Coleção pessoal de EmOutrasPalavras

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Conheço com lucidez e sem prevenção as fronteiras de comunicação e da harmonia entre mim e os outros homens. Com isso perdi algo da ingenuidade ou da inocência, mas ganhei minha independência. Já não mais firmo uma opinião, um hábito ou um julgamento sobre outra pessoa. Testei o homem. É inconsistente.
(Como Vejo o Mundo)

Tenho forte amor pela justiça, pelo compromisso social. Mas com muita dificuldade me integro com os homens e em suas comunidades. Não lhes sinto a falta porque sou profundamente um solitário.
(Como Vejo o Mundo)

Jamais considerei o prazer e a felicidade como um fim em si e (…)
Em compensação, foram ideais que suscitaram meus esforços e me permitiram viver. Chamam-se o bem, a beleza, a verdade. Se não me identifico com outras sensibilidades semelhantes à minha e se não me obstino incansavelmente em perseguir este ideal eternamente inacessível na arte e na ciência, a vida perde todo o sentido para mim. Ora, a humanidade se apaixona por finalidades irrisórias que têm por nome a riqueza, a glória, o luxo. Desde moço já as desprezava.
(Como vejo o mundo)

Recuso-me a crer na liberdade e neste conceito filosófico. Eu não sou livre, e sim às vezes constrangido por pressões estranhas a mim, outras vezes por convicções íntimas. (…) diante do espetáculo aterrador das injustiças humanas, (…) Aprendo a tolerar aquilo que me faz sofrer. Suporto então melhor meus sentimentos de responsabilidade. Ele já não me esmaga e deixo de me levar, a mim e aos outros, a sério demais. Vejo o mundo com bom humor.

Minha condição humana me fascina. Conheço o limite de minha existência e ignoro por que estou nesta terra, mas às vezes o pressinto. Pela experiência cotidiana, concreta e intuitiva, eu me descubro vivo para alguns homens, porque o sorriso e a felicidade deles me condicionam inteiramente, mas ainda para outros que, por acaso, descobri terem emoções semelhantes às minhas.
(Como Vejo o Mundo)

Quem conheceu a alegria da compreensão conquistou um amigo infalível para a vida. O pensar é para o homem, o que é voar para os pássaros. Não toma como exemplo a galinha quando podes ser uma cotovia”
Albert Einstein

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

O médico vê o homem em toda a sua fraqueza; o jurista o vê em toda a sua maldade; o teólogo, em toda a sua imbecilidade.

Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. O destino da felicidade, me foi traçado no berço.

E os grandes proprietários, que têm de perder as suas terras na primeira rebelião, os grandes proprietários que estudam a História, que têm olhos para ler a História, deviam conhecer este grande fato: a propriedade quando acumulada em muito poucas mãos esta destinada a ser espoliada. E do fato complementar também: quando uma maioria passa frio e fome, tomará à força aquilo que necessita. E também o fato gritante, que ecoa por toda a História: a repressão só conduz ao fortalecimento e união de todos os oprimidos. Os poderosos proprietários ignoram os três grandes gritos da História. A terra acumulou-se em poucas mãos, o número dos espoliados cresceu e todos os esforços dos grandes proprietários se orientaram no sentido da repressão. Gastava-se o dinheiro em armas e gases para proteção das grandes propriedades; espiões eram enviados com a missão de descobrir insurreições latentes, que precisavam ser abafadas antes que nascessem. Ignorava-se a transformação econômica; não se tomavam em consideração os planos para a transformação; apenas se tomavam em conta os meios de destruir as revoltas enquanto as causas das revoltas permaneciam.”
John Steinbeck, in As vinhas da ira

Por que somos tão cheios de restrições? Por que não nos entregamos em todas as direções? Será medo de perder a nós mesmos? Até que nos percamos, não pode haver esperança de nos encontrarmos. Somos do mundo e para entrar plenamente no mundo precisamos primeiro nos perder nele. O caminho do céu nos leva através do inferno, é o que se diz. O caminho que tomamos não tem importância, contanto que deixemos de percorrê-lo com cautela.

Passa-se a noite, vem um sol ardente e bruto
Morre a flor e nasce o fruto
No lugar de cada flor
Passa-se o tempo em que a vida é todo encanto
Morre o amor e nasce o pranto
Fruto amargo de uma dor

Todo horizonte é, a um tempo, possibilidade e limites. Nas horas de entusiasmo, são as possibilidades da razão que emergem na reflexão filosófica; nas horas mais tranquilas, ou, quiçá, de depressão, os limites vêm à tona com mais facilidade. É a hora, então, do ceticismo, da dúvida, das posições mais cautelosas, a respeito da real capacidade humana para a verdade.

A não-violência, em sua concepção dinâmica, significa sofrimento consciente. Não quer absolutamente dizer submissão humilde à vontade do malfeitor, mas um empenho, com todo o ânimo, contra o tirano. Assim um só indivíduo, tendo como base esta lei, pode desafiar os poderes de um império injusto para salvar a própria honra, a própria religião, a própria alma e adiantar as premissas para a queda e a regeneração daquele mesmo império.

Na angústia não acontece nenhuma destruição de todo o ente em si mesmo, mas tampouco realizamos nós uma negação do ente em sua totalidade para, somente então, atingirmos o nada. Mesmo não considerando o fato de que é alheio à angústia enquanto tal, a formulação expressa de uma enunciação negativa, chegaríamos, mesmo com uma tal negação, que deveria ter por resultado o nada, sempre tarde. Já antes disto o nada nos visita. Dizíamos que nos visitava juntamente com a fuga do ente em sua totalidade.

A espécie humana há de passar como passaram os dinossauros e os estegocéfalos. Pouco a pouco, a pequena estrela que nos serve de sol perderá o seu poder iluminador e aquecedor... Terá, nessa altura, cessado toda a vida sobre a Terra, que continuará, como astro caduco, o seu voltear sem fim nos espaços sem limites... E então, de toda a civilização humana ou sobre-humana – descobertas, filosofias, ideais, religiões -, nada subsistirá. Não restará mesmo, de nós, o que resta hoje do homem de Neandertal, do qual, pelo menos, alguns ‘despojos’ encontraram asilo nos museus do seu sucessor. Será anulada, para sempre, neste recanto do Universo, a aventura grotesca do protoplasma. Aventura que, talvez, se renove noutros mundos, sempre sustentada pelas mesmas ilusões, criadoras dos mesmos tormentos, sempre igualmente absurda, igualmente vã e igualmente condenada, desde o princípio, à frustração final e à treva infinita...
Jean Rostand, in Pensamentos de um biólogo

É preciso não esquecer e respeitar a violência que temos. As pequenas violências nos salvam das grandes. Quem sabe, se não comêssemos os bichos, comêssemos gente com seu sangue. Nossa vida é truculenta, Loreley: nasce-se com sangue e com sangue corta-se para sempre a possibilidade de união perfeita: o cordão umbilical. E muitos são os que morrem com sangue derramado por dentro ou por fora. É preciso acreditar no sangue como parte importante da vida. A truculência é amor também.
Clarice Lispector, in Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres

Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.

A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.

Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou.