Coleção pessoal de joaomichel
Parafraseando Paulo Leminski:
"Trago um susto preso no peito"...
Nada poderia definir melhor as surpresas
que gostaríamos de gritar ao mundo
quando a ética não nos permite
ultrapassar os limites do silêncio.
Cika Parolin
você nunca vai saber
quanto custa uma saudade
o peso agudo no peito
de carregar uma cidade
pelo lado de dentro.
me ensina
a sofrer sem ser visto
a gozar em silêncio
o meu próprio passar
nunca duas vezes
no mesmo lugar
Poema Para Paulo Leminski
vai
meu amigo
desta vez
não vou contigo
a morte
é um vício
muito antigo
só que nunca
aconteceu
comigo
pode ir
que eu não ligo
eu fico por aqui
separando
tijolo do trigo
Enchantagem
de tanto não fazer nada
acabo de ser culpado de tudo
esperanças, cheguei
tarde demais como uma lágrima
de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito
de ser verbo sem sujeito
pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito
que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja
quem quer que seja
tem calendário de tristezas
celebrar
tanto evitar o inevitável
in vino veritas
me parece
verdade
o pau na vida
o vinagre
vinho suave
pense e te pareça
senão eu te invento por toda a eternidade
Você nunca vai saber o que vem depois de sábado, quem sabe um século muito mais lindo e mais sábio, quem sabe apenas mais um domingo.
O destino quis que a gente se achasse, na mesma estrofe e na mesma classe, no mesmo verso e na mesma frase.
Lápide 1
Epitáfio para o corpo
Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito,
são suas obras completas.