Coleção pessoal de isacesario

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Matar não quer dizer a gente pegar o revólver de Buck Jones e fazer bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu.

Deus fechou uma porta e deu-me o windows

Se eu fosse um mendigo, gostava que respeitassem o meu trabalho, e, ja agora, a minha pessoa, a minha condiçao. Nao gostava de ser algo a eliminar, nem coitadinho, nem ignorado!! Gostava que se sentassem para conversar comigo, que me quizessem conhecer, que escrevessem as muitas historias que teria para contar!! Nao gostava de me quererem mudar, mas sim que me aceitassem como sou!! E se me quizessem dar uma oportunidade de ter outra vida, gostava que me perguntassem primeiro se eu a gostaria de ter!! Feliz Natal, nos coraçoes de todas as criaturas de Deus existe o Bem!! Pratique que vai conseguir encontra-lo!!

O mundo

Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.
— O mundo é isso — revelou — Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.

As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.

Dos medos nascem as coragens; e das dúvidas, as certezas. Os sonhos anunciam outra realidade possível e os delírios, outra razão.

Assovia o vento dentro de mim. Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas, sou minha cara contra o vento, a contravento, e sou o vento que bate em minha cara.

Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.

Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.

‎É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

O monologo, é um dialogo entre o Id e o Super Ego: EU nao me meto...

Tu que és caçador, ensina-me a caçar!
A ti pescador, eu peço, ensina-me a pescar!
Como nao sei, agricultor, ensina-me a plantar!
Tu que és sonhador, leva-me no teu sonhar!
Se es trovador, ensina-me a cantar!
Pois se eu souber caçar, pescar, cultivar, sonhar e cantar, sera pleno o meu viver
Deixar-me-ei encantar, por todas as formas de ser!.

Eu e os outros


Depois veio o cansaço!

