Coleção pessoal de amandalemos

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SENTIR.


Verbo impossível e longe de uma definição.
Sentir é eufórico,
é como estar em êxtase puro e há de se escrever para diminuir a ânsia e febre de sentir.
Sinto tanto que chego a ter pena de mim mesmo quando “estes sentimentos” derem por um fim, quando o oco predominar e a consciência pesar, novamente.
Será doloroso, pungente.

O coração pesa tanto que fica até difícil de se carregar, a consciência tortura e o medo de um futuro incerto predomina.

Fecho meus olhos de toda maldade, meus ouvidos de toda calúnia e minha boca de toda blasfêmia.

E eu repito, quero ainda crer que é possível.
Crer no impossível.

Faça-me crer, faça-me crer.
Faça-me acreditar.

Chamo por solução, não me ouvem, é surdo, ora vazio, ora escuro.
A morte será assim ?
Triste, calma, oca ?

Não o questiono meu Senhor, longe de mim tal heresia. Mas em meio a ausência de crer em possibilidades me permito apenas à perguntas eufóricas.


Por que?

Faça-me crer que é possível, já que nem estas frases e crases avulsas me restam mais, não diminuem a dor, apenas transportam o mínimo dela neste papel já ensopado de lágrimas.

Que dor é essa meu Deus ?
Que dor é essa que nunca passa ?
Que dor é essa que afugenta nossas esperanças ?
Que dor é essa que presencia a morte do outro aos poucos ?
Que dor é essa que petrifica ?
Que dor é essa que morfina nem sonda escassa ?
Que dor é essa que propicia o grito dos maus e cala a voz dos bons ?
Que dor é essa que um câncer provoca ?
Que dor é essa que a cada hora passada nos dilacera ?

Estou cega.

Vejo a escuridão.

Sou um apêndice.

Posso ser substituída a qualquer momento.

Estou só em meio à multidão.

Nesses dias, andei lendo uma novela que inclusive recomendo a todos que são dotados de um intimismo e percepção psicossocial aguçada.

A hora da estrela, de Clarice Lispector.

Simples, porém de uma dimensão estarrecedora.


Até que ponto ao estar, não estamos ?
Até que ponto deixamos para viver, renascer, apenas quando nos deparamos
com a morte ?

O ser humano evoluiu tanto , ampliou conhecimentos e atingiu um ego de valor desproporcional para não reconhecer o óbvio: Estamos fadados a solidão.

Não percebemos a presença e importância do outro ao nosso lado porque estamos cegos por um individualismo e falta de tempo que não nos permite compreender a dor do próximo, acalentar uma alma, sermos altruístas, austeros.

Não somos.

Escrevemos auto- ajudas a milhares por pura indagação para praticarmos miséria em uma sociedade cada vez mais hipócrita e só.

Sim, só.

Abandonada.

Creio até que um dos maiores problemas da humanidade daqui uns anos, e não irá demorar muito, será a solidão e a profissão mais ascendente será aquela voltada para a psicologia.

Pagamos e pagaremos cada vez mais à alguém para nos ouvir, simplesmente isto: ouvir. Pois, dentro de nossa própria casa, ou algo que se possa chamar de lar (?), não há quem tenha tempo ou ânimo para isso.


No momento em que escrevo, ato confesso, acaba de entrar em minha sala de aula dois jovens acadêmicos do curso de psicologia para avisar aos alunos da instalação de uma espécie de “plantão psicológico” em minha escola.

Falo a verdade , não apenas num ato retórico de ceder comprovação ao que escrevo.

Coincidência, não?

Será?

Deixemos.


Estamos vivendo um “ locus horrendus” ?

Não sei o bem, todavia, vivenciamos um dilema humano: Reconhecer quem está em pé ao nosso lado na fila do supermercado, sensibilizarmos com a dor do outro marginalizado que padece de fome nas ruas , compreender o próximo que assim como eu é dotado de capacidade e inteligência.

Não é tarefa fácil, embora pareça.

Estamos acostumados ao ego e ao “eu” exacerbado que acabamos por esquecer que sim, ACORDE, vivemos em sociedade.

Repito: vivemos em sociedade e não apenas existimos em sociedade.

Devemos viver como seres sociais que sabem relacionar de forma recíproca e humana.
Ando convencendo-me ainda que a questão de “ser” humano perdeu, ou vem perdendo, a sua essência que é a humanização.

Estamos cada vez mais mecanizados , como uma esteira de produção, e agimos presos a rotina.
Como podemos observar na filosofia fetichista, o ser é “coisificado” e a coisa é “humanizada”.

Pobres mortais.

Meros mortais.

