Coleção pessoal de anazumpano

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Ana flor-de-amora,
"a flor que és, não a que dás, quero eu"

todo poema meu
tem um dedinho seu

quando eu escrevo
significa muita sensibilidade
tanto na felicidade
quanto na saudade
tristeza
medo
dúvida...

a verdade
é que recupero
minha essência do teu lado
amor sem governo
sem medir
efusão
fervor...

todo poema meu
tem um dedinho seu

me viro
e te vejo
louca pra te chamar
e te dizer que hoje
aprendi mais coisas
sobre você
te contar
que atrevessei a noite
com sorriso no rosto
respirando cheiro seu
felicidade mútua

Basta existir para se ser completo.

Minha dor é velha
Como um frasco de essência cheio de pó.
Minha dor é inútil
Como uma gaiola numa terra onde não há aves,
E minha dor é silenciosa e triste
Como a parte da praia onde o mar não chega.
Chego às janelas
Dos palácios arruinados
E cismo de dentro para fora
Para me consolar do presente.
Dá-me rosas, rosas,
E lírios também...

Acho tão natural que não se pense
Que me ponho a rir às vezes, sozinho,
Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa
Que tem que ver com haver gente que pensa...

Que pensará o meu muro da minha sombra?
Pergunto-me às vezes isto até dar por mim
A perguntar-me cousas...
E então desagrado-me, e incomodo-me
Como se desse por mim com um pé dormente...

Que pensará isto de aquilo?
Nada pensa nada.
Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem?
Se ela a tiver, que a tenha...
Que me importa isso a mim?
Se eu pensasse nessas cousas,
Deixaria de ver as árvores e as plantas
E deixava de ver a Terra,
Para ver só os meus pensamentos...
Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu. (Acho tão Natural que não se Pense)

Só eu, de qualquer modo, não sou o mesmo, e isto é o mesmo também afinal.

Entre a árvore e o vê-la
Onde está o sonho?
Que arco da ponte mais vela
Deus?... E eu fico tristonho
Por não saber se a curva da ponte
É a curva do horizonte...

Entre o que vive e a vida
Pra que lado corre o rio?
Árvore de folhas vestida -
Entre isso e Árvore há fio?
Pombas voando - o pombal
Está-lhes sempre à direita, ou é real?

Deus é um grande Intervalo,
Mas entre quê e quê?...
Entre o que digo e o que calo
Existo? Quem é que me vê?
Erro-me... E o pombal elevado
Está em torno na pomba, ou de lado?

A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou presa do meu suporte.

Assim que vi você
Logo vi que ia dar coisa
Coisa feita pra durar,
Batendo duro no peito
Até eu acabar virando
Alguma coisa
Parecida com você
Parecia ter saído
De alguma lembrança antiga
Que eu nunca tinha vivido,
Mas ia viver um dia
Alguma coisa perdida
Que eu nunca tinha tido
Alguma voz amiga
Esquecida no meu ouvido
Agora não tem mais jeito,
Carrego você no peito
Poema na camiseta
Com a tua assinatura
Já nem sei se é você mesmo
Ou se sou eu que virei alguma coisa tua

O dia inteiro diz
E até a noite diz
Que é você
Meu bom senso, mal-juízo
Meu desejo e o que vejo
Dizem que é você
Meu outro lado esbraveja
Veja, tenho certeza
Que é você
O sol nasce e se levanta
Se deita e de todo jeito diz
Que é você
Tudo o que digo e faço
É só pra disfarçar
E eu só penso e me convenço
Que é você
Só você insiste em dizer
Que não é você

quantas coisas
um sonho quer dizer
e não diz?

o relógio marca
48 horas sem te ver
sei lá quantas para te esquecer

tem os que passam
e tudo se passa
com passos já passados

tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido

e tem, ainda bem,
os que deixam
a vaga impressão
de ter ficado

na esquina da consolação
com a paulista
me perdi de vista
virei artista
equilibrista
meio mãe
meio menina
meio meia-noite
meio inteira
inteiramente alheia
toda lua cheia.

de tanto não poder dizer
meus olhos deram de falar
só falta você ouvir

... entre tantos
loucos e livres
existe um
que é doce
e que me falta.

— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

... Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.
... Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?
... Ah! Se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim? (Discurso)

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.