Coleção pessoal de cristiane_neder

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Pode, por meio da política internacional dos medias, tanto o ser humano se encontrar mais materializado e enraizado dentro de seu próprio
país, e despertar para uma cidadania plural, ou - pelo contrário - pode
afastá-lo cada vez mais de sua identidade cultural local, cortando o cordão umbilical. O ser humano pode se perder, de dentro para fora de sua própria origem, como um homem -máquina e não como um homem - cidadão.

É importante destacar a simbologia que o homem dá às coisas
ao seu redor, como se elas tivessem também, pelo fato de ele as possuir, um
papel social, e o poder de ser um pedaço próprio de sua existência. Da forma
de gravar numa escala somatória tudo o que é e o que faz a sua história.

As pessoas, agora, através da cibernética, usam uma linguagem
denominada “internetiquês”, uma espécie de linguagem formada pelos
próprios usuários da Internet. O “internetiquês” serve também para mostrar sentimentos no computador, de zangado a apaixonado. Essas evoluções na forma de se comunicar continuaram levando o homem, apesar de tanta evolução, a se ritualizar, ou seja, a transferir para objetos, coisas, máquinas e símbolos a sua presença.

Os desenhos nas cavernas da pré-história simbolizavam alguma
coisa, como a caça ou pesca do homem, rituais, etc. Enfim, era o registro de alguma forma de sua existência. E hoje o que vemos nas expressões cibernéticas, desde um sorriso digital até uma lágrima seca virtual e artificial na vida do hábitat do computador, será que podemos chamar de epígrafes modernas?

Após as reformas políticas, da Glasnost e Perestroika, o rosto da
Sputnik também se modificou, suas matérias se adaptaram ao novo sistema
como a água ao formato de uma nova vasilha.

Durante muito tempo eu
recebi uma revista russa, da ex-URSS, chamada Sputnik. As mensagens eram
todas Pré - concebidas com a face narcisista do espelho do comunismo soviético. A essência do suco noticioso era extraída como se espremessem uma laranja do pensamento totalitário do antigo Kremlin em suas páginas, em formato e em idéias, sem fugir em nenhum número da revista ou artigo a isto, a não ser nos artigos corriqueiros e de menor importância, em reportagens de trabalhos
manuais e caseiros para donas de casa. Portanto, os regimes e os sistemas dos modelos políticos adotados podem se modificar, mas a forma de colocar o poder é a mesma, mudando só a ideologia imposta.

Minha preocupação é pensar e fazer a seguinte reflexão: se as
novas tecnologias não estão somente a serviço de supervisionar essa face
narcisista de Primeiro Mundo, de nações desenvolvidas para encobrir os
desfalques que o Primeiro Mundo dá nos demais países, embora sempre
respondendo com uma aparência de perfeição subcontrolada aos demais
países, proporcionada para reforçar esse aspecto de felicidade imediata para falsificar a realidade próxima

É um regime autoritário oficializado, porque apesar de os meios de
comunicação serem modernizados no sentido de mais avançados no aparato
tecnológico, ainda estão submetidos à censura do capital estrangeiro, e o
espaço público eletrônico não divulga acontecimentos que têm ou vão ter
repercussão nacional.

A televisão a cabo mostra não ser diferente da televisão
embrionária do sistema ditador brasileiro, porque tanto hoje como ontem está
preocupada não só com a construção de uma sofisticada infra-estrutura
tecnológica, cuja preocupação básica é a expansão de um espaço público
mediático mas com a redução das ideologias no espaço público não
mediático.

Podemos adaptar o sentido simbólico da construção de uma linguagem arquitetônica ao conteúdo ideológico de uma linguagem política,pois a arquitetura não dá só a forma a um determinado espaço físico ou a um
objeto, uma vez que é por meio dela que o uso da palavra transforma-se em
mensagem.

As decisões políticas atuais são
tomadas por pessoas que não pertencem ao grupo de decisão, e que em sua
maioria são donos dos grandes conglomerados dos meios, os quais não são da esfera diretamente política.

A professora Lúcia Santaella, em “Produção de Linguagem e
Ideologia”, nos fala do uso da ideologia dominante, mostrando que a visão
política de uma sociedade se faz pelos determinantes econômicos, e que a
construção se ergue por elementos de dominação, sendo a própria arquitetura
política um meio de poder.

Os donos dos negócios de comunicação atualmente elegem
políticos, são eles que fazem alterações nos sistemas políticos. Em toda parte
do mundo eles colocam e tiram representantes políticos.

Por que brigar tanto? Talvez esta pergunta seja respondida na observação de que os homens mais poderosos do mundo hoje em dia não são os políticos, mas os homens de comunicação, que não deixam de ser políticos no sentido de influenciarem o comportamento da sociedade.

Em julho de 1984, o Departamento Nacional deTelecomunicações (Dentel) liberou o uso das antenas parabólicas sem fins comerciais para pessoas. Daí em diante, o mito pela técnica abriu a
sociedade para adorar a “coisificação” dos equipamentos dos meios de
comunicação, daquilo que eles podem abranger na sua capacidade e
potência de imensidão e pela sua insaciabilidade de abraçar o planeta de uma vez só.

No final dos anos 80 e início dos anos 90, a Globo apostava que o
futuro da tevê por assinatura estava na transmissão direta por satélite para
casa - e criou a Globosat. Na mesma época, o grupo Abril, principal
concorrente da Rede Globo na TV por assinatura no sistema de transmissão
por microondas, criou a TVA. Estudos da HBO, TV a cabo dos EUA, diz que o
Brasil tem potencial de mercado superior ao resto da América Latina e pode chegar a 7 milhões de assinantes em cinco anos. Algumas empresas, hoje em poder do Multicanal, foram negociadas por cabeças de gado.

Em certo sentido, portanto, as novas tecnologias de comunicação servem para influenciar a redemocratização da sociedade quando quebra monopólios, mesmo que depois outros monopólios
estrangeiros ocupem o lugar. Mas temos que ver que o lugar de origem de domínio do primeiro já não é o mesmo, e pode se modificar pelo fato de não haver estagnação do mesmo poder no mesmo lugar.

Em 1969, nasceu a ARPAnet. Os militares achavam que os
Estados Unidos eram muito vulneráveis a um ataque soviético. Naquele tempo,
os computadores eram enormes trambolhos. A rede de defesa foi expandida, já nos anos 70, para os computadores das universidades e centros de pesquisa nos Estados Unidos. Mais tarde, nos anos 80, a Europa entrou em rede e, depois, o Japão. Finalmente, nos anos 90 empresas comerciais foram admitidas e a Internet ganhou, então, suas feições contemporâneas.

Embora vivendo em regime democrático, os meios de comunicação continuam formando uma sociedade autoritária e continuam submetidos à tutela do Estado.

Dentre as prioridades estratégicas dos militares estava a consolidação do vasto território e unificação dos 120 milhões de brasileiros do
censo da época. Torres de microondas foram construídas a cada 60
quilômetros, ligando as principais cidades, de forma que os sinais pudessem chegar a cada canto do país. O poder financeiro da Globo lhe dava condições de alugar a metade das ligações todo tempo