Coleção pessoal de Epifaniasurbanas

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⁠A sacralidade nas refeições.

Há certa equidade no rito das refeições. Sob a toalha, já não se vê quem é maior. A mesa esconde nossas deficiências.

Sentados, a única urgência é pela comunhão, que é repartida juntamente com o pão e a manteiga. O sagrado tem sabor de café.

Quando nestes encontros falamos, rimos e recordamos, as horas voam diante da saudade acumulada, e notamos que, pelo menos por alguns instantes, conseguimos arranhar a eternidade.

Algum aparelho sempre toca e, espantados com o horário, sabemos que é o momento de partir.

Na porta, ao nos despedirmos, alguém intencionalmente sacode a toalha do café, assim as aves também poderão se alimentar com as migalhas dos nossos momentos.

Na ânsia pelo porvir, vagueamos por entre os dias, tentando antecipar o presente. Estamos, mas nunca inteiros. Zumbimos no agora acreditando em um amanhã que nunca chegará. Precisamos estar atentos às chegadas e despedidas, pois o futuro é criado com pedaços de agora.

“Quando o verbo se fez poeta a poesia virou sinônimo de Deus.”

⁠A criança antevê a felicidade, não espera que ela chegue para ser feliz.

⁠Não espere a primavera chegar
inspire-se nos ipês e floresça
A_Gosto.

“Não creio na construção sadia de uma humanidade longe da espiritualidade. Nem creio que alguém se torna melhor lendo cartilhas, para mim sentimentos são itens espirituais.
Para ser inteiro, não divorcio o corpo do espírito. Somos corporificação daquilo que os olhos não vêm, a melhor parte dos dois mundos.”

“A educação e o beijo são as melhores preliminares.”

⁠Mente livre, ventre livre

Não era liberdade completa, é certo
a lei mantém a condição de objeto.
A liberdade não veio das mãos de quem
escravizou. Nem escravo, nem livre foi
o que o negro se tornou. Mas a liberdade
caçou seu jeito de acontecer. Quando o
ingênuo viu que a verdadeira alforriaera oacesso ao saber.

⁠⁠Ao olhar do vidro avanço
o tempo nesse receptáculo.
Escoa uma areia fina
de seu corpo esguio.
A chuva cor de palha
vem de céus afunilados.
A miséria a conta gota nunca cessa,
caí de grão a grão.
Na cabeça os grânulos da areia
do tempo desgastam a fé e os fios.
Aqui não há futuro
tudo é agora ou tudo já se foi.

⁠Mulher de fases, tais como a lua.
Tem fases de querer se fazer sentida
igual a força exercida em homens e marés.
Fases de dar sentido criando destinos
como quem faz um mapa astral.
Fases de doação se fazendo clarão para
iluminar a noite escura dos apaixonados.
Fases de reconhecimento
querendo o olhar atento
dos que lhe escrevem versos de amor.
Ela é como a lua, só faz o que quer.
Ela é como a lua, tem fases e fusos próprios.
Míngua, Cresce e se re_Nova.
Ela é como a lua...
Cheia de vontades.

⁠⁠⁠⁠Procure não divulgar seus projetos embrionários. É importante que você saiba
que nem todos querem que você obtenha sucesso. Até porque o sucesso destes depende de sua contínua servidão.

⁠Do teu jardim poético
exala
verso rosa.
Ao expirar
inspira
aos que te vêem.
Teu verso é estrela
que cai sem aviso,
do céu da boca
ao coração dos que te lêem.

A mentira não muda de status conforme o cargo de quem a contou. Pode ser seu amigo, seu companheiro, seu pai, seu médico, seu patrão,seu presidente a mentira continua sendo mentira e sempre deixará quem a contou menor.

⁠Se o pensamento cria a realidade como você ainda não se materializou?

Na ausência do material o imaterial tomou lugar. Meu pensamento criou asas e foi te visitar.

Pensamentos felizes esse é nosso segredo.
O papel é o meu passaporte para o nosso lugar.

No lá... já existimos e o somos o que quisermos. A poesia é o nosso ventre.

⁠Não existe amor à primeira vista
O amor se revela na última despedida
É no "fica mais um pouco", que o amor se eterniza.

⁠Ao fugir por medo de amar tornei-me refém da saudade. Não queria me relacionar, já havia me acostumado a gostar sozinho.
E o coração que antes só batia, apanha.

⁠Economizo a informação para aumentar o encantamento. É o jeito que encontrei de revisitar o éden. A utopia ajuizada não é utopia.

⁠Melhor que uma verdade escrita é uma beleza bem contada.

⁠Chove bastante aqui dentro
Venta forte
Inverno-me.
Ao invés de praguejar
Varro as folhas caídas
Agradeço o beijo da brisa
E tento preservar os galhos
Até o meu próximo florescer.

Em tempos de reclusão, a palavra vale mais que a fotografia. É das palavras de afeto que realmente sentimos falta; da boca do interlocutor que é a moldura dessa saudade.