Coleção pessoal de bodstein

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⁠Mente e Consciência são coisas bem distintas: a mente é tresloucada, e atende facilmente aos apelos dos sentidos. Já a consciência escolhe entre muitas alternativas antes de optar por uma. Não dá, então, tanto valor aos que criticam tuas idiossincrasias, por mais inverossímeis que se lhes pareçam: toma por referência a alegria que despertam em ti, e por critério a autenticidade conferida por tua consciência.

⁠Mente e consciência nem sempre são aliadas. Tua mente pode ditar rumos com os quais tua consciência não concordaria. Assim, teu foco deve se voltar para tua consciência: enquanto permanecer vigilante, ela estará trabalhando contínua e diuturnamente para que a mente permaneça saudável e garanta, por extensão, a saúde de cada uma das 30 trilhões de células do teu corpo.

É bem verdade que uma enorme parcela das pessoas ignora a ciência, mas também tem aqueles para quem as próprias crenças são ciência, e todas as dos outros são crendices.

⁠Ciúme é quando se assume a correia na mão de um e a coleira no pescoço do outro.

Se você não sabe distinguir uma expressão de afeto da maliciosa cantilena dos aduladores, então não faz jus à admiração genuína que lhe devotam.⁠

⁠Velhice é aquele momento da vida em que você passa a viver de um passado que só pertence a você, e de um presente ao qual não mais pertence.

⁠Num primeiro momento, ao me comparar com esse mundo louco a que assistimos, cheguei a pensar: "Será que algum papa, diante do que se vê, ficaria inclinado após minha morte a me consagrar como santo?" Mas logo em seguida a realidade se impõe: "Oh, nossa! Se o fizesse estaria reduzindo as escolhas de Deus a níveis absolutamente inaceitáveis!"

⁠Falta no corpo um botão de “stand-by”. Deveríamos poder parar tudo quando as coisas “embananam”, e mais à frente retomar o ritmo sem prejuízo pela parada, dando tempo pra nos recuperarmos do “Burnout”.

⁠Criar é obrigação dos pais, mas não é uma “dívida” contraída pelos filhos em troca da formação que lhe deram. Se você pensa em filhos como um investimento, no qual assinam uma “nota promissória” que você vai cobrar na sua velhice, em nada se difere de um abusador que obtém vantagens negando a outrem o direito às próprias escolhas. Cuidar dos pais no futuro não é uma espécie de “pecado original” que os filhos recebem ao nascer.
Seu papel como pai foi o de supri-los antes, e preparar-se para suprir a si mesmo depois. Não veja, portanto, como obrigação que seus filhos o supram, como se fosse uma dívida hereditária. Eles não puderam escolher entre ter você como pai ou não. Receber o cuidado dos filhos deve ser uma conquista – espontânea e voluntária – e não uma retribuição compulsória.

⁠Parafraseando Giordano Bruno, a verdade não muda apenas por que se acredita ou não se acredita nela. O importante é que todos têm direito à própria versão, independente de qual seja a verdadeira, e quando defendendo as nossas nos mostremos honestos em relação aos outros, e coerentes em relação a nós mesmos.

⁠Tomar um grande pensador como referência para moldar a sua maneira de pensar é extremamente inspirador. Mas descobrir que em sua época ele já pensava do mesmo modo que você, é trocar a simples inspiração por um tipo de validação interna que dispensa qualquer outra.

⁠O maior desafio dos que nunca serão indiferentes ao outro é conseguir harmonizar a profundidade de sua empatia com sua sede intransigente de justiça; é achar o equilíbrio entre sua indignação frente às iniquidades humanas e a natureza pacífica que busca impor à irracionalidade das mentes nefastas, expondo aquela luta permanente entre o médico e o monstro que se enfrentam no ringue de nossas almas.

⁠Renovar não é sobre mudar de ano, mas sobre mudar a forma de olhar o mundo e a si mesmo.

⁠Insistimos em crenças sobre o que existe ou não existe, na vã tentativa de chancelar verdades inacessíveis a nós. Para piorar, esse homem que se acredita sábio avalia probabilidades com base no universo conhecido, desprezando o desafio que o desconhecido lhe impõe. Faz da prepotência, portanto, a sua grande barreira para romper com a própria ignorância.

⁠Meu maior pecado? Humm, deixe ver... Talvez não guardar muita coisa pra descobrirem depois que eu morrer, pois que não verei suas caras!

