponte entre o instante e a eternidade;
minhas palavras, a voz que rompe o silêncio da alma.
Aqui, cada imagem e texto revelam a essência invisível do ser.

Carta aos Artistas


A vocês que mergulham onde poucos ousam entrar,
que transformam silêncio em palavra,
dor em poesia,
e notas soltas em melodias que curam.


Ser artista é viver com os sentidos à flor da pele,
perceber o que passa despercebido,
ouvir a música escondida no vento,
e enxergar cores que o mundo ainda não aprendeu a nomear.


Vocês conhecem a solidão criativa,
o peso doce da introspecção,
os mergulhos que parecem não ter fim.
E ainda assim, dessa profundidade,
trazem à tona o indizível,
e o fazem soar como verdade.


A arte é a prova de que a alma respira.
Seja pela pintura, pela dança,
pela palavra escrita ou pelo som que vibra no ar,
vocês eternizam sensações que não cabem na fala.


Sigam, artistas.
Continuem afinando sentimentos como cordas de um instrumento,
transformando fragmentos de vida em algo que ecoa.


Vocês não apenas criam.
Vocês revelam o invisível,
dão voz ao silêncio,
e nos lembram que sentir —
é, em si, um ato de resistência.




6 de Agosto de 2025

Quando a Energia Vai Embora


O fim de tudo começa quando a energia se vai.
Sem ela, não há vitalidade, não há impulso, não há motivação para nada.
Tudo perde o sentido.
Tudo perde a graça.
A comida não tem mais sabor, o que antes era prazer vira obrigação.
E, de repente, tudo se confunde com preguiça aos olhos de quem vê de fora.


Nada parece bom o suficiente para valer o esforço.
Tomar banho vira uma batalha silenciosa.
Escolher uma roupa, passar um hidratante, parecem tarefas gigantes.
Abrir a geladeira e sentir que nada combina com nada.
Olhar para as panelas e perceber que você já nem sabe o que fazer com elas.


A cama se torna refúgio e prisão.
Levantar é difícil.
E quando consegue, encara o espelho e não se reconhece.
Olha ao redor e tudo parece um reflexo distorcido da sua própria realidade.
O acúmulo grita: coisas empilhadas, objetos esquecidos, poeira que reflete o que está dentro de você.


E então percebe:
Você acumula mais do que coisas.
Acumula o que não te faz bem.
Acumula a bagunça que não é só física, mas emocional.


E o pior é não ter energia para remover nada disso, nem do ambiente, nem da alma.


É como assistir sua vida de fora, trancada dentro de um corpo que não acompanha o mundo.
Querendo mudar tudo, mas sem força sequer para começar.

Meu olhar, sobre tudo, revela segredos que o silêncio guarda.
Não falo, apenas observo. E nesse gesto de ver, encontro coisas que não têm nome, mas existem. Há uma dor que insiste em se esconder nas frestas, há uma esperança tímida que se veste de sombra. O olhar recolhe o que os outros deixam escapar, aquilo que não cabe nas palavras, mas que grita em silêncio.


Olhar é quase tocar o que não pode ser tocado. É sentir o mundo por dentro, mesmo quando o mundo fere por fora.

"Resiliência e Fé: Uma Jornada de Sobrevivência e Esperança"



⁠Flertar com a morte por mais de dois mil dias não é uma experiência que qualquer alma suporte sem cicatrizes profundas. Cada dia vivido, cada fôlego tomado, é uma vitória silenciosa, embora nem sempre celebrada. Em alguns momentos, a morte parece uma amante tentadora, sussurrando promessas de descanso e alívio. Ainda assim, não me deixei seduzir por ela.

Tenho um relacionamento regado pela fé com o Eterno, que, mesmo nos dias mais sombrios, não deixou de me embalar com promessas de dias melhores. Confesso que, em meio a esse caminho tortuoso, minha alma já se sentiu frágil, minha voz trêmula diante das tempestades internas. Mas fraqueza não é sinônimo de desistência.

