Coleção pessoal de bia_pardini

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⁠... e faz versos

Ela aposta na doçura nunca na amargura, ela tem fé de que seu caminho, mesmo nublado, um dia o sol a aquecerá e ouve a voz de Deus sussurrar para não desistir. Ela insiste em acreditar que suas ilusões, mesmo miúdas, um dia se tornarão realidade. Ela é assim, nasceu poesia e encanta-se com pequenos galanteios, letras de música, versos de um livro charmoso. Não sabe guardar rancor, não desapega-se de quem a rejeita. Ela é poesia, vê poemas nas indelicadezas e, mesmo errado, ela permite que faça morada no seu coração generoso... e faz versos.

Divagações, poemas, músicas, danças, frutos de sua imaginação, de seu encanto pela vida, coleciona ilusões. Então, na onomatopéia do bem-te-vi, ela acorda e percebe que é hora de direcionar afeto para si mesma. Ela entende que a sensação de construir versos é só pra ela mesma e devagar descobre que pode fazer poesia do vazio e das esperas. E que, em algum lugar, não muito longe dali, há um menino-poema, como ela, capaz de lembrá-la todos os dias que é preciso força e coragem para insistir na doçura num mundo cheio de amargura... e faz versos.

(Bia Pardini)

⁠Devaneio

A lágrima se perdeu no curso natural devastada pela tempestade que abria gavetas na memória enlutada do esquecimento que se fez presente.

Era uma noite escura e velas resistiam aos ventos intensos violentos;
nas gavetas as sensações da imaginação criavam um passado que sucumbiu na tempestade da perturbação intempestiva e inoportuna.

O que haveria do outro lado do absoluto esquecimento de cenas agora vazias de vida, vítima de versos talvez revoltos, escrotos ou singelos, quem sabe, esculpidos e tingidos de paz, pureza, leveza ou até carmim do amor?

Cenas criadas, concebidas, fantasiadas remeteram a uma multiplicidade de sentidos, imagens falsas, talvez geradas e abortadas de um juízo errôneo, irrefletido.

Qual deus, qual nada, qual tudo lhe suprimiu, subtraiu a memória como um larápio poderoso que sublimou, se apropriou daquele passado na gaveta vazia da solidão.

Os ventos violentos cessaram; desistiram do tormento do escuro; as cenas vividas na imaginação aguçando os sentidos se foram.

A realidade de volta ao presente permitiu que a lágrima seguisse seu curso natural e de mãos dadas com a solidão na letargia do tempo olvido nem verso nem rima nem nada...a deriva...

(Bia Pardini)

⁠Confiança

Nas ondas do mar
no rio
na luz do luar
no infinito
na semente a germinar
no orvalho
nas flores a desabrochar
nas nuvens
na lua e nas estrelas
na brisa
no canto dos passarinhos
na vida
está Deus.

Na paz, na esperança
na justiça, fé no coração
no olhar de uma criança
na saúde, sorte, perdão
está Deus.

Pai, mãe, filho, irmão
trabalho, suor, bondade
por Deus é missão
de Deus a felicidade.

Na perene poesia
no pão de cada dia
a chegada e a partida
por Deus é dita.

(Bia Pardini)

⁠Lembranças

Lembro de quando conheci cada amigo, cada filho de amigo, cada irmão, cunhado, neto, sobrinho de amigo.
Lembro de cada encontro que todos os amigos formavam uma família, a mistura de famílias, como lembro!
Lembro dos passeios, dos cafezinhos, das compras, viagens, formaturas, aniversários, sempre juntos, todos.
Lembro das festas, dos porres, das danças, do encanto da troca de presentes, muito mais que amigos, famílias.
Lembro dos momentos tristes, das perdas, das doenças, o apoio irrestrito de cada amigo, ao lado, dividindo dores.
Lembro do amor, da dedicação, sem nada em troca, a troca era carinho, devoção, a união da amizade.
Lembro de ontem, que a vida nos afastou, nos levou para outro endereço, nos impediu de poder os mesmos poderes de antes.
Lembro de hoje, que na lembrança de hoje mesmo do bom dia online foi esquecido de clicar “enter”.
Lembro de amanhã, mais distante ainda, como fumaça ao vento, nada mais importa, nem velho, nem criança.
Lembro do próximo Natal, com ele um cartão digital, que triste lembrança, a ausência da presença não importará mais.
Lembro do ano que virá, não mais virá nem abraço, nem laço, nem cuidado, só deixa pra lá, não mais importa.
Lembro da criança que suplica a substituição de quem ela tanto esperou e que não teve tempo, o tempo é poder, a criança é criança.
Lembro da derradeira hora do velho amigo, do sentimento à família que foi como sua e que agora é pó.

