Coleção pessoal de cristiane_neder

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Não dá para pensar numa mídia solta sem papel social, sendo ela
veiculada ou não com as tecnologias de comunicação, que fazem o papel de
assentamento social, despertando nas mais diferentes amplitudes a pasteurização de seus costumes, hábitos e projetos sociais, criando uma
verdade dentro da ficção e fazendo a verdade participar de um argumento de
ficção.

Os personagens e estilos de vidas construídos nos meios não condizem com a realidade da vida social real. A mídia produz arquétipos para que o ser humano crie uma realidade política social dentro de uma fantasia
imaginária irreal que transmite um padrão de vida ficcional do qual somente os personagens é que podem vivenciar dentro dos estúdios e não dentro da sociedade.

Os meios de comunicação conduzem a sociedade a viver no irreal. O problema ocorre quando a indústria dos sonhos faz sonhar, mas não pode proporcionar ao receptor do sonho a realização.

O real absoluto nunca coube muito bem dentro dos meios de comunicação porque renega todo o princípio dos meios, que é fantasiar a realidade.

As influências que as novas tecnologias de comunicação
oferecem é virtualização do real,
tornando-o mais imaginável, mais ainda agora quando, na Internet, podemos ter a identidade secreta que quisermos. Na tevê não havia essa interação, por não ser participativa.

A partir do momento em que o homem deixa de ser elaborador único, de forma direta, da organização em sociedade, através de uma política local, e do estabelecimento de transformações e revoluções das partes ao todo, por meio de sua integração do micro ao macropoder, surgem grandes modificações na pequena e na média estrutura política do globo terrestre. No
geral, essa estrutura se torna grande, porque as partes fragmentadas passam
a fazer parte de um denominador comum organizacional político.

O homem nunca foi tão abastecido em suas crenças de infinidade quanto agora. As novas tecnologias de comunicação são capazes de reproduzir o mundo várias vezes e, ao mesmo tempo, numa coisa só, num
vasto território ocupado pelos mídias. Assim sendo, todos os equipamentos
são pequenos diante da infinidade do pensamento humano e dos recursos
tecnológicos.

Temos que enxergar que, neste processo de tecnologia avançada da comunicação, se os interesses públicos chegarem ao fim
ocorrerá também o fim da cidadania, da historia e da memória.

Hoje, o computador já representa, para muitas famílias, o novo cão de estimação, um membro da família, um tipo meio “cyberdog”. Traça-se não só um novo perfil humano de se comunicar e se expressar.

Se passássemos a vida inteira querendo buscar e pesquisar tudo, não conseguiríamos: é o fax para mensagens convencionais escritas, é o correio eletrônico para mensagens virtuais do e-mail e são os chats de
discussão e debate. Portanto, se quiséssemos, poderíamos estar as 24 horas do dia ligados física e ou psicologicamente a um meio de comunicação.

Na busca de saciar todas essas suas ansiedades atuais, que são resumidas em medos e em falhas psicológicas, o oco do ser humano torna o tudo num todo, no qual a intertextualidade do nada é absorvida por meio da artificialidade da razão.

A tela do computador, com os serviços de chats e com as homepages que vendem mercadorias culturais ou bens de consumo tangíveis e intangíveis, representam, no meu modo de entender, uma vitrina, um segundo conceito de vitrina a partir da criação do universo virtual.

O mercado capitalista, por meio das novas tecnologias de comunicação, nunca se aproveitou tanto da fragilidade humana, fazendo uma espécie de “curativo” de auto - ajuda nas pessoas.

Há pessoas comprando porta - copos, ferramentas, cosméticos e
outras coisas por simples impulso desregrado de consumo. Com isso, os
cartões de crédito faturam como nunca, e as pessoas ficam cada vez mais
endividadas por causa de coisas fúteis, das quais na grande maioria das
vezes não precisam. Isso sem contar as contas de telefone absurdas graças
aos disques-900 e as BBS, com seus serviços de conversação ao vivo, em
pequena ou longa distância, para amenizar a solidão das pessoas.

O ser humano, a partir do momento em que começou a usar a
máquina como companhia social, como meio de trabalho e como lazer, não
pode ter sua cidadania vista da mesma maneira.

Nunca a sensação de imensidão que os meios de comunicação
passam através das novas tecnologias, foi tão importante e valorizada pelo
homem, talvez porque esta sensação mexa com a vontade de plenitude. O
homem busca na própria vida a mesma plenitude da infinidade que nos
passam o alto do céu e o fundo do mar; a mesma infinidade que o navegador,
o descobridor e o aventureiro carregam dentro de si.

Quando o ser humano passou a ser um elemento da cibernética,
não só sua imagem passou a ser cibernética, mas toda sua conjuntura
cultural, suas idéias, seus pensamentos, crenças e ideologias passaram pelo
filtro do virtual.

Os ecos de afinidade podem ser novas tribos vizinhas, como os
países são hoje, ou um único ser desenvolvido numa dimensão coletiva.
Portanto, a formação geocultural cibernética que as novas tecnologias de comunicação dão ao ser humano influenciam em sua forma de exercer a
cidadania e na noção de hegemonia e homogenia que se desenvolve na
esfera pública política real.

A partir do momento em que o homem passa a utilizar os meios
de comunicação virtuais para transmitir suas reivindicações, frustrações,
desejos, fantasias e argumentações, sejam de ordem particular ou coletiva
sobre os diferentes condutores de sua vida e da vida política planetária, ele
encontra ecos vindos de personalidades similares, sendo repartidas em
grupos de afinidades com modos semelhantes de agir, pensar e se relacionar.

Robôs e máquinas não são cidadãos mesmo sendo fabricados
por multinacionais: a cidadania é algo precioso que só seres humanos podem
exercer