Por mais que parecesse uma mulher fraca aos olhos de quem não conhece minhas batalhas, sou forte. Fui forte por mais de 48 mil horas. Tenho enfrentado um processo que parece infinito, mas sigo aqui — de pé, mesmo que com os joelhos trêmulos. Porque há algo em mim que se recusa a ceder, algo que insiste em acreditar que o amanhã pode ser melhor.

E assim sigo, um dia de cada vez, carregando cicatrizes que contam histórias, mas com a fé de que, ao final, a luz há de prevalecer sobre todas as sombras.



Moça e a Canção

Ela sorri ao ouvir os primeiros acordes. A melodia não é apenas uma música—é um espelho. Um retrato dela, pintado pelas palavras de alguém que a enxerga como ninguém.

— "Moça do cabelo bonito, da boca gostosa, da pele cheirosa..."

Ela ri, meio sem graça, meio encantada. Já ouviu elogios antes, mas ali, naquela canção, eles ganham outro peso. Não são apenas palavras soltas, são pedaços de sentimento embalados em ritmo.

— "Seu beijo é mais gostoso que pudim com leite moça."

— “Você exagera…” — diz ela, sem esconder o brilho nos olhos. Mas no fundo, sabe que ali não há exagero, apenas verdade.

Ele canta para ela, com a voz leve de quem se entrega sem medo. E ela, por mais que tente manter a compostura, já está entregue faz tempo.

— “Juro por Deus, eu não queria me envolver, mas já tô envolvido…”

Ela desvia o olhar por um instante. Também não planejou se perder naquele amor, mas agora, como sair? Como devolver o que já é dele, se no primeiro beijo seu coração foi morar com ele?

Suspira, balança a cabeça, finge não se importar. Mas ele percebe. Sempre percebe.

— "Moça, cê bagunçou com o meu juízo."

Ela cruza os braços e sorri de canto.

— "E o que eu faço com isso?" — provoca.

Ele não responde. Apenas puxa sua mão, aproximando-a no ritmo da música. Porque algumas respostas não precisam de palavras. E naquele instante, tudo que importa é que a canção os envolva, como se fosse feita apenas para eles.

⁠Moça, você é a razão de tantas músicas na minha cabeça e um sorriso no meu rosto. Desde o primeiro olhar, algo mudou em mim. Seu cabelo, sua pele, seu cheiro... tudo em você me leva a um paraíso que eu nunca soube que existia. Teu beijo? Ah, teu beijo é como o pudim mais doce, que me faz perder a noção do tempo e me deixa querendo mais. Não sei como, mas você entrou na minha vida de uma forma tão intensa, e agora não há mais volta. De alguma forma, você transformou meu mundo, e agora, toda vez que penso em você, é como se o paraíso fosse meu lugar de novo. Moça, você fez mais do que me seduzir... me fez acreditar no poder de um amor simples, mas infinito.

Ainda Floresce
Mesmo no solo rachado, a semente guarda sua primavera.


Amanhã Chegará
E com ele, o sol que hoje se esconde atrás das nuvens.


Enquanto Houver Céu
Haverá asas para quem acredita no voo.


O Peso que se Torna Asa
É na travessia que a dor se transforma em impulso.


O Dia em que Choveram Estrelas
Foi quando a noite decidiu devolver luz ao mundo.


E Se For Amor
Que seja daquelas forças que reconstroem ruínas.

RETICÊNCIA


Ainda acredito no amor,
um amor que chega sorrateiro,
invadindo espaços que nem sabia serem meus;


  instala-se sem pedir licença,
  bagunça o que parecia tão certo,
  derruba certezas;


às vezes vem para acalmar,
ou para inquietar,
para fazer sentir o que estava adormecido;


  adianta se fechar?
  quando ele quer, ele entra
  e transforma tudo em morada;


como seria a vida sem ele?
sem o colo que acolhe,
sem o olhar que diz mais que palavras;


  quem, pela vida, não quer provar
  o gosto de gostar,
  com calma, desejo e permanência?


ficar no silêncio dos braços,
na pausa de um suspiro,
no instante em que dois corações se escolhem;


  amar também é isso:
  continuar e confiar,
  mesmo quando parece fim,
  como quem abre janelas.