(Bia Pardini)

⁠Laços
Ela vive num lugar onde metade é experiência,
outra metade é poesia e bemquerênça.
Ela vive num lugar onde anjo é uma criança,
onde irmão é laço, velho é confiança.

O lugar que ela vive tudo é dividido
e logo multiplica o que foi concedido.
O lugar que ela vive é sabor de alimento
e também é aroma de lavanda ao vento.

A vida no lugar é luz na escuridão,
é sol na tempestade com mansidão.
A vida no lugar é silêncio e respiração,
leve como pluma na imensidão.

Vai, menina, dê a mão aos seus irmãos,
enlace-os no abraço e ouça a pulsação
de onde o bem é o ninho de sustentação.

(Bia Pardini)

⁠Inútil

Pensas errado que alguém te ama por nada em troca, o agrado e a beijoca são por tua utilidade. Quando te tornares inútil, o fútil passa a não tolerar mais o teu vazio, ele mesmo esvazia tua utilidade e te faz fatalidade. Um vazio de engasgar com o próprio ar, olhos a meio mastro, já que nem rastro fica. É como um dia inútil, se for à praia, ao clube, ele é bom, mas se não tiver nada, nem camarão nem piscinão... esqueça, é completamente inútil. A utilidade te torna obrigação no dia inútil, não te acolhe e ainda te tolhe do que mais desejou. E escolhe a sucessão menos cansativa se tua utilidade for só prestativa. Uma sensação de intolerância com arrogância inútil te colocando no eterno vazio depois do fastio na tua mesa. E no monólogo da tua vida, não querida, sem diálogo, pegas no catálogo e tentas outra utilidade que te traga felicidade.

(Bia Pardini)

⁠Intercessão

Ensina-me, Senhor a (re)conhecer o Teu tempo
a preencher o vazio das horas infinitas de solidão
a ser boa companhia a quem necessita de alento
a ter olhos destemidos às incertezas sem razão.

Ensina-me também, Senhor, a entender o adiado
a entregar minh’alma a Teus ensinamentos
a levar alegria aos idosos na janela encostados
a auxiliar ser inteiro a quem está em fragmentos.

Ensina-me, por fim, Senhor, a ser forte no sofrer
a não desabar quando tudo parece interditado
a transformar o coração frio em benquerer
e a não deixar cair por terra o que foi conquistado.

(Bia Pardini)

⁠Inspiração

O sol está nas ruas, nos parques, nas praias, montanhas, no Universo, em todos os lugares e ao se pôr é de uma beleza tamanha que nenhum poeta encontra palavras, métricas e rimas para cantar o seu fogo, seu jogo de cor, sua alteza, sua reza como ele realmente se apresenta.

O pôr do sol já foi tema para declarações, já acendeu luzes e ascendeu desejos, já abriu flores e fechou solidões, já enfraqueceu dores e intensificou amores, já causou lágrimas e já foi motivo de sorrisos... o se pôr...

Assim como a semente precisa de dor para brotar, o sol precisa morrer para surgir a lua. Oh magnânima, comovedora, altruísta, sedutora lua que em todas suas fases revela-se aos poetas, namorados, seresteiros.

Quisera eu sentir-te nos meus braços, sentir tua calma na minha palma para construir poemas sem dilemas, sentir tua paz que satisfaz, rimar-te no meu inspirar. És vida no resplandecer, descanso no cansaço, preenches espaços vazios dos insanos sombrios, misturas com o oceano, és serenidade na eternidade, sonho no adormecer.

*Diz a lenda que o Sol e a Lua sempre foram apaixonados um pelo outro, mas nunca puderam encontrar-se e Deus, na sua infinita bondade, criou o eclipse para haver o encontro quatro vezes ao ano.