⁠Muitas vezes o que salva o estado de direito não é o heroísmo dos resistentes, mas a covardia dos golpistas para enfrentar as consequências

QUANDO SE QUER SER MAIS QUE UMA OVELHA DO REBANHO

Com a internet, atualmente, é possível pesquisar-se rapidamente sobre qualquer tema, incluindo figuras públicas naquilo que afirmam, permitindo que as pessoas verifiquem por si mesmas a veracidade das informações em tempo real. Existem hoje plataformas especialmente dedicadas à verificação de fatos que contribuem para desmascarar fraudes e desinformação, tornando mais difícil o trabalho de charlatões que se dedicam ao desvirtuamento de realidades visando emprestar um clima de credibilidade às suas teses.

Muitos fóruns e redes sociais já permitem que as pessoas compartilhem experiências e possam discutir posicionamentos pouco confiáveis, criando uma rede de apoio que lhes permita tirar conclusões mais realistas. A crescente conscientização sobre a importância da “alfabetização midiática” vem ajudando pessoas a separar informações confiáveis de fontes duvidosas. O aumento do ceticismo e do pensamento crítico nos grandes círculos urbanos faz com que mais pessoas questionem e investiguem alegações, antes de aceitá-las como verdadeiras. Assim, a checagem de informações não apenas esclarece os indivíduos, mas também promove um ambiente onde a verdade e a transparência passam a ser valorizadas, livrando-os de serem transformados em “massa de manobra”, e tornando mais difícil a ação de charlatões que as manipulam em prol de benefícios próprios e objetivos que não possuem vínculo algum com o bem comum.
Mas o que se percebe, no entanto, é que essa lógica só não tem se mostrado tão eficaz na política e entre grupos organizados especificamente para dar apoio a causas que não passam pelo pensamento crítico. Muitas, em sendo analisadas, não encontrariam respaldo no pensamento mais simplório por infringir regras elementares da lógica e da sensatez. Entre as razões mais comuns para que isso aconteça estas se destacam:

1. O distanciamento gradual de referências de vida por parte de indivíduos que, com a idade, vão perdendo amigos e se tornando cada vez mais isolados pela própria família devido a dificuldades econômicas ou de mobilidade, impedindo-as de acompanhar seus círculos de contato num mesmo nível de interação.

2. Uma crescente polarização política fazendo com que as pessoas se identifiquem fortemente com suas crenças e ideologias como forma de não se verem alijadas do convívio social. Isso pode leva-las aceitar informações e discursos que não passariam por qualquer análise mais cuidadosa e responsável, ainda que se mostrem suspeitas ou claramente falsas.

3. As redes sociais tendem a criar "bolhas" onde seus usuários são expostos principalmente a opiniões que já compartilham entre si, levando-as a reforçar suas próprias crenças equivocadas e criar barreiras a informações verdadeiras apenas por contrariar aquelas a que já se converteram.

4. A fragilidade crescente de alguns segmentos humanos – como o de idosos ou pessoas em vulnerabilidade social – desenvolve nelas uma busca ansiosa por ambientes em que possam se sentir mais seguras e protegidas, com é comum de se encontrar em espaços religiosos e/ou ideológicos. Sentir-se acolhido, nesse estado de coisas, assume um caráter de alta prioridade sobre todos os demais valores, inclusive os de natureza moral, legal, e até a lógica que dá sustentação ao ordenamento social. Essas pessoas não integram grupos de objetivos escusos porque buscam intencionalmente levar prejuízo à sociedade, mas porque aquele seu momento de vida é visto como irreversível, e seu único foco agora é sobreviver a tudo o que as está assustando, o que é legítimo enquanto indivíduos em grau elevado de vulnerabilidade, mesmo não o sendo pela ótica da sociedade que têm como hostil e permanente ameaça por abandoná-las à sua própria sorte. Raciocinam como moscas se debatendo num pote de mel até que o último fôlego se esgote.

5. Um sentimento de desesperança e sofrimento incuráveis envolvendo pessoas ávidas por algo que as anestesie – como revolta pelo passado ou medo do futuro – se sobrepondo ao “mero” aspecto da confiabilidade. Narrativas criadas para provocar esse tipo de emoção encontram clima ideal para serem compartilhadas sem resistência. Fake news, como sabemos, são projetadas para ser sensacionalistas e alarmantes, cobrando uma ação imediata que não espere por análises. Integrantes desses grupos identificados com movimentos populistas, portanto, são estimulados a desconfiar da mídia tradicional e das instituições, tidas como suspeitas e não confiáveis, o que os leva a buscar informações em suas fontes internas, que muitas vezes não são minimamente informadas ou confiáveis.