Crer sem ver é como dar um passo sem enxergar um palmo diante do nariz.
É caminhar sem visibilidade, sem clareza do que será o daqui a pouco, e ainda assim plantar algo no agora, acreditando que talvez, amanhã, você possa desfrutar.


Mas até para fazer o mínimo no presente é preciso força em meio à fraqueza, confiança em meio à dúvida, e fé — mesmo quando ela parece desfalecer, pequena como um grão quase invisível.


Ainda assim, digo: quem já foi alcançado pelo amor de Deus nunca se esquece de sua potência. Esses sobrevivem até no automático, como eu, que hoje sou sustentada pela fé e acolhida em um lugar que só Deus sabe explicar.


Passar pela escuridão da alma faz com que a luz do sol seja ainda mais preciosa. Faz parar para apreciar ou simplesmente revisitar imagens guardadas numa galeria de memórias únicas, que apenas meus olhos presenciaram.


Olhar uma fotografia é reviver cada emoção ali contida, congelada para sempre.
E ao mergulhar na magnitude de cada momento, percebemos, com delicadeza e dor, que o tempo… ah, o tempo… esse não volta.

⁠Fujo do Amor (mas ainda espero por ele)

Eu fujo do amor.
E não é porque não acredito.
É porque, quando ele chega, eu tremo.
Tremo porque já acreditei antes…
E fiquei com as mãos cheias de nada.

Eu fujo do amor porque ele sabe entrar,
mas nem sempre sabe ficar.
E eu tenho medo.
Medo de ser mais uma vez abrigo temporário.
De ser casa que acolhe e depois vira lembrança.

Mas eu também quero.
Quero esse amor que não chega gritando,
mas se aproxima devagar e fica.
Que entende o meu silêncio.
Que não me cobra ser forte o tempo inteiro.

Fujo…
mas se me olham com verdade,
se me tocam com cuidado,
eu desarmo.
Porque, no fundo, eu ainda espero.

Espero por alguém que venha com presença,
com firmeza no gesto e leveza no olhar.
Que me beije como quem tem tempo.
Que me deseje, mas também me cuide.
Que não corra quando me encontrar vulnerável.

Então sim, eu fujo.
Mas se for amor de verdade…
pode vir atrás de mim devagar.
Pode me alcançar.
Pode me mostrar que amar não é sempre perder.
E que, dessa vez,
eu não vou precisar me despedir de novo.

⁠Ouvi uma frase que dizia:
“A dor, se bem usada, vira direção.”

Mas que direção?
Tem dor que não aponta pra lugar nenhum.
É só queda.
É só poço.
Um buraco escuro onde tudo ecoa e nada responde.

Você cai.
Debate.
Luta.
Resiste.
Aflige.
E quanto mais se move, mais se afunda.
Como se a dor ganhasse força da sua tentativa de sair.

Até que o corpo cansa.
E a alma… desiste um pouco.
Você não sobe.
Não desce.
Fica.
Boia.
Mas não respira alívio.

Porque a dor ainda está lá.
Não do lado de fora, mas dentro.
Espalhada.
Silenciosa.
Em cada célula que vibra frágil,
como se estivesse cansada de sentir.

Há dores e há a Dor.
Aquela que não se nomeia.
Que atravessa os dias sem pedir licença.
E se instala.
E se mistura ao que você é.

Nesse caminho sem fim,
nesse beco sem saída,
cadê a tal direção?

Se você se perde…
Encontra-se perdido.
E não há rota de retorno.
Você olha pra frente,
mas o fim parece distante demais.
E ainda assim, você o deseja.

Não o fim da vida,
mas o fim da dor.
O fim desse ciclo em espiral.
Daria tudo pra desviar.
Só um pouquinho.
Dar uma pausa na dor,
sentar à beira da alegria por uns instantes.

Mas não dá.
Porque a dor não espera.
Ela é presente.
Constante.
Persistente.

Mas, no fundo…
Bem no fundo,
você ainda sonha:
E se, no meio disso tudo,
a felicidade também estivesse vindo ao seu encontro?

E se ela também estivesse tentando te alcançar,
com a mesma intensidade com que você tenta sobreviver?