(Bia Pardini)

⁠Insônia

Oh tempo... tempo... tempo...
Sinto calor, sinto frio, arrepio
Não é meteorologia
Só contratempo
São altas horas da noite
Perdi o sono
Um açoite
No coração abandono
Contar carneirinhos
Roubam a inspiração
Um a mil destes bichinhos
Nem oração
Tento escrever uma poesia
Caneta e caderninho a postos
Rabisco... só heresias
Caminhos opostos
Subscrevo
(Bia Pardini)

⁠Histórias

Todas as histórias já foram contadas um dia. Todas as histórias têm dedicatória, umas de vitória, outras inglórias. Todos têm algo semelhante, brilhante ou humilhante ao feitio do Criador, o genitor de almas alvas, calmas ou brutas da labuta absoluta. Histórias de sucesso nem sempre contam o avesso, o pregresso nem o progresso. Histórias de amor também têm conflitos, mesmo benditas tem gritos aflitos ou fervor com ardor. E atenção!... é necessária a bênção do lar para brilhar na história, a manutenção do trabalho na trajetória da vida para que a lida não seja sacrifício. A jornada para a felicidade é uma constante e é reconhecida verdade velada sempre mutante.

(Bia Pardini)

⁠Futuro branco

Branco que te quero branco, do algodão, da sabedoria, da prata, da paz. Branco da experiência, da liberdade, dos sonhos que agora vão se realizando, da neve que queima deliciosamente, da estrada desconhecida e do futuro que chegou, chegou com luz, com os netos. Em cada fio um pouco de Deus, um pouco de história que vai sendo escrita nas linhas das rugas, lindas, abençoadas, intensamente felizes. O perfume da sapiência que o tempo entregou em gotas, umas sofridas; mas quem disse que seria fácil chegar aqui? Olhar para trás e ver tudo que semeou agora florescendo; continuar semeando porque não acabou, enquanto existir vida existirá sonho. A voz do espelho agora soa lenta, linda, límpida, livre, luzidia como o sol da esperança contido em cada fio sincero, amado, forte, saudável, inabalável e corajoso. Coragem é preciso. Coragem para contar dias e anos agradecendo a Deus pela vida.

(Bia Pardini)

⁠Frenesi

Noites em claro olhos fechados
Dias escuros sonhos alados
Despida de palavras desce o véu
Serena erguida alcança o céu
Fervilhante tateia o vigor presente
Hora atroz hora cortês, pendente
Sussurros delirantes inevitáveis
Permissiva imerge mãos afáveis
Jorra em pulsação retumbante
Momento cabal aquece penetrante.

(Bia Pardini)

⁠Exortação

Quando eu morrer voltarei para contemplar os momentos que não pude abraçar nos meus viveres
para provar que a matéria acaba e para que não abandonem os deveres
para acariciar os passarinhos que cantavam à minha janela
para revelar que oração não é terço na mão, mas aos seus a total entrega.

Quando eu morrer voltarei para cantar a canção que minha voz em vão a repetiu sem que me ouvissem
para dar de beber às plantas que cultivei com carinho sem que sentissem
para dar as mãos às crianças que docemente me amaram sem desdém
para ensinar que gratidão ao Universo vem da alma para usufruir do bem.

Quando eu morrer voltarei para perdoar a quem não entendeu o quanto amei no meu viver
para mostrar que vale a pena aceitar quem deseja o acolher
para olhar com olhos do bem o mundo que não me tolerou
para perdoar a quem tanto atormentou minha alma e a violentou.

Quando eu morrer voltarei para caminhar em paz sobre as pedras que me foram atiradas.

(Bia Pardini)

⁠Exaurido

Lábios sedentos, taças decadentes flutuam no mergulho raso do abandono,
um bolor da lembrança do trono.
Gotículas escorrem do corpo cansado
borbulham no coração enfastiado e nauseado.
Pobres lábios carentes de prazeres, desejos reprimidos, coibidos,
das taças, só veneno amargo, áspero, ácido
na escuridão do isolamento insípido.
Iluminada a translúcida água que restou a deriva
do desalento exaustas gotas rareiam.
A matéria inerte quase sem vida
verte o líquido do prazer enfraquecido, envelhecido, ferido, caído
finito...

