Coleção pessoal de HudsonHenrique

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O homem gostaria de ser peixe ou pássaro, a serpente gostaria de ter asas, o cão é um leão confuso (...) mas o gato quer ser somente gato, e todo gato é um puro gato desde o bigode ao rabo.

Otro

De tanto andar una región
que no figuraba en los libros
me acostumbré a las tierras tercas
en que nadie me preguntaba
si me gustaban las lechugas
o si prefería la menta
que devoran los elefantes.
Y de tanto no responder
tengo el corazón amarillo.

O tempo lava e desenvolve, ordena e continua.
E que fica então das pequenas podridões, das pequenas conspirações do silêncio, dos pequenos frios sujos da hostilidade?

Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.

Algum dia em qualquer parte, em qualquer lugar indefectivelmente te encontrarás a ti mesmo, e essa, só essa, pode ser a mais feliz ou a mais amarga de tuas horas.

Ainda que chova, ainda que doa. Ainda que a distância corroa as horas do dia e caia a noite sem estrelas, o mundo brilha um pouquinho mais a cada vez que você sorri.

⁠O inferno sempre pegou fogo;
eu só ainda não tinha chegado lá pra ver.

⁠Mas você irá me encontrar em todas as malditas cartas
que escrevi sob uma demanda de álcool exagerada,
e subvertido em uma paixão,
que mais tarde virou ódio e conturbação.
Datilografadas algo que eu nunca tive,
algo que você
nunca deixou acontecer.

⁠O passado é meu local de encontro, onde há dois amantes em um solo sem dono.
Não há fronteiras para o meu pudor.
Sou um navegante encontrando teu porto; pra me alocar, entrar no cais e me derramar o transbordo que carrego,
que é bem maior que todo o mar.

Sou estrangeiro em seus traços.
Porém, fui extraditado pelos inúmeros pecados.
Me levaram pra casa à força.
Nunca mais pertenci ao seu abraço,
que foi embora de vento em popa.

⁠Hoje estou vivo, porém aflito, de que nada mais poderá me ferir; a não ser eu mesmo. Mas não temo. Já fui meu herói algumas vezes.

Hoje sou a cruz diante da aversão ilusória em uma metáfora de magnitude ambulante, que me alarma, porém não me avisa quando parar.

Eu te amo, e sei como te desarmar.

⁠Que trinfa e range os dentes, faminta, me olhando a par das mandíbulas ferozes, que me atroz um grito soberbo, e perante um grito, gemido, que me tenha calado. Junto ao pé do holofote cenográfico, sou um ator.

E hoje choro lágrimas de confete, assim como a maquiagem no riso do palhaço, assim como a graxa que faz lustrar e rodopiar os asfaltos.

⁠Estou inteiro e jovem o suficiente pra dizer que eu sinto muito ter-te perdido desse mundo. Porém, crucificado em tanto vinho amargo e sem rótulo que me deixaram, junto às adegas de carvalho roto, deixado pros ratos em um esgoto. Às sobras.
Minhas mãos tocam o infinito que há dentro das memórias intactas, e ainda quentes, da perturbação. E hoje sou um pouco mais frequente em olhar pra frente, tentando não ser só essa solidão que me devasta, que me devora, que me tira os pedaços de carne e couro quando me visita e me assola.

Em todo mundo, sem exceção, há uma linha tênue entre o ódio e a explicação.
Ódio: de entender.
Explicação: pra todas as versões de si mesmo que lutou pra ficar bem, e hoje você respira, e é um bom começo.

Uma pena que as condolências; que rítmicas, dançam em uma coreografia ridícula de pena, junto ao meu peito problemático que hoje bate como um marca passo.

⁠Aquele garoto que não sabia de muita coisa, mas ainda enxergava tanta bondade nos outros.
Um garoto, que agora, sente saudade do seu avô, das pescarias em um rio manso. Que não dava peixe, e nem mesmo dava tranco.

Mas fomos aqueles momentos, e isso é irreversível em meus pensamentos.

Não consigo entender a possibilidade de sermos apenas instantes.

Sempre tive a ideia de que um anjo é todo trajado de branco, digo isso em sua total formalidade na vestimenta. Branco. Apenas.

Hoje me condecoro um anjo. Irei dormir com a alma leve como uma ceda.

Me sinto um pedaço de rolha nas entrelinhas da imensidão pluvial; que bate em minhas ondas e me faz entrar água nas orelhas, sentindo aquele riso inocente e frágil da minha criança quando pequena.

Não consigo entender a possibilidade de sermos apenas instantes.

⁠Mas eu também não sou perfeito,
e tornei as coisas um pouco piores do que eram.

Ele nem trata você tão bem.
Mas o seu medo de ficar solitária,
te faz se sentir sozinha
mesmo acompanhada.
Te machuca como uma tesoura sem ponta.
Inofensiva, praticamente indolor;
enquanto te pintam de qualquer cor
(que jamais escolheu ser).

⁠O único problema foi você me ver como uma cura.
Algo que tomaria de seis em seis horas
pra tentar esquecer o que tinha dado errado.

⁠O som da tua voz a pólvoras de distância.
Me guarde no seu bolso como um doce
que comeria depois.

Faça mantras com meu exímio e me reze antes de dormir.

Tudo o que eu fiz pra você era o que eu sentia.
E teu cheiro não irá me confundir novamente pra essa armadilha.