E se, numa curva do caminho,
ela estendesse a mão,
te olhasse nos olhos,
e dissesse baixinho:

“É por aqui. Eu te guio.”

Talvez a dor seja o começo.
Talvez a direção não esteja fora,
mas no que ela revela.

Talvez, ao se deixar sentir,
você esteja, sem perceber,
seguindo…

Em direção a si.

Entre o Silêncio e a Fé, há Espera.


Na quietude do tempo, a alma cala,
E aguarda, mesmo sem saber o dia.
O coração ansioso não se exala,
Sustenta em fé o fio que o guia.


A espera dói, mas também semeia,
Ensina o passo lento a florescer.
Na terra árida, a esperança ateia,
O lume oculto que insiste em viver.


É como o mar que aguarda a maré cheia,
Ou o céu, que espera a lua aparecer.
No vão dos dias, a dor que incendeia,
Também prepara o sol para nascer.


Pois quem espera, mesmo sem razão,
Encontra em Deus o pulso da estação.

Um troféu não é apenas um troféu.


Ele é memória viva. É a prova de que você superou seus medos, venceu suas limitações e alcançou um lugar que, talvez, um dia tenha parecido impossível.


Esse objeto, que muitos chamam de simples tralha, carrega dentro de si noites mal dormidas, lágrimas escondidas, renúncias silenciosas e aquela força que você descobriu em si quando pensava não ter mais nenhuma. Ele não brilha apenas por estar em uma estante; ele brilha porque é reflexo do seu esforço, da sua entrega, da sua persistência.


Um troféu é a lembrança palpável de que você pode ir além.
Em dias de desânimo, basta um olhar para ele e tudo volta: o frio na barriga, o coração acelerado, o sabor da vitória, o abraço recebido, o orgulho nos olhos de quem acreditou em você. Ele é símbolo de quem você já foi capaz de ser — e, portanto, é promessa do que ainda pode conquistar.


Troféus, medalhas, diplomas… nada disso é entulho.
São marcas da sua caminhada, lembranças que te lembram de si mesmo. Eles não falam de objetos, mas de histórias. Histórias que dizem: você conseguiu.


E quando duvidar de novo, basta lembrar: você já foi capaz. E pode ser ainda mais.
O Valor de uma Conquista

A Miragem


Há caminhos que só os olhos da alma conseguem ver.
À distância, parecem tão nítidos quanto um sonho desperto,
mas quando nos aproximamos, dissolvem-se,
como areia levada pelo vento.


A miragem não engana, ela revela.
Mostra a sede que carregamos,
o desejo escondido por trás do horizonte, um destino que criamos aqui dentro do peito.
Ela é o reflexo do que buscamos,
mesmo quando não temos nome para o que sentimos.


Talvez não seja sobre chegar até ela,
mas sobre o quanto caminhamos por acreditar que existe.
Porque é no percurso, entre o real e o ilusório,
que descobrimos nossa própria essência:
somos feitos de passos e esperanças,
mesmo quando o chão parece infinito
e o oásis nunca chega.


A miragem é um lembrete silencioso:
há beleza também naquilo que não se toca,
há verdade até mesmo na ilusão
que nos faz continuar a andar.

Orações Escritas
Quando a Alma Silencia


Vazio de pensamentos, na vida, no amor.
Paralisia na alma de um ser sofredor.


Ah, Senhor, há dias em que até sentir parece pesado demais.
Em que as palavras fogem e o coração, cansado, se cala.
Nesses momentos, só me resta Te olhar, mesmo sem forças, e esperar que me sustentes.


Carrego dentro de mim esse silêncio que não é paz, mas um grito contido.
É estranho, Senhor, porque mesmo aqui, quebrada, continuo Te buscando.
Talvez porque no fundo eu saiba que só em Ti existe o abrigo que preciso.


Diante de Ti, deposito minhas ausências, meus medos e a esperança que insiste em não morrer.
Não Te peço respostas, só Te peço presença.
Que sejas o sopro que devolve vida à minha alma e luz aos caminhos que não vejo.


Remove, Senhor, o que me imobiliza; há em mim, lá no fundo, uma vontade de movimento, de ir…
Mas onde irei, se não consigo sair?


