Coleção pessoal de edsonricardopaiva

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Quando você precisar
Usar calçado que machuca
Vestir roupa quente no calor
Acalmar gente louca com olhos de ternura
E ser obrigado fazer coisas absurdas
Pelo valor da mensagem subliminar
Quando você entender
O motivo de cada sacrifício
Sentir vontade de matar gente
Que não cumpre compromisso
A ainda assim sentir um enorme alívio
Por ter engolido em seco e não ter feito isso
Abrir mão
Do resultado esperado
E deixar de lado
A própria vida
Compreender que é preciso abandonar-se
Deixar-se ficar
Anular-se
Esquecer-se
E ainda assim fazê-lo
Não para agradar àqueles
Que estão longe ou perto
Você o fez
Porque era o certo
E fez sem pedir opinião
Nem abraçar palavras bonitas
Ou religião
Nem ideologia
Fez porque acredita
e mais nada
Talvez nesse dia, finalmente
Você esteja pronto a entender
O Mundo e a vida
Aprenda primeiro
Que qualquer idiota é capaz
de seguir a maioria
ou a minoria, se isso lhe apraz
Fazer simplesmente
Porque todo mundo faz
E tornar-se idêntico a eles
Mas é preciso um pouco mais que isso
Pra poder um dia morrer em paz
Sabendo que foi honesto
Feliz de não ter sido igual ao resto
Orgulhar-se por ter sido autêntico.

Edson Ricardo Paiva

Nem sempre o pensamento
Te traz as melhores respostas
Pois existem coisas
Que simplesmente não as tem
E a ninguém é permitido
Estar correto o tempo todo
Não há quem tenha vivido neste mundo
E que não tenha cometido
Muito mais erros que acertos
E é nesses momentos
Que o pensamento
Muitas vezes surdo e mudo
Tem tudo pra tornar-se um grande amigo
Por não trazer-te
A solução mais errada
Pode ser
Que com um pouco de sorte
O Pensamento apenas conclua
Que se for
Pra confiar cegamente
Nas próprias soluções e inteligência
Melhor não saber de nada
Pois, além de normalmente estar errada
As tuas loucas ideias poderão carregar-te
Pra um lugar escuro e distante
Bem pior que tudo
Que pensa saber que sabe
Essa tua pouca inteligência.

Edson Ricardo Paiva.

O navio passa ao longe
Chaminé sem fumaça
Frieza que instalou-se
E junto a si trouxe apenas
A ausência triste e constante
De pequenas coisas
Que já não mais existem
O som da onda a quebrar na pedra
Ecoou triste e cortante
Trazendo a saudade
de tudo que o Mar tragou
Incontáveis naufrágios
Que causaste e que não viste
Até mesmo a tua imagem
Que vinha-me sempre à mente
Agora já nem vem mais
Sumiste também no horizonte
Mas eu sei que não tens
Quem te conte
A tudo que ocorreu aqui
Nesse lugar distante
O tempo passado
É como um Mar que leva
E levou-te eternamente
Pra longe do que restou.

Edson Ricardo Paiva.

Por cada porta
Creia
Existe ...sim, a opção
De deixar ou não
O melhor lugar que existe
Pra guardar a paz em segredo
Coração, que se leva
E medo também
Ninguém poderá jamais
Buscar noutro lugar
O oposto
Ao que existe em si mesmo
A paz ausente estava lá
E em nenhum lugar do mundo
Jamais achará
Se não tiver
As distâncias conflituosas
Uma dose de algo que foi de graça
Não há dinheiro
Que faça voltar agora
Chora o coração, sem paz
Se perdeu ao passar pela porta
O caminho era outro
Volta a escuridão da noite
Apesar da Lua e as estrelas
Muito além de tudo isso
De vez em quando e eternamente
Pense que jamais vai vê-la
Um traço tortuoso
Uma pedra lançada
Pedaço bonito
do tempo que passou
E se perdeu
Assim prossegue a vida.

Edson Ricardo Paiva.