Cansada de repetir a mesma farsa vezes sem conta, acabou; deixei de os culpar os outros quando se tornou obvio que o erro estava em mim. Defeito de fabrico, made in china ou artigo contrafeito, esta sou eu e chega de mascaras. Não adianta fingir que a culpa foi de A, B ou C, XPTO, et caetra.
Nem sequer existe culpa ou culpado, não houve crime. Esta é outra vertente que tenho a explorar: o porque da culpa, que função desempenha no meu cérebro essa inquisição traiçoeira que se impõe e me lança á fogueira?
Estou sempre pronta a culpar-me. Talvez isso me de uma certa sensação de que controlo eu as coisas pois se for eu a culpada, menos mal, para a próxima poderei fazer melhor.
Esta falsa sensação de poder, de que podemos controlar as coisas, traz-nos segurança? Que todos necessitamos de nos sentirmos seguros, reside ate no estado primitivo, é instinto, é natureza.
Como humanos conseguimos iludir a sensação de impotência; colmatar as nossas fraquezas, inseguranças e medos, com as nossas criações.
Desde os mitos e crenças religiosas, partilhados por um inconsciente coletivo, a um eu imaginário privado, ao qual nos apegamos- ou perdemos tempo e despendemos toda a nossa energia a (re)inventa-lo de acordo com determinados padrões - consoante a nossa necessidade de “aprovação” pessoal e de aceitação social.
Passamos a testa-lo, a pô-lo á prova, a projeta-lo nos outros ou a convence-los de que somos isso mesmo, (“fingir para acreditar”), e um dia estamos mesmo a encarnar a personagem na vida a serio.
E se esta funciona, bute, continuamos com ela; senão arranja-se outra: Chama-se a isto adaptação, ajustamentos do individuo (de caracter) ao meio que o rodeia; pomos a mascara, representamos o nosso papel e somos aplaudidos.
Se formos bem-sucedidos, somos recompensados; como a opção B é sermos uns falhados e isso ninguém quer e se não dispomos de recursos para o fazer melhor então só nos resta andar por ca a lamber os colhões uns aos outros para ter lugar na tertúlia.
E é assim que há tanta gente incompetente em cargos de poder, que deveriam ser, os de maior responsabilidade.
E é por isso que o negócio das terapias é tao rentável.
Somos inadaptados por natureza, enquanto indivíduos. Fazemos questão de sair para a rua engomadinhos e, de preferência, todos iguaizinhos uns aos outros (estar na moda, deu origem a outro negocio rentável), para não se notar qualquer imperfeição nossa que faça a diferença.
Temos que ter um emprego, e a casa arrumada, pois se não o fizermos entramos para a lista dos “em risco de exclusão social”.
E isso é muito mais perigoso do que ter dívidas ao banco no valor de 15 ou 20 mil euros, é ter a corda na garganta e estar só á espera que haja alguém que venha e puxe a cadeira.
É que sozinho, isolado, é fácil deixar-se cair na alienação. Só fazemos sentido se o fizermos para/ perante os outros.
Se fosse possível pegar no ser humano descrito e tirar-lhe a casa, o dinheiro, o emprego, a gravata, o carro, os óculos escuros, a esposa exemplar, os filhos perfeitos; o seu status, a imagem de marca e o seu lugar no seu habitat; destitui-lo do seu processo cognitivo, que lhe restaria?
Ao ficar á noite sozinho e nu no escuro, ficava com medo de estar consigo próprio, esse desconhecido, pegava num revolver e pum! Se também lhe tivessem levado a pistola, a arma era ele mesmo, mijava-se todo, e enlouquecia, suicidava-se nem que para isso tivesse que comer as veias do próprio pulso, se tivesse colhões para tanto.
Era um miserável. É esse o nosso miserável. O sem-abrigo, o que vemos na rua a pedir esmola, o que aparece no facebook sem sapatos e com as meias cheias de buracos, o mendigo, o coitadinho, o da sopa dos pobres, o que te deu emprego a ti, que estudaste psicologia, sociologia ou outra “logia” qualquer, que te confere o diploma para gerir a vida dos outros.
O que alimenta as ONGs e as IPSS*, que ele se esta cagando para o que são mas que se aproveitam dele para aparecer na televisão a inspirar piedade para angariar fundos. Quando no fundo todos sabemos, mas não queremos saber, que é nossa OBRIGAÇAO, DEVER CÍVICO de todos acabar com as desigualdades, promover a dignidade humana e não viver á custa dela.
A cidadania esta agora a ser introduzida nas escolas, porque torna os cidadãos conscientes dos seus deveres e direitos, sendo claro que sem uns não tens direito aos outros; não andamos cá para encher o cú a gulosos!
Mas não podemos. Claro que não podemos. O que seria dos vencedores se não fossem os derrotados? O mundo tal qual o conhecemos e fazemos questão de preservar É ASSIM.
Qual DISTRIBUIÇAO DA RIQUEZA!! Isso é coisa de filósofos e revolucionários, que Deus nos livre! Não foram essas ideias que deram origem ao comunismo? Esse bicho, que perigo, essa agora, a utopia só existe no livro do Thomas Moore.
Seriamos excomungados só por ousar apoiar uma coisa dessas! Ainda acabávamos presos, vítimas de uma qualquer fação partidária ou ideologia politica proibida por lei! A Historia esta cheia de casos assim.
Dá-se a esmola ao pobre e trabalha-se para o rico e estamos muito bem, graças a Deus, dorme-se á noite de consciência limpinha.
Gastam-se fortunas em psiquiatras. A indústria farmacêutica move milhões, é um lobbie bem (re)conhecido mas raramente é incomodado.
Só para disfarçar é que de vez em quando la surge uma polemica aqui ou ali, sobre um medicamento que nos esta matando, silenciando ou anulando que é tudo a mesma coisa.
La vem um génio qualquer ou um agente de marketing explicar aos leigos que a ciência é experimental e que por vezes só se conhecem os efeitos secundários de uma droga passado algum tempo de a estar a usar e patati patata…
Ratos de laboratório, porque os animaizinhos simpáticos não, salvem mas é antes o planeta, curem as doenças, vacine-se tudo e todos contra a raiva de todas as coisas que nos podem acontecer enquanto por ca andarmos.
De preferência venha la essa patente que nos declaramos ate a imunidade á morte. Convenhamos que dava imenso jeito que a fórmula do cálculo de esperança média de vida sustentasse a lei de trabalhar até morrer.
Assim e com a reforma só para “pessoas com mais de 99 anos, acompanhadas dos avos”, é que era bom para os cofres do Estado.
Que se passe das palavras á ação, mas só neste sentido: que o conceito de direito social passe a delito inaceitável, como já o conseguimos fazer com a história do Rendimento Mínimo, agora designado Rendimento Social de Inserção, pois viver fiado, isso é que era bom, isso era dantes, para uns andarem á boa vida enquanto os outros se matam a trabalhar!
Vamos fomentar a indignação social contra os subsídios, as reformas e que tudo o que não seja lucrativo!
Todos temos que pagar por ter nascido isso é certo.
E quem pensar muito é louco, fica com insónias, toma la um xanax que isso passa, andas stressado, ansioso e deprimido, toma la a receita, é só ir á farmácia e comprar a pilula dourada do emburrecimento sereno, silencioso e tranquilo. Em nome da segurança: Amem!



*ONG: Organização Não Governamental. IPSS: Instituição Publica de Solidariedade Social.

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.

A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal.

O gênio, o crime e a loucura, provêm, por igual, de uma anormalidade; representam, de diferentes maneiras, uma inadaptabilidade ao meio.

Insanidade,
sem gelo,
por favor?

Dose dupla,
aliás.

Para que desça,
pela garganta,
como as melhores bebidas.

Para que suba,
até o cérebro,
como os mais fortes ácidos.

Para que nos arraste,
até o fundo do poço,
como a mais real tristeza.

Para que nos faça voar,
como o mais profundo beijo.

Para que nos faça sentir,
como o maior dos amores.

E, principalmente,
para que nos faça viver,
de modo intenso,
e essencial,
como a mais insana vida.

Não há nada que seja maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa dia após dia e esperar resultados diferentes.

No adultério há pelo menos três pessoas que se enganam.

É difícil viver com as pessoas porque calar é muito difícil.