Meu respirar, hoje, é a oração mais sincera que consigo Te direcionar.

Carta aos que Sentem Demais


A vocês, que carregam o mundo nos ombros e o coração nas mãos, escrevo.
Sei como é viver à flor da pele, como se cada olhar fosse um poema, cada silêncio uma tempestade. Sentir demais é como ter uma alma sem pele: tudo toca, tudo invade, tudo dói, mas também é assim que vocês veem beleza onde ninguém vê.


Vocês, que transformam dor em arte, silêncio em música e lembrança em poesia, são feitos de um tecido raro, quase transparente. São o que o mundo não entende, mas precisa: profundidade em meio à pressa, delicadeza diante do caos.


Que nunca deixem que digam que "sentir demais" é fraqueza. É força. É o que move pincéis, afina instrumentos e acende palavras no papel. É o que mantém viva a chama de um espírito criativo que insiste em enxergar sentido até no que parece ruir.


Sigam. Sintam. Transformem.
Pois é da sensibilidade de vocês que o mundo bebe a esperança que esqueceu de cultivar.




6 de Agosto de 2025

Orações Escritas
Nos Silêncios que Me Habitam


Ah, Senhor...
Quantas vezes me encontro em silêncio, não porque não saiba o que dizer, mas porque não encontro palavras que expressem tudo o que sinto.
Carrego perguntas que ecoam dentro de mim e, ainda assim, permaneço aqui, diante de Ti, como filha que confia, mesmo quando não entende.


Tenho buscado compreender, sempre tentando me colocar no lugar dos outros, justificando dores que não são minhas e razões que nunca me foram ditas.
Mas, e eu, Senhor? Quem se coloca no meu lugar? Quem vê o peso que carrego calada?
Às vezes, me sinto pequena demais, tentando equilibrar o que sinto e o que esperam de mim, como se o mundo exigisse força de quem só deseja colo.


Eu Te peço: fica comigo nas minhas inquietações.
Ensina-me a aceitar aquilo que não posso mudar e a descansar em Ti quando minhas forças se esgotarem.
Toma, Senhor, meus medos, minhas dúvidas e até meus silêncios — porque sei que mesmo neles, Tu me escutas.


Que sejas o Senhor a me justificar.
Que me enxergues como sou e tudo que há em mim.
Essa é a minha prece.

⁠Beija-me

Beija-me como quem chega em casa depois de muito tempo.
Como quem reconhece o sabor da alma no toque da boca.
Sem pressa. Sem ensaio.
Mas com aquela vontade que carrega o tempo todo.

Beija-me com os olhos também.
Com os dedos. Com o pensamento.
Beija as minhas dúvidas até que elas se rendam,
e os meus silêncios até que virem som.

Beija-me pra além da pele.
Entre as palavras não ditas,
nas pausas da respiração,
no espaço entre um suspiro e outro.

Quero um beijo que acolha, mas acenda.
Que abrace, mas incendeie.
Que não peça licença,
mas saiba o momento exato de invadir.

Beija-me como quem sabe que estou faminta,
mas que minha fome é de algo que só se encontra quando a alma também se abre.
Beija-me como se cada toque fosse um recomeço,
e cada fim, apenas uma promessa de mais.

E se for pra ser beijo,
que seja inteiro.
Que me cale.
Que me entregue.
Que me eleve.

Beija-me como quem entende
que a boca é só a porta —
e o desejo,
é tudo o que vem depois.

⁠Depois, quando tudo passar, não venha culpar o vento pela bagunça.
Você sabia onde estava cada coisa.
Sabia quem era importante, o que merecia cuidado,
o que precisava de abrigo.

O vento passou por todos nós,
mas só bagunçou o que foi deixado de lado.
Você segurou o que tinha prioridade para você.

Ser referência é mais do que ser visto.
É lançar sementes silenciosas, tocar vidas sem perceber.
É força e fraqueza entrelaçadas, esperança que inspira quem se afoga em seus próprios dias.
Rafael Fernando transformou meu olhar em arte — e, nesse gesto, me lembrou que tudo que vivemos reverbera.
Ser referência é isso: florescer, mesmo sem saber quem colhe.