Coleção pessoal de cristinalemos

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Tenho andado dias sem saber que horas são, sem saber que dia é, se é fim-de-semana, se é o aniversário de alguém. Dias em que nem troco de roupa, dias em que troco de roupa mais do que o necessário só para sentir que o tempo passa. As horas passam bem mais devagar quando não se tem ninguém para falar. Coisas como tomar banho e pentear o cabelo são descartadas, eu quero ter-te aqui, nada mais importa. Eu quero ir embora, apenas isso; e já passaram semanas desde a última vez que pude respirar fundo e rir livremente sem a imagem do teu sorriso na parte mais funda da minha mente. Todos os aparelhos que tenho dizem-me horas diferentes e eu pergunto-me há quanto tempo estou neste semi estado de ser, neste quase respirar profundamente mas nunca o conseguir porque o peito dói, bem na zona do coração, e é físico. Então respiro de forma suave, superficial, lutando por ar rarefeito quando o meu corpo se resigna que o oxigénio não me fará bem algum. Respirar para quê? Eu quero conseguir viver. Tenho passado horas a encarar o teto do quarto, tenho acordado sobressaltada, de lençóis molhados por um suor sem razão e eu não lembro mas tenho acordado tão cansada que a maioria das vezes apenas volto a dormir mesmo empapada em suor. As horas passam bem mais depressa quando tenho os olhos fechados e uma garrafa ao lado da cama. Tem dias que não levanto, tem dias que abro a janela, mudo de roupa, de lençóis, de tudo e tem dias que apenas estou ali, num ato entre levantar, viver ou permanecer enterrada entre cobertas quentes de mais para o calor que faz. E está frio mesmo no verão porque eu não sei mais o que fazer, está frio pelo simples facto de eu não conseguir colocar uma pedra sobre certas coisas, ou esquecer, ou superar. Nada.
Tem dias em que não saio da cama, tem dias em que a “cama”, áspera e quente e perigosamente confortável, não sai de mim. E eu, ainda, não sei qual o pior.

No meu tempo os nadas nadavam, faltavam às aulas só para mergulhar no mar, os tudos estudavam, faltavam ao mar só para poderem se empenhar. No meu tempo não havia tempo para meios. E eu meio que era um “meio”, um meio termo sem meios, que não nadava, não estudava e não se importava. Com nada.

No meu tempo os nadas nadavam, faltavam às aulas só para mergulhar no mar, os tudos estudavam, faltavam ao mar só para poderem se empenhar. No meu tempo não havia tempo para meios. E eu meio que era um “meio”, um meio termo sem meios, que não nadava, não estudava e não se importava. Com nada.

Não sou dessas que corre para um abraço, sou orgulhosa demais, quieta demais, a verdade é que eu nem abraço… não qualquer um, melhor, só abraço umas duas pessoas das dezenas que conheço. Sou dessas que depois de não te ver por 2 meses chega ao teu pé devagar, põe um sorriso tímido no rosto e fala uma merda qualquer, sou dessas que nunca corre para o abraço por medo mas sempre abre os braços para quem corre na minha direção.

Chama por mim quando meus olhos fixarem o chão, não fujo de propósito mas o medo me afasta. Chama por mim se passar por ti e não te levantar a mão, se não sorrir… e perdoa-me, tenho andado fugida da vida mas não quero mais fugir de ti.

Eu sou mais forte do que pareço, mas não tão forte quanto gostava de ser.

Transbordo em mim mesma, pode ser que assim nunca me esvazie.

Não me sinto eu mesma tem tanto tempo que acho que já nem sei quem sou.

Ela tinha um sorriso meio que triste, meio sorriso, meio cepticismo, um olhar meio que determinado, meio cheio de duvidas, meio cheio de certezas, o jeito dela era meio tímido, meio «quero-me esconder», meio «eu mando nisto». Ela era feita de meios, de contrários, de meias incertezas e de certezas incertas. E era isso que a fazia tão diferente, porque a única certeza que se tinha com ela era que ela sempre estava por perto. Mesmo estando longe, meio que sempre presente, meio que inalcançável, meio que minha, meio que eu.

Era mais fácil cair do que empurrar, Jô tinha essa certeza. Com um empurrão vidas podiam ser destruídas, ao cair eram só os joelhos que ralavam. E custava, levantar custava apesar de tudo. Cada osso, cada articulação parecia que se enchia de ar antes de ressentir e estalar sob o peso do próprio corpo, mas Jô repetia “Melhor eu que eles.” E vivia, caindo, se rasgando, para que os outros nem tropeçassem. Era um egoísmo barato, um egoísmo masoquista e inquietante. Só havia uma certeza, ele aguentava a dor, sempre aguentara. A pergunta era: até quando?