(Bia Pardini)

⁠Estações amigas

A primavera alegra-me desde menina
Na natureza e nas pinturas de Linah
Na terra dos ipês a florada é perene
Assim como as orquídeas de Irene

O outono inspira-me e faço poesia
Sempre na lembrança as Marias
Heloisas, Lúcias, Anésia, Helenas
Loiras, ruivas, grisalhas, morenas

No inverno a circunspecção cotidiana
Lembrança da juventude com Eliana
Histórias partilhadas com Emiliana
E a poesia de Elzinha vem soberana

No verão o amigo sol com seu calor
Bendigo o pão de Sandras com fervor
Mara, Maris, Maíra, Marinês e o clamor
Tempos de Regina, Marilena com amor.

(Bia Pardini)

⁠Erro

Fraquezas de momento
consequências futuras
lágrimas em profusão.
Equilíbrio tempo maduro
tardiamente resolução
vazio da matéria perdida.
Sentimento no espaço
mesquinharia indevida
perdão ao erro crasso.

⁠É Outono!!!

Mal dei-me conta que o tempo está passando mais rápido que meus pensamentos. Sinto os ares da estação, nem calor de sois exaustos nem frio de pedra silente, adormecida. É a minha estação, o outono, que me foi dada a vida e, agora, no meu outono, escrevo, escrevo para mim mesma.
Assim como as folhas não caem porque querem, caem porque chegou a hora, hora de renovação, mas não de deixar a memória esquecida num canto qualquer qual folha amassada como papel velho. Por isso escrevo, escrevo para guardar na parte mais sagrada do meu coração todos os que estão ao meu lado, todos que pisaram meu chão e os que surgiram na minha vida rapidamente e deixaram seus nomes gravados nas minhas linhas do tempo.
Tempo de renovação, tempo de reflexão, de gratidão às generosidades que a vida proporcionou a cada um, o amor, a família, a plenitude que se instala nos nossos céus franjados de estrelas para que cada um encontre a sua (já disse o pequeno).
Que crianças possam desfrutar sobre as folhas caídas, de calmaria, de alegria, bem longe da dor, da violência e do sofrimento.
Outono!!! Amo a estação e faço dela meus momentos de reflexão e de preparação para o caminho que sigo, reservado para a continuação da minha história, nem maior nem menor que qualquer outra, porque cada história é única.

(Bia Pardini)

⁠DIVAgando
(escritor)
Escrevo para que a memória não fique perdida em um canto qualquer amassada como papel velho. Escrevo para aqueles que sinto saudades, para outros que nunca pisaram meu chão, mas que comungamos o mesmo olhar, longínquo e brilhante. Escrevo para que possamos guardar na parte mais sagrada de nossos corações as generosidades da vida, o amor, a plenitude das bênçãos dos céus franjados de estrelas. Brincando com as palavras, que nascem do coração numa inspiração inesperada, elas incorporam à mente tomando forma de textos, prosa poética, poemas que falam de amor e dor, numa ascensão incontida e daí a necessidade de mostrar ao mundo pensamentos e sentimentos na esperança que o leitor entre nas frases encadeadas e interprete a seu jeito. Sem nenhum constrangimento exponho ao mundo o que sai da minha alma e agradeço à vida que não me negou os meios e às mais diversas experiências que delas faço minhas companheiras quando concebo e credito minha marca: Bia Pardini.

⁠Crepúsculo

Caminho ao encontro do crepúsculo
busco na nostalgia o acalento
um toque sem escrúpulo
melancolia do tempo

Na trilha trem descarrilado
coração compassado
imaculado ultrajado
A dor? Insistente

O tempo arca no aroma da tarde
lembranças desfilam a afrontar
coragem insiste em ficar
crepúsculo frio arde

Clamo por teu nome ausente
percebo-te mais distante
passo segue insolente
Vida? Poente...

(Bia Pardini)

⁠Coração pausado

Ritmo acelerado, música, versos,
sons do amor, desejo e pecado,
coraçãopoeta ligeiro adverso
surpreendido pausado, trincado.

Tolo músculo decreta o tempo?
Suplica o poeta sem luz, irreflexo
clama à divindade ao templo
tomba falido, fraco, em genuflexo.

Suspende o fluxo, vida perversa
luz apagada, poeta sem rima...
a sós, finito, nem cruz, reversa
Imortal só palavra... que sina!

(Bia Pardini)