Coleção pessoal de jessicabarreto

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E essa gente que se enclausura com medo de viver ? Amar é tão bom, ter medo é melhor ainda, saber seus limites, conhecer os limites do outro. Fugir do seu próprio corpo de vez em quando por uma felicidade tamanha, viajar por outros lugares, outros Estados, sem nem sair do lugar. Eu estou falando de se permitir, de se deixar levar. Tudo que você espera só acontece se você deixar, então que tal desamarrar esse laço da cintura e correr em busca de outras cinturas pra se amarrar ?

Gosto de estar com você, você gosta de estar comigo. Isso basta, isso é tudo.

O drama personificado de uma maneira que nunca vi antes. Diz que vai sumir, que não quer mais te ver, mas está ali , do outro lado da porta esperando você ir atrás. Ciumenta ciumenta ciumenta, assim, repetitivo, como se não houvesse amanhã. Não fale mal das coisas que ela gosta, nunca , pode se arrepender por isso, ela não segura a língua. É única, parece que ninguém nunca foi antes dela. Escreve como ninguém, como eu, como ela. Se transforma em palavras e você nem percebe. Não consegue fingir, explode, se esconde. É carente, nossa, e como é carente. Tem mal gosto pra amizades, meio gosto pra música, uma percepção inconfundível. A voz ? Esquece, você não vai aguentar ficar muito tempo sem ela depois que ouví-la. Não pega no pé, ela te chuta. Cuida, que ela te ama. É linda, é chata, é doce, é meio amarga, é embalagem embrulhada, dessas que rasga se não abrir com cuidado. Extrema e irredutivelmente teimosa, irresistível. Só conquiste-a, todos os dias, e não esqueça de levar os lenços, tenho certeza de que vai precisar.

Não é que eu seja paciente, não. Paciência nunca foi meu forte. Mas é que às vezes cabe como uma luva, como numa roupa de baile, onde você procura se vestir bem apenas pela ocasião.

E esse calor que anda fazendo, que nem chega a esquentar os poros ? Talvez porque não seja desse tipo de calor que eu ando precisando. Quem sabe seja aquele que é passado de um corpo pra outro, sem depender da luz do sol pra isso. Que esquenta por dentro, que queima até a última célula, do tipo que coloca o sol no chinelo.

Não me ofereça a superfície, não. Eu adoro mergulhar, sentir cada molécula de vida pelo meu corpo. Não me diga que a água é fria, eu sei que ela fica quente depois de um tempo. Não me diga que é muito profundo, não tenho medo de profundidade, quanto mais profundo, mais aumenta minha curiosidade. Não invente desculpas, eu não tenho medo, e para provar, estou mergulhando sem equipamento de segurança.

Mas sabe, nem se juntasse as mais bonitas e maiores, nem assim eu conseguiria demonstrar tudo que tem aqui.

Lá no fundo, bem lá no fundo, a gente sempre sabe quando está amando. Não precisa ninguém dizer, basta reparar nas coisas que escreve e que diz, nos olhares e sorrisos bobos que escorregam vez em quando. É o mesmo que balões coloridos que se misturam no azul do céu, de uma liberdade que mesmo inventada, é liberdade. Uma liberdade que é plena e verdadeira, que não pode ser guardada, se fosse guardada não seria.

Dá seu amor inteiro pra mim , dá ? Quero você aqui, quero sentir teu coração, tua vida pulsando em minha pele. Logo eu, tão controladora de tudo, não consigo me conter quando escuto a tua voz. Um arrepio estranho percorre todo o meu corpo por dentro, uma felicidade tamanha. Não quero perder isso, não quero nunca te perder, não vou. Ei, já percebeu o quanto que a Lua e o Sol estão distantes ? E já reparou no brilho e na beleza que eles emitem quando estão juntos ? Quero teu calor em mim também, esse brilho, quero o som do teu sorriso. Eu quero o nós, quero dedos entrelaçados, suspiros ao vento, olhares fixos, sussurros mal pensados. Eu … É pedir demais querer você, num embrulho de sorrisos e felicidade, de presente só pra mim ?

Eu não esqueci, não. Mas presta atenção, não esquecer não significa querer de volta.

Chame do que quiser: vício, mania, loucura, obsessão, um erro. Eu chamo de amor.

E essa vida que anda calejando as pessoas ? Você acaba se acostumando. Se até as palavras calejam, quanto mais o coração.