Um sono suave
Pode ser até
Que algum sonho tenha havido
Mas aquela doce vida
Era tão boa
Que a gente nem pensava
Em perder tempo à toa, sonhando
Lá em casa
A gente até quase ria, de vez em quando
Uma voz mais grave
Invariavelmente
Nenhum de nós tinha feito nada
Nas asas do tempo
Um avião de papel ... um brinquedo
Uma luz acesa lá fora
Pode ser que fosse a Lua
Eu não sei quem foi que guardou
As chaves do lugar
Onde se põe para sempre
A lembrança sem par
Do som dos teus passos no portão
Que hora bonita tinha o dia
Silhueta distante
Um vulto no final daquela rua
Uma festa calada
Era muda a alegria, mas era
Essa vida que voa nas asas do tempo
Quando menos se espera
O suave, a voz grave, a alegria
os teus passos.
Até mesmo a própria Lua, tão brilhante
Ainda brilha
Porém hoje brilha menos
Brilha bem menos
Que no tempo bonito e distante
Ninguém sequer o desenhou
Mas tudo isso vai pra sempre estar escrito
Aqui e ali
Nos pedaços mais simples
da vida da gente
Eternamente
Nos espaços vazios do telhado
Que chovia
No traço da luz da Lua
Que fugia do Céu
E invadia o quarto na escuridão
Na ilusão das asas
de um pequeno avião de papel.

Edson Ricardo Paiva.

Podia ter sido fácil
Mas nem tudo depende
da nossa vontade
Até que seja tarde em nossas vidas
Aliás
O Sol já por demais se pôs
E a cada dia mais mudo
Hoje mesmo o olhei
Até que sumisse de vista
Pensei no passado
Em cada conquista
Que podia ter sido tão fácil
Mas não dá pra eternizar
O momento ou lembrança
de cada abraço que se desfez
Agora cada passo
É sempre dado em direção oposta
Teria sido fácil
Mas tornou-se aposta
Insanidade insensata
Resta a ingrata missão
de saber e reconhecer
Que nem tudo depende
da nossa vontade
Há liberdade de escolha
E ao cair da última folha
Um grito lancinante de tristeza
de longe será ouvido
Diante da certeza
Que podia ter sido fácil
Mas aquilo que tanto queria
E podia ter sido fácil
Longe se vai
Deixando pra sempre o vazio
Que essa ausência traz
A felicidade já terá partido
Dessa vez pra nunca mais..

Edson Ricardo Paiva

O jornal na soleira do dia
Um embrulho na porta
Até mesmo Deus entregou
As gotas de orvalho durante a madrugada
Num jardim de flores mortas
Um caminho solitário além do portão
Solidão apressada e insistente
Vem gritar na janela
Aquela palavra que eu tanto fugia
Assim começa outro dia
Não me basta trocar de endereço
Neste vasto mundo
O preço que pago é tão alto
Que tudo isso me alcança amanhã
As portas sempre abertas pra sair
Mas fechadas, quando a gente quer entrar
Tanto faz
O jeito é viver a vida
Como ela vier
Pois qualquer lugar é lugar
Qualquer coisa é ruim.

Edson Ricardo Paiva

Quanto mais a gente cresce
E conhece melhor as pessoas
Maior se torna a admiração
Pela mancha de bolor que se formou no teto
A vida segue adiante
E em nada adianta esperar o passado amanhã
O caminho é tortuoso
Mas a linha do tempo é reta
Desisti dos sonhos sem precisar nenhuma ajuda
E quanto mais a gente cresce
Mais aparece quem nos acuda nesse sentido
As ilusões prosseguem perdidas
Assim como ilusórias são as relações de afeto
Até que um dia a gente acorde e perceba
Quão ilusória poderá ter sido a própria vida inteira
Inteiramente perdida, mas sempre existe uma exceção
E nasce no coração uma única certeza
A mancha de bolor no teto é verdadeira.

Edson Ricardo Paiva.

Vai
Vai-te igual a tudo nesta vida
Vai
Vai-te pra sempre
Vai
E desaparece na escuridão da noite
Vai
Vai-te criatura das trevas
de anjo travestida
Mas vai
Vai-te pra sempre e me esquece
Vai
Desaparece de vez da minha vida.

Edson Ricardo Paiva.

Tem dias em que a alma nos convida
Com gosto forte de domingo à noite
daqueles que a gente queria
Olhar pro espelho
E ver o rosto de um sábado distante
Quando ouvia uma canção desconhecida
E tinha a impressão de tê-la ouvido
Em um domingo qualquer de outra vida
Tem vidas pelas quais a gente passa
Com jeito morno de fumaça que dissipa
Imagem que nos foge ... escapa pela fresta
Que numa incauta afoiteza qualquer
Esquecemos de fechar
Pior é que por esse mesmo lugar
É que adentra essa triste sensação
Com gosto de domingo à noite
Que entorpece a alma
A alma distraída
Talvez esquecida
Nos convida
Olhar pro espelho
E ouvir uma canção
Que alguém tocava
Noutra vida.

Edson Ricardo Paiva.

