Coleção pessoal de EnideSantos

61 - 80 do total de 345 pensamentos na coleção de EnideSantos

Plêiades: Deambule

Descortinando de vez a rispidez do medo
Descansa teus olhos em mim
Desvista para sempre deste adeus
Domando qualquer melancolia
Desenhe fronteiras e ilhas, deambule.
Despeje este grito trêmulo em meus ouvidos
Dando luz a sua eterna fantasia.

Enide Santos 20/11/15

Acróstico: Deambular

Deixou pegadas sem destino
Emasculado vagueou
Alma e corpo feridos
Marionete do destino se tornou
Banido dos desejos, fora.
Usurpado sem perdão
Lápide sem inscrição é seu coração.
Abdicando de viver
Rompe o tempo sem perceber.

Enide Santos 16/11/15

Tautograma: Deambular

Diante Do Direito De Devanear
Decidi Deletar Distâncias
Depois, Demoli Dias Difíceis.
Descortinando Duras Duvidas.
Destemida Deixei-me Divagar
Degustei Delírios Divinos
Deslumbrada, Deambulei

Enide Santos 20/11/15

Indriso: Deambulo

Derramando-me entre os campos e as florestas
Perfuro com fome o passado
Entre os tempos e as horas certas

Vou debulhando-me como flores que viram cisco
Vou reparando em tudo sem saber o que dizer
Vou vertendo-me devagar, sem prever.

E em cada suspiro que dou, deambulo.

Buscando incessantemente por ti, amor.

Enide Santos 20/11/15

Haikai -16

Na poça do breu
Nu, sem asas deambula
A caça do amor

Enide Santos 18/11/15

Tipo Assim: Tipo para mim

O que tem em você de Deus hoje?
O que tem de Deus em suas perguntas em suas respostas?
O que há de Deus em suas atitudes em suas quietudes?
Será que vale o ar que consumiu no dia de hoje?
Será que vale apenas para você?
O que tem de Deus em você agora?
Talvez, Enide, você deva excitar cada vez mais a sua capacidade de ver.
Estimular a sua vontade de entender.
E não deixar perder-se o seu desejo de o coração de Deus no seu ter.

Enide Santos 170/9/15

São Paulo, 07 de setembro de 2015.

Epístola-22
Fragmentos de mim


Estava chovendo...
Naturalmente te acompanhei até o carro, nos despedimos e eu voltei para casa, entrei no nosso quarto, deitei-me em nossa cama que ainda estava quente do nosso amor.
Deitei-me no seu lado da cama agarrei-me em seus travesseiros e chorei.
Chorei muito, como se minha alma estivesse sendo arrancada do meu corpo a ferro e fogo, mas que, não apenas eu sentindo, também vendo e também executando.
Chorei por um bom tempo sem saber ao certo porque chorava, sei que me sentia magoada, furiosa, sentindo principalmente muito medo.
Amofinei as lágrimas que havia em minha face, instintivamente já proibindo que outras se atrevessem a surgir. Então cacei aquele ar! Aquele que só usamos quando a vida parece que vai nos deixar, aquele que é pouquinho, pequenininho, mas que tem o poder de afastar o fim.
Não sei como lidar com algumas destas “novas” descobertas, sinto-me definitivamente perdida, despida de astucia. Embora pareça ridículo, mas no fundo, bem lá no fundo sinto-me honrada e muito aliviada. Eu sabia que tinha um preço para ficar com você, sabia que a qualquer momento ele se manifestaria, pois sempre que pensava nisso, já tentava me prevenir de que nada seria problema para o tamanho do meu sentimento por você, imaginava que seria capaz de compreender tudo, de superar tudo para não ter que viver longe de você.
Não sei o que faço com todas estas informações, apenas sei que as que me fizeram chorar são menos importantes que as que e me elevaram como mulher, como ser humano e não estão sendo vividas como se deveriam.
Percebi que estou em sua vida, e isso me deixa extremante feliz, porque quando se ama alguém subitamente é na vida dela que queremos estar. Á magoa, a fúria e o medo surgem, emanam de saber que não apenas eu preciso e quero você, mas que há um dissimulado combate que eu não vou perder, porque nunca fui muito de lutar por nada pra mim, mas não quero e não vou abrir mão de você. Esta decisão é irrevogável.
Enide Santos 07/09/2014

São Paulo, 01 de setembro de 2015.

