Coleção pessoal de AntonioPrates

41 - 60 do total de 751 pensamentos na coleção de AntonioPrates

⁠⁠Se a inveja emagrecesse, não havia tanta gente gorda.

⁠Há nas redes sociais
um convívio mascarado,
que nos mostra um pouco mais
quanto vale o nosso fado.
I
Ó meu caro Facebook,
ou então senhora Meta,
a pensar em linha reta
vejo aqui um grave truque...
Para que este povo eduque
os preceitos dos seus pais
basta ver os arraiais
desta nova involução
e perceber que ilusão
há nas redes sociais.
II
Há modelos com fartura,
porque aqui é tudo lindo,
tão felizes vamos indo
nesta alegre desventura...
Também há muita censura,
muito julgamento errado,
onde tudo é condenado
pelos tais inquisidores,
deixando nos bastidores
um convívio mascarado.
III
Muito valem bagatelas
nesta ordem mais moderna,
vale a porta da caverna
sem postigo, sem janelas...
Todos querem ser estrelas
nas vaidades naturais,
com relevos triviais
para espanto da nação,
e há ainda a intenção
que nos mostra um pouco mais.
IV
Todavia, estamos prontos
a seguir nesta contenda,
sem retorno, sem emenda
na malícia dos confrontos...
Há a briga pelos pontos,
um rival que é bloqueado...
Fazeis vós o vosso agrado,
deste jeito, a qualquer preço,
mas digam lá, porque vos peço,
quanto vale o nosso fado.

⁠Entre farsas e engodos,
novas leis, novos caminhos,
e na ordem dos bons modos
os fracos juntam-se todos
e os fortes ficam sozinhos.

⁠Se querem ter alegria
pra que toda a gente veja
nesta nova sociedade,
metam mais hipocrisia,
um punhado de inveja
e um raminho de vaidade.

⁠Cada ano que nos invade
é uma fase que promete,
e ao certo a minha idade
já vem de sessenta e sete.

I
Meus amigos, companheiros,
semelhantes, camaradas,
das horas ultrapassadas
nestes anos conselheiros…
Sei que os anos verdadeiros
são os que nos dão saudade,
pela sua afinidade,
por agrado, ou algum plano,
e é sempre mais um ano
cada ano que nos invade.

II
Esse tempo inexplicável
tanto dá quanto nos tira,
num período que se expira
a um ritmo inalterável...
E por ser inevitável
nem um dia se repete,
dá as horas que compete
nesta história divertida,
e o certo é que esta vida
é uma fase que promete.

III
Tanta gente eu conheci
nesses anos que existiram,
os amigos que partiram,
as pessoas que esqueci...
Aquelas que lembro aqui
nesta minha anuidade,
com franqueza, com verdade,
recordo que o tempo foge,
sendo os dias que sou hoje
e ao certo a minha idade.

IV
E agora, meus amigos,
camaradas, semelhantes,
sou o mesmo que fui antes,
nesses tempos mais antigos,
onde as loas e os castigos
cabem no mesmo banquete,
dando a este balancete
os parabéns de cada ano,
e este simples ser humano
já vem de sessenta e sete.

⁠Não é fácil descobrir as pessoas num mundo onde quase todas se escondem.

⁠Falam os políticos a quem os investe,
traduzem cenários em grandes verdades,
exibem ideias, atritos, veleidades,
num circo amistoso, infame e agreste.

Os que nos governam apresentam contas,
os que nos prometem são ilusionistas,
mais as outras feras que são trapezistas,
aos olhos dos bobos e das almas tontas.

Pode ser que um dia se dê no trabalho
a mesma vontade que ostenta o discurso...
Vou entrar em cena com a figura de urso,
sou filho do povo, sou mais um bandalho.

Porém, no elã dos meus olhos concretos,
no simples parecer da visão que me resta,
penso que a política é pra gente honesta,
que sirva de exemplo aos filhos e aos netos.

Quando o passo é apressado, meio à toa e no ar, pode ser passo mal dado e o chão pode faltar.

⁠Dentro de cada um de nós há um 25 de Abril à nossa espera desde sempre.

⁠Ingratos são aprendizes
das maldades praticadas,
onde deixam cicatrizes,
por nascerem infelizes
e pessoas mal formadas.

⁠Lamber as botas ao patrão é sempre o último recurso de qualquer mau trabalhador.

⁠Amizade é um valor que se descreve,
com a bondade que afaga o coração;
dá-nos calor com a cor da fria neve,
nesses momentos de retiro e solidão.

Dá-nos apoio, um delicado sentimento,
compartilhado na ternura, no carinho;
adoça o tempo, a faguice do momento,
onde as palavras soam ternas e baixinho.

Sentimos luz em cada pingo de desvelo,
admirando o resplendor, a claridade;
e cabe sempre mais um amigo no Castelo,
dentro da alma, onde vive esta Amizade.

⁠Tanto Abril, tanta fartura,
e nesta arte, salvo seja,
deixo aos fãs da ditadura
trinta anos de censura
e outros tantos de inveja.

⁠Naquele cantinho do velho hospital,
a oito de Maio de sessenta e sete...
Levanta-te António, que a vida promete,
nasceste em Estremoz e em Portugal.

Terás nesta sina tudo o que encontrares,
num mundo cruel, fingido e oculto...
Serás um menino com olhos de adulto,
sem tempo na sorte, nem fé nos azares.

Aproveita a vida, esta breve passagem,
aguenta-te firme, recebe este ensino...
Calhou-te por sorte este teu destino
e um anjo da guarda cheio de coragem.

Na vida serás essa eterna criança,
vinda das estrelas acima da Lua...
Se um dia sentires que estás na rua,
volta ao teu ninho da Quinta da Esperança.

⁠Acho que foi no dia 1 de Abril que começaram a dizer que duas semanas são quinze dias.

⁠Se estou vivo, tenho sorte,
nesta selva desmedida,
e por cúmulo do desnorte
valho mais depois da morte,
por isso aproveito a vida.

⁠O Alentejo está florido,
convertido em seu estendal,
com as quinas em sentido
a gritar por Portugal.

⁠Neste mundo de ilusões
lavo a roupa em cada gesto,
e ao purgar as intenções,
vejo ainda mais glutões
do que vi no velho Presto.

⁠O trabalho seja onde for,
é o pão de cada dia,
mas pra ser compensador
tem de ter no seu sabor
dignidade e alegria.

⁠Na articulação das palavras há sempre a intenção de quem as profere e o julgamento de quem as escuta.