Coleção pessoal de gabrielaturrin2

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— Saudade. Ah, saudade tirana. — Exclamou em sua varanda dando mais um trago em seu cigarro de menta, fazendo a fumaça que soltara pelo nariz sumir por entre os ventos arrepiantes, que faziam questão de bagunçar seus cabelos negros semelhante a noite triste que contemplava, até seus sentimentos. Seu amor rejeitado. Suas duvidas. Suas saudades.
Seus pensamentos estavam fixados numa moça, cujo cabelo cor de fogo, olhos verdes impermeáveis. A moça que pegou seu pobre coração e esqueceu-se de devolver, simplesmente. Talvez ela o pegou e jogou fora, talvez ela nem o percebeu. Talvez, talvez, palavra torturante para aqueles que preferem a certeza, e não a duvida.
Suspirou pesadamente, fazendo seus músculos relaxarem por um instante. A lua brilhava, para ele. Com aquela luz falsa, que nem ao menos era dela.
De fato, ele era egoísta. Queria poder usufruir da sensação, — ao menos uma única vez, até não sobrar nenhuma gota —, de ela tentar escapar por entre seus dedos, e ele simplesmente enlaçar seu braço na cintura dela. Ou até melhor; terminar uma briga com um beijo ávido. Qualquer coisa seria boa, aceitável. Tê-la ali, junto dele.

— Cara...
— O quê?
— Estou apaixonado.
— Ih... Boa sorte.
— Boa sorte? Com esse tom de tristeza? Parece até que estou com uma doença terminal.
Bufou o apaixonado.
— Não, cara. Se continuar com essa de amor, vai estar terminando mesmo. Terminando com a sua liberdade.
— Você não sabe do que está falando. Você perde sua liberdade, sim. Mas, da forma mais bonita possível. Estonteante. Eu viro um poeta, viro um amante da noite. Ainda mais quando se é correspondido. Ah, tudo fica fenomenal. Deveria tentar.
E ele saiu andando com passos tortos, cantarolando.
— Perdi mais um amigo para o amor.
Jogou o resto do seu cigarro no chão, pisou nele. Suspirou melancólico.
— Quando eles irão me perder para esse ladrão da liberdade?