Você tem nas mãos o poder de mudar o meu humor, o meu dia, se quer saber. Você tem nas mãos o que eu tenho de mais bonito, tem a minha vida, jogada nos teus braços, com todo o peso de um sentimento por trás. Quero te dar num embrulho, com laço de fita e adesivo, com cartão escrito à mão dizendo: Quer namorar esse presente ?

Não, eu não sou tão pura como pensam, nem tão corajosa, muito menos tão feliz. Eu morro de medo, morro e ressuscito todos os dias, acordo sem saber que dia é , como cheguei aqui. Corro por todos os lados sem sair do lugar, dou a volta ao mundo, já experimentei quase todas as sensações, e tenho medo. Não tente me entender, pode parecer clichê , mas nem eu mesma me entendo, mesmo. Num dia te amo, no outro não sei o que fazer com isso. Hoje quero fazer loucuras, fetiches e armações, amanhã quero dormir e dormir e dormir, deitar a cabeça em algum colo que não faça perguntas. Me tira do chão, vou amar você. Me põe no chão, vou correr trás de você. Não sei desistir de ninguém, nunca soube. Eu sou feita de restos, construção de pedaços dos outros, eu sou os outros, dos outros.

Eu sou feita de restos, construção de pedaços dos outros, eu sou os outros, dos outros.

Você, a insegurança em pessoa, me passa segurança. Uma total contradição. Dessas que não faço a menor questão de entender. Dessas que faço a maior questão de mergulhar. Tem cheiro de flor quando abre, riso de rio quando deságua. Tem nascente na alma, corre feito mar, desses cheios de segredos, profundo, com ondas altas, perigos escondidos e histórias que ninguém sabe. Tem a transparência que o mar tem, o doce mistério de um rio. Tem o que eu preciso pra mim, o que eu quero, o que eu procuro, é tudo que eu tenho, é minha vida em você agora.

E essa quantidade imensa de olhares e sorrisos soltos por aí que ninguém nota ? Uma incontável junta de histórias, estórias, momentos, passados, presentes. Uma infinita carência, pedidos de socorro, de medo, de amor. Esperas, retornos, saudades, vontades. Seu vizinho também tem uma história, a pessoa que senta do seu lado num ônibus já sofreu desesperadamente de amor, a ponto de quase morrer por isso; o carinha da frente, na fila do banco, já esteve entre a vida e a morte; a caixa da padaria chora todas as noites por arrependimento e saudade; a vendedora da papelaria já viajou para outro país para conhecer a pessoa que se apaixonou pela internet, morre de amores por seu primo e coleciona embalagens de bombons. Você está amando, sorrindo, sofrendo, chorando. Sai na rua e não olha para os lados, atravessa a vida sem pressa, ou com tanta que nem repara. Agora pergunta se alguém te vê.

Agora tô vivendo um desses momentos em que preferiria não ter sentimentos, ser fria e calculista. Amar dói, por mais que pareça que não, mas dói, principalmente quando se ama mais, quando se busca uma chance de mostrar isso e não lhe é concedida e dói ainda mais o não poder fazer nada sobre isso, as mãos ficam atadas, dependentes do outro, e isso dói, dilacera, machuca, me mata.

É aquela saudade boba, boa, que dói. Dessas que você sente quando vê a outra pessoa fechando a porta depois de um dia lindo juntos. É como se tivéssemos passado o dia inteiro, como se você tivesse acabado de sair por aquela porta e eu fui atrás de você, te enchendo de beijos, pedindo pra ficar mais um pouco. É dessa saudade que ando falando. Essa de te ter comigo, e ao mesmo tempo querer mais, como se não tivesse.

Quero ligar pra você. Passar uma noite de sábado jogada no sofá te fazendo cócegas, como se fosse a melhor coisa que poderíamos estar fazendo. Te ver chorando de rir, ver a felicidade em seus olhos. Nos cobrir com lençóis, como se estivesse fazendo o maior frio lá fora, mas é só pra sentir mais quente o teu corpo perto do meu. Ouvir você contar sobre o seu dia, em como aquele cliente chato te irrita, prestar atenção nas suas expressões, em como você revira os olhos ao falar do carro que quase te atropela e sorrir de tudo isso. Te interromper com um beijo e sussurrar por entre nossos lábios que te amo. Fazer você feliz. Fazer você esquecer o mundo lá fora, nem que seja só por uma noite. Nem que seja pra vida inteira. Eu e você, você e eu, o silêncio e nós.