O silêncio não fala, os gestos esses sim têm uma habilidade especial para comunicar, um repuxar no sorriso, um estreitar de sobrancelhas e o mundo entende; o olhar fala, teu silêncio não diz nada, nem precisa, quando teus olhos são espelho de ti, são janela da alma, são vitrais para mim. Ó, o silêncio, o silêncio não fala! Mas permite que a voz de dentro se solte, mas permite que o tempo volte.O meu silêncio não diz nada, porque eu já disse tudo,

Ler é uma liberdade estranha, prende em vez de soltar.

Quando estás sozinho o problema é teu, se houver gritos, lágrimas ou sentimentos só tu tens que lidar com eles, só tu tens que te preocupar contigo… até porque a roupa não se lava sozinha, a loiça muito menos, o jantar não aparece do nada e o pó só sabe se acumular. Ali, no meio da solidão, as paredes têm rachas minúsculas que só tu vês, o espelho tem marcas transparentes que já conheces de cor, a tv tem manias que ninguém entende, no meio da solidão tudo à nossa volta parece fazer sentido e o mundo lá fora perde o sentido. O rádio não funciona, só dá pra CD mas ninguém se importa, a vizinha não trabalha mas levanta-se sempre antes das 8 e coitada, vive mais só que eu. A cama ao lado vazia, quartos por preencher, uma teia de aranha que cresce e eu aranhas nem posso ver. Na esquina raio da mosca não para, hey, esse bolo era meu!
Dentro da solidão eu brigo até com móveis, falo até com o céu. O sol vai e volta, sempre a horas diferentes e o relógio avariado bate o ponteiro como se batesse os dentes. Lá fora o jardim começa a crescer, era uma árvore tão pequena e agora já é mulher.

Cansei desta hipocrisia desenfreada
O mundo não presta
Agora mais que nunca
Uns ignorantes outros burros
E ainda uns idiotas que se pagam por santos
Larga tudo.
Não vale a pena lutar contra a maré
Quando és apenas uma gota
Evapora-te.
Foge, o mundo não te quer
Nem te precisa
E tu aí, lutando pra nada
Foge, mas leva alguém contigo
A maré está contra mas ainda podes salvar um amigo.

Não há poço sem fundo que me afaste deste pérfido mundo.

Abri a boca para soltar um grito mudo
Liguei o chuveiro para disfarçar as lágrimas que caíam
Temperatura máxima para ver se a dor dispersava
Mas ela continuou ali
Entre soluços e arranhões
Espuma a meus pés
E meus olhos não queriam ver nada além da dor
Que me arrebenta as cordas vocais com silêncio.

Gritos de desespero que ultrapassam a barreira do som
Unhas que marcam e nem dói
No fim, desligo o chuveiro
Agarro na toalha e o espelho embaciado reflete
Não a dor que sinto mas o sorriso que se repete.

Se alguém perguntar isto nunca aconteceu.

Quem disse que o planeta tem 4 cantos?
Meu mundo tem mais cantos que eu, meu universo é infinitamente céu.

Como é que este grito pode ser tão meu sem me pertencer?

Vivo no nordeste de um sítio tão pequeno que norte e sul se confundem, vivo numa montanha tão baixa que em meio passo chego ao mar, o ar que respiro é puro mas dói, tem cheiro de fumo, tem cheiro de gente que se mói. Vivo numa pequena casa de dois andares, e é enorme quando estou sozinha, nós somos 5 e eu lá sozinha. Estudo numa escola de gente grande mas sou pequena e pergunto-me se haverá algum esquema para crescer só por fora. Melhor, nem estudo mas tenho aulas que nem assisto, que nem existo mas estou sempre lá. Tenho medos que não conheço, paixões que não mereço… Amo chocolate como católico ama o terço, e torço secretamente para que a vida se vá a cada instante. E apesar de tudo amo viver. Dói cada músculo que oiço, cada som que sinto e eu vejo um brilho de paz, não é droga, sem substâncias, eu sou nós que não somos iguais.

Romantismo fugiu de mim, já não há filmes, rosas ou ursinhos perfumados. Tenho meu coração aberto, acabou de ser rasgado.