Epístola 21
Fragmentos de mim.

Enide Santos (Poções, 30 de outubro de 1968).
Decidi que não quero ir para sempre, e para isso me propus a criar o caminho que me fará permanecer, pois de alguma forma quero ficar.
Hoje tudo que tenho é tudo que sinto e é este o meu passaporte para alçar meu principal voo. A liberdade de estar depois de ir.
Para chegar onde quero preciso trespassar o tempo, necessito de conhecimento e principalmente da intimidade com o entendimento, porém jamais saberei se cheguei, mas ao menos saberão que tentei.
O que mais me é necessário hoje é que me deem amanhã, hoje convém plantar-me no futuro sem mim o qual jamais saberei se brotei.
Não quero apenas tornar-me leve e simplesmente ser levada pelos ventos, quero jazer-me em negrito ou itálico quero ser grifo.
Habita-me o conteúdo ao qual almejo aprimora-lo e intensifica-lo, para que não se desfaça facilmente.
Pretensão de minha parte? Sim, sei que sim, mas se eu não fizer por mim como poderei dizer para que façam por si se é para isso que estamos aqui!
Nascer não é apenas para viver por viver, nascer é o principio de se fazer.
Neste contexto, dedico minha vida a construção de minha morte, a sua eterna gestação de mim.
Enide Santos 01/09/2015.

Tem poesia que vem assim

Tem poesia que vem assim
Do engano e da verdade
Do entendido não entendido.
De um descuido da realidade
Do instinto da felicidade

Vem montando substâncias
Articulando
Regendo
Cometendo suicídio

Vezes dinâmica e ininterrupta
Engolindo passado
Ejetando o presente
Danificando o futuro

São frequentes as mudanças
Elaborando degradações
Revelando histórias de dor
Incubando a sede do amor

Dom sem preço
Virtude órfã de decomposição
Ou será
Defeito
Mania
Pecado ou perversão?
Tem poesia que vem assim
Vem se apossa e fim.

Enide Santos 26/08/15



A palavra que contém em si
Tudo que sou
Tudo que almejo
Tudo que amo e odeio

Verbo que de seu ventre
Verte infindas lágrimas
E com seus risos
Afugenta minhas farpas

Termo clandestino
Sabotador de instintos
Mutila sinas
Não economiza rixas

Só estando só
Que toda a realidade olha pra mim
Descobrindo-me da ilusão
De que já ao nascer sou solidão.

Enide Santos 2608/15

Dor fresca na memória

Talvez eu não deva morrer
Como se morre qualquer ser
Talvez depois de te perder
Eu deva um pouco por vez fenecer

Talvez eu deva mesmo buscar
O maior tempo possível durar
Para que mesmo sofrendo
Tenha mais tempo para te amar

Talvez, apenas talvez.
Tudo isso seja bom
Apenas por agora
Que a dor é fresca em minha memória.

Enide Santos 02/08/15

Oh, My Lord!

Porque te vais embora?
Porque rejeitas meu amor?
Eu posso abrigar os teus medos.

Proteger-te de teus pesadelos
Curar-te de tua fragilidade
E renovar tua virilidade

Ainda não és falecido teu amor por mim
Vejo-te sempre faminto
Por que my Lord, queres te afastar assim?

Já bebestes da fonte
Já cruzastes os montes
Oh, my Lord! Não se vá daqui.

Não deixes tua Milady
Sabes que sou eu o teu deleite
Que de mim não podes partir.

Venha my Lord!
Desvista-se desta rosna
Seja valente, não brinque com a sorte.

Enide Santos 31/07/15

Na ponta da língua

Estava na ponta da língua
A palavra que iria te intitular
Mas um pensamento indecente
Apossou-se de mim ferozmente
E a este nome fez mudar.

Estava na ponta da língua
Toda minha fome de beber
Toda minha sede de comer
Mas um pequeno gesto teu
Tudo mudou e todo meu corpo ascendeu

Estava na ponta da língua
O resgate para o desperdício de sabor
Mas já com o corpo fervendo
As palavras foram se perdendo
Apenas entre os dentes a língua ficou.