Na varanda do quintal
Igual a tantos ontens
Hoje escondo um olho à luz do Sol
E vejo um pouco mais aquém
E penso por um segundo
Que nunca olhei tão profundo
Enxergo em olhar marimbondo
Levando pra sob o telhado
A alguma coisa que Deus lhe deu
E concluo aqui comigo
Se esse voar fosse meu
Eu voava até o fim do mundo
Chegando o final do dia
Dizia pro meu amor
Por favor, se ainda não me esqueceu
Se eu fosse você, não esquecia.
Abelha a fazer mel na telha
Desde que sumiste
A chama da vela
Bailando tão triste
Madrugada que ainda clareia
Na areia das horas
Caminho de volta
Não há nada que eu faça
Ou que possa fazer
O monstro da Santa Agonia
É fumaça de vela a também ir embora
Aquilo a que tanto eu queria
Vou querer por mais outro dia.

Edson Ricardo Paiva.

Demora
O coração bate meia-noite
O vento abre a janela das horas
E por enquanto o relógio ainda chora
Lá fora, a Lua a pino brilha linda
Demora
O destino não concretizou-se ainda
O rumo da vida é ser feita de horas
Perfeitamente lentas
Aumentando o fluxo
do vento pela janela
Momento a momento
Cada vez mais lentamente
Se a noite quis ser imperfeita
O fez com tanta perfeição
Que até agora eu aqui
No colo da rede
Sinto sede de sonhos
É tanto Céu
É tanta noite
É tanto solo
É tanto nada
Alta madrugada
Alvorada
Dia claro
Noite escura
Aquilo que se espera
Sem saber bem ao certo
Se vem ou não vem
Demora
O coração marca as horas
Enquanto o relógio
chora.

Edson Ricardo Paiva

A nuvem parada
No Meio do Céu
Pedia ao Sol que não viesse
Mas o Sol sempre vinha
A pedra da beira do rio
Pediu à nuvem
Pra que essa não chovesse
E o pássaro que ia pescar
Desejou que a pedra
Não fosse escorregadia
A Plantinha diminuta
Existente por sob o galho
da árvore onde o pássaro vivia
Pediu ao pássaro que voltasse
Desejou que o rio corresse
Sorriu para o Sol todo dia
Até hoje eu não sei como acontece
Mas tenho a impressão
Que essa prece
Era a única que Deus ouvia.

Edson Ricardo Paiva

Felicidade
É um lugar que existe
Escondido
Fica muito além
de simplesmente longe
É lá que se encontra cada laço
Cada passo e cada compromisso
Em toda direção oposta
De cada Estrada que seguimos
Catando estrelas com rede
Quais fossem
Imaginárias borboletas.
Mas quando se deseja
Arrancar asas aos sonhos
Troféus, carrosséis de ilusão
Coisas que voam
...e que brilham
Apagadas, elas caem
No clarear do dia
Não há Paraísos
Paz, nem melodia
Borboletas, beija-Flores, estrelas
Há palavras escritas
Que resultam num lugar vazio
e pensamentos
que te afastam
muito, muito mais do que pode pensar
Mas você os pensa muito intensamente
Triste!
O Paraíso continua lá
No voar da abelha
No cair da folha
Na dor da saudade
No desembaraço
Simplicidade
Desenhada em versos
Sem tinta
Sem Papel ou comprometimento
Nenhum compromisso cumprido
Firmado com Deus
Entre a gente
Só há a morte
A fluir dos cortes
de sorte
Que a felicidade
Se encontra a menos de um passo
Num lugar distante
Lá dentro da gente
Escondido
Atrás do mal
Tão bem guardado
Nesse coração endurecido
O lugar mais mais fácil
Que Deus encontrou pra guardar
Por isso
Tão difícil de achar.

Edson Ricardo Paiva.

Um anel de brinquedo
Um amor de verdade
O bolo feito com carinho
A falta de jeito ... a ansiedade
A fotografia de um final de tarde
Explosão no Céu escuro
Lua clara no horizonte
A marca solitária dos meus passos
A palavra saudade ...só pedaço de papel
O chá que queimou-me a língua
de tão quente
O preço de tudo isso
É o quanto vale pra gente
E não o valor que o mundo lhes dá
Pois a bem da verdade
O mundo mente.