6. Notícias falsas são criadas e disseminadas intencionalmente para manipular a opinião pública, influenciar eleições ou desacreditar adversários. Isso é frequentemente conduzido por grupos organizados ou indivíduos com objetivos próprios e sem vínculo com qualquer princípio que norteiam a sociedade. Isso explicaria a frequência de lideranças que se apresentam como “outsiders” (contra o sistema), e a instigação destes para a política do “nós contra eles”.

7. O acesso fácil à informação pela mídia eletronica, ao contrário do que seria o esperado, não proporciona a educação midiática e o pensamento crítico justamente pela predominância de conteúdos rasos ou até fraudulentos, transformando essas duas habilidades em privilégio que poucos possuam dominio. Isso dificulta a capacidade das pessoas de avaliar criticamente as informações que consomem mas, principalmente, que disseminam, contribuindo fortemente para que mais e mais pessoas acabem imersas num oceano de versões fantasiosas que não se sustentam, direcionadas unicamente por um instinto irracional de sobrevivência, por mais absurdas que se mostrem.

A disseminação de fake news na política, portanto, pode levar a consequências muito sérias por parte dos grupos sociais atingidos, tais como:

• Fragilização gradual da confiança nas instituições democráticas e na mídia, o que acabará por afetar a todos, incluindo seus promotores.
• Intensificação da polarização, levando os conflitos a extremos que fujam ao controle estendendo-se a toda a sociedade.
• A prática das fake news definindo a forma como as pessoas exercem o voto, abrindo um espaço cada vez maior a gestores despreparados ou mal intencionados.

Por conseguinte, a luta contra a desinformação se apresenta como um desafio permanente, porquanto mais polarizado se mostre o ambiente político, quando então a busca por fontes confiáveis e o incentivo ao pensamento crítico se fazem fundamentais para que a informação se apresente minimamente plausível e merecedora de crédito.

⁠Nossa natureza humana faz com que nos apaguemos ao que restou do que já fomos um dia, como se pudéssemos impedir o tempo de seguir seu curso e aprisionar a eternidade em nossos cofres emocionais.

⁠A Liberdade é apenas a linha de chegada, mas a libertariedade é essa energia que o toma todo por dentro para que possa chegar até ela um dia!

NÃO VINDE A MIM OS QUE PENSAM - Ep. 3

“Vinde após mim, e vos farei pescadores de homens”
(Matheus 4:19)

Eis que então te pergunto, aprofundando a questão: desejas te sentir pescador de mentes, para que sejas tu a apontar rumos em nome de tua missão auto-conferida? No que toca a mim eu te diria: não quero que me sigas, pois que me fareis teu lider, e não desejo para mim o que também desprezo em outros que o queiram.

Muitos, no entanto, repetiriam o que dito ao sábio, “Vai-te embora desta cidade, ó Zaratustra! Muitos aqui te odeiam, odeiam-te os bons e os justos, e te chamam de seu inimigo e desprezador. Odeiam-te os crentes da verdadeira fé, e te chamam de perigo para a multidão. Ao te rebaixares assim, te salvaste por hoje, mas deixa esta cidade, ou amanhã saltam sobre ti.”

Malgrado os riscos, ouso dizer-te que o que desejo pra ti é tão somente que aprendas com o que sucede em teu entorno, e de tua observação aflore a tua consciência, pois que não precisas ser o modelo a ser seguido, nem a ovelha no aprisco daqueles que escolheste por modelo. Melhor que sejas, tu mesmo, teu próprio norte, guiando-te pelos ditames da consciência que aflora de tudo o que observas.

Não há senso algum em abrires mão da tua verdadeira liberdade em troca da que te alardeiam, porquanto advinda de mente alheia, pois não serás livre acorrentando-te a qualquer voz que não a da tua própria consciência. Não basta pensares como libertário se não agires como um franco-libertário, que se faz livre também para não acatar o que não decidiste em nome de bandeiras que não levantas, ou de trincheiras que não são tuas.

E mesmo que eventualmente te identifiques com bandeiras alheias, que sejas livre o bastante para não tomares posição em valas cavadas pelos que alegadamente a defendam. Não raro te verás, depois, arrastado de roldão por um redemoinho que te leva ao fundo: o de uma verdade inequivocamente desfigurada em relação à ideia que compraste.

Doutrinas e ideologias – expandindo-se em ondas a partir de uma pedra atirada ao lago – são como moscas que levam doenças aonde quer que pousem. Opondo-se às ondas produzidas pela pedra, todo entendimento deveria brotar da observação, com toda ação que a suceda aflorando dela.
Cria, pois, tuas próprias estratégias de combate às ideias que rejeitas, e escolhe tu mesmo as armas que usarás em defesa das que tomares por justas. Verás que se farão mais eficientes que as dos que atuam como caçadores de braços, em lugar de mentes.