Enide santos 31/07/15

Puro prazer

Teus olhos já não fogem mais de mim
Agora me buscam
Como borboletas a um jardim.

Retorna tua boca
Para encontrar-se com a minha
Assim como a abelha a sua rainha

Tuas mãos conseguem me enxergar
Assim como a terra
Delineia o seu mar.

Ah, a tua pele!
Que seu calor busca me doar
Assim como o sol aquece o ar.

Nada é por obrigação
Apenas por prazer
Amor e paixão.

Enide Santos 20/07/15

Sê meu rei.

Sê meu rei.
Seja a fonte que nutre meus instintos
Sê meu dono, meu arrimo.

Sê meu amante, meu menino
Seja a força de meu intimo
Sê sereno e continuo.

Sê a fome da minha sede
Seja prazer e jeito de doer
Sê fisionomia do poder

Sê meu discípulo
Seja meu galante curumim
Sê meu macho, meu serafim

Sê meu rei, meu tutor
Seja a jaula de meu pudor
Sê meu homem, meu amor.

Enide Santos 11/07/15

Hoje pedi perdão a Deus

Hoje pedi perdão a Deus
Pedi que me perdoasse
Por meu coração quase explodir
Sempre quando penso em ti.

Orei ao meu Senhor
Para que sempre de ti cuide
E não te afaste
Deste meu amor.

Pedi que me guie, me instrua
Ajude-me a enveredar
E em teus caminhos
Belezas hei de plantar

Deixei a minha verdade falar
Deixei-a pedir e implorar
Que em nome do Senhor
Não me permita sem ti ficar.

Ah, a humana que sou!
Infinitamente mesquinha
Imensamente sozinha
Dependendo deste teu amor

Hoje pude com clareza me ouvir
E com este som roguei
Lancei-me ao vão
E ao Senhor pedi perdão.

Embaixo do mundo

Embaixo do mundo
Onde se disfarçam as horas
Para onde se varrem os restos de histórias
De onde se (re) tira os finos e frágeis fios
Que laçam a memória.
Embaixo de cada mundo, há um mundo.
E nos sabemos e o absorvemos
E sob o mundo da amizade
Há um mundo de saudade
Um mundo da verdade
Um mundo de amor.
Enide Santos

Despida de ti

Agora despida deste amor
Rumino o passado
Como um cão flagelado

Devolva-me a doçura que te dei
Não es digno de abrigar
Nem mesmo de mencionar
As palavras que a te dediquei.

Restitua minha brandura
Com a ausência de tua figura
Afaste-se de mim
Es um abutre indigno e ruim

Distancie-se
Vá daqui
Vá para bem longe
Deixe de existir,
ao menos em mim.

Enide Santos 16/06/15

Ar feminino do fogo

O ar feminino do fogo
Abranda-se em sua formosura
E com seu prazer sensitivo
Lambe a carne das coisas

Com veemência expõe-se
Lançando seu desapego
Interpretando sua composição

Faminto oscila, baila, flama.
Devorando-se como a um grito
Chega ao seu ápice, expurga e fim.

Apenas cinzas fitaram o vento
Apagadas e frias ressaltam...
O ar feminino do fogo jaz sem luz.

Enide Santos 16/06/15

Moça bonita

Ah, moça bonita!
Quando tu ainda
Florescias em minha sina
Lambuzava-me de tanto te olhar.

Ah, garota linda,
Que sorrisos sabes dar!
Eu não os pego
Pois não os sei aprisionar.

Mas às lembranças me entrego
Destes teus sorrisos ternos
Que aos poucos me tira o ar.

Ah, moça bonita!
Tua formosura me excita
Teu traquejo me irrita
E de cócoras faz-me ficar.

Jovem donzela
Rouba de mim grande parcela
Compreendes ser a bela
Não se inibi em tripudiar

Rapariga volátil e exibida
Que a mim apenas incita
Saboreando atormentar.

Pequena senhorita
Linda e febril
Ama saber
Que a ela sou servil.

Enide Santos 27/05/15