Edson Ricardo Paiva

Pode ser
Que o tempo endureça tanto
Os corações
Tão sofridos da gente
Que quando a gente não vê
Chega uma hora
Que ninguém mais chora por nada
Pode ser
Que a gente chore escondido
E até brigue com o vento
Sempre que lembrar
Que ele levou pra sempre embora
Um simples balão colorido
Mas que tanto a gente o queria
Pode ser
Que essas coisas já estivessem escritas
E sejamos nós somente
Pessoas imaginárias
Personagens de um livro bobo qualquer
Cuja capa não chega nem a ser bonita
E tudo se repete, quando alguém o quer lêr
E estejamos passando pela etapa triste
Coisas que acontecem, quando um coração acredita
Pode ser tanta coisa
Pode ser ... não sejamos nada
Ninguém sabe o que se passa
Dentro de cada coração
Atrás de cada porta, após fechada
Acho que nem mesmo nós sabemos
Assim, o balão se foi
A capa do livro desbota
Se o coração dói ou não dói
Ninguém viu e nem se importa
Assim como o vento leva
Um dia o vento traz de volta
Pode ser
Que o tempo endureça tanto esse coração
Que quando o balão voltar ...tanto faz
Poder ser
Que a gente não queira mais.

Edson Ricardo Paiva.

As cores que vemos
Nós as vemos assim
Devido aos fenômenos da refração
No fim do dia
As roupas no varal desbotam
Não existem argumentos
Que demovam pedras
Nem palavra a resumir o tempo
Morreu sem germinar
Caiu na areia
O momento passou
E o seguinte também
Atrás do ouvido bem ouvinte
Nunca existiu ninguém
Existe a vida
Que um dia vem buscar a vida
A saber se alguém pensou
Em lançar luz diferente
Sobre a cor que vimos
O limo sobre a rocha
Resistente à luz do Sol
Prospera quando permitimos
E aquela voz suplicante
Amiúda
Um diamante raro
Perece perdido eternamente
Acontece assim na vida
Acontece assim com a gente.

Edson Ricardo Paiva.

Já fui menino
Andando de braços abertos
Em cima de muros altos
Avesso a qualquer redoma
Incauto e descalço
Um gênio sincero
À espera ingênua
da imensa luz que dissipasse as sombras
E somasse sempre aos sonhos
Desenlaces concretos
Menino inquieto
Que um dia caiu de nuvens
Levantou-se
E sem chorar foi seguindo a vida
Alheio às coisas do mundo
Crédulo e feliz
A cada nova jura
Num tempo que não jura nada
Mas cumpre
A cada ameaça que porventura
Tenha vindo acompanhada de sorrisos
Sou menino perdido ainda
Atrasado na tarefa de crescer
Prefiro morrer assim
Não quero que digam no final
Que eu tenha sido igual a eles.

Edson Ricardo Paiva.

Um dia
A gente vai poder
Olhar de frente pro Sol
E toda magia que se oculta
Há de revelar-se tão natural
Quanto a beleza dos atóis
E cada um de nós
Sem qualquer exceção
Será feliz
Toda alma
E todo coração
Será somente igualdade
Toda semente que brotar da terra
Pertencerá ao reinado da vida
As fronteiras que criamos em nosso derredor
Serão as primeiras a cair
E nenhuma nação
Não cairá e nem será derrubada
Todo mundo saberá
Que diante de tamanha harmonia
Barreiras serão distância
Limites da própria visão
Nada além
Mas nesse dia
Quem procurar
Um ser imperfeito
Que existiu
Descobrirá que essa busca é em vão
Pois toda ilusão que ofusca
A qualquer visão nesse sentido
Será passado
Mas o mundo continua
Sendo somente uma esfera
Não vai haver linha que reduza
A dor crônica e aguda que existir
Na alma e no coração
De cada triste poeta
Dores que a ninguém revela
Tristezas que se vão no vento
Navegando à deriva
Tempestade ... brisa
Um barco à vela a se perder de vista
Fica um poema em linha reta
Fica a saudade guardada
Num lugar escondido
Em cada passado
Um dia, tudo será perfeito
E as coisa que existem
desse modo como as vemos
Serão esquecidas
Disso tudo
Resta somente as lágrimas
Que tanto nesse dia
Quanto hoje
Não significam nada.

Edson Ricardo Paiva.

Pisar antes na areia
Escrever a nossa história
E entender que o tempo é sem retorno
Podar a roseira
Pôr um adorno em teu cabelo
Um adeus, um apelo
...um espinho
A resposta é a mesma
E cada dia é um dia
Na vida da gente
Se você faz como antes
A atitude da vida é igual
Talvez o tempo seja variante
No mais, não muda nada
O mal não muda
Se olhar pela janela
Não chove ou faz Sol todo dia
A vida acode a quem se ajuda
Enquanto vivo
Mas um dia
Teu passo na areia
Por algum motivo
Se apaga.

Edson Ricardo Paiva