Reconheço que minhas palavras possam soar ácidas e um tanto esdrúxulas e até mesmo leigas perante o tema que abordo. Porém, como bem sabem, eu apenas transbordo.
Despejo através de um emaranhado de palavras o que minha mente propõe.

Ah, e vejam só, ainda é dia , chuvoso, eu sei, mais ainda o é !

Portanto, beije sua mãe e abrace quem está ao seu lado neste momento, ou alguém mais próximo.

Por que não ?

Ouvi dizer que não dói e que carinho faz um bem danado e expira tudo de negativo.

E meus parabéns, feito isso, você acabou por viver e não penas existir.

....

O tempo é voraz.
Escorre pelas mãos, meu bem.
Ás vezes, a “ficha” só cai quando as mesas já estão vazias.

...Chegando a conclusão que o excesso de confiança resultará em escassez de qualidade.
Como um egocentrismo forçado e um elevadíssimo ego que propiciasse que o errado se realize.
Como esperar muito, e ao final, concretizar-se em pouco.

Porém, chega um dado momento da nossa vida que querendo ou não, arriscando-se ou estando com os pés no chão, quase grudados até, pulando de um arranha- céus sem para-quedas ou se sujeitando aos maiores sofrimentos em prol de uma felicidade eufórica, desejada e estonteante,
chega este momento que inevitavelmente você passa novamente a confiar , a se apegar, a compartilhar, a voltar a dormir não mais e simplesmente para descansar mas para sonhar, por saber que estes sonhos podem um dia se tornarem realidade.
Você aos poucos passa a construir este coração despedaçado e passa a preencher a mala com coisas novas, pessoas, sentimentos, planejamentos.
Tudo novo, de novo.


Passa a voltar a viver, a acordar para a vida , a antes de esperar, fazer acontecer, a antes de amar alguém, se amar, a antes de esperar pelo futuro incerto, viver o presente.

Frieza de um coração que cansado de sofrer passou agora a ter medo de amar, ou confiar tanto novamente.

Medíocres, acharam bonito amar, sem ao menos saberem seu real significado, e que ao final das contas nem gostados por alguém foram de fato

As melhores amizades são aquelas construídas sem um pingo de obrigação, de exigência, ou muito menos de mera influencia de terceiros.
Ela simplesmente acontece, ou se deixa acontecer, não faz questão de milhões de chamadas recebidas em um celular, de cobranças a serem feitas, de milhares momentos a serem vividos (isso é com o tempo) .

Ela aparece no momento que se mais precisa e, acreditem, no que mais dói e corrói, pois é a partir daí que você tem a absoluta certeza em quem confiar, em quem contar o que você às vezes não teria coragem de contar a mais ninguém, e quem lhe faz sentir feliz e apreciado em uma conversa jogada fora.

Ao final, não esperem uma verdade absoluta, pois terei que infelizmente lhes informar que não há.

Pois é.
Não há.

Então, sugiro que retirem os cavalinhos da chuva que estes já devem estar ensopados e resfriados, e encarem a dificuldade enquanto ainda é tempo, para não se arrependerem de, no início, não terem feito o que deveriam fazer.

Todavia, não esperem que quando decidirem de fato abrir os olhos para a vida que corre afora, as portas do paraíso estarão abertas, esperando algum sinal de vida.
Ou se preferirem esperar, que seja então, sentados.

Minha idade é pouca, experiência nem o diga. Meu cabelo não é o mais bonito, tenho a incansável mania impaciente de roer unhas, não sou a mais inteligente ou se quer a mais simpática da turma, detesto holofotes caretas , preciso de ar puro, embora não consiga viver sem poluição.
Adoro gente, mas preciso , diversas vezes, ficar só,.
Minha mente me tortura e quiçá confunde-me, passo charme de menina- moça intelectual, mas vocês não fazem idéia das criancices que me passam pela cabeça.
Gosto do cheiro do livro, de passar as páginas entre os dedos, no entanto, tenho uma necessidade excruciante de ligar o computador ao menos para ouvir o barulho de uma máquina que funciona neste mundo são.

Não há tempo para descanso nessa vida de inexatidão. Nem mesmo quando as dores ardem nas costas ou quando os joelhos já estão tão ralados de dar dó.
Não tem como.
O jeito é viver e não apenas sobreviver.
Pois embora muitos ainda respirem, poucos são capazes de perder o fôlego.
Por via das dúvidas, há de se dar vida aos dias, ou melhor, a cada segundo destes.

Chorar tempo demais seca as córneas e estas lágrimas podem lhe faltar quando forem realmente necessárias.
Larga esse desespero tolo, que desespero algum já resolveu problema.

Admito o que mais temia, sou ansiosa a ponto de querer tudo para ontem.
Ansiosa pelo simples fato de 24 horas não me bastarem e sempre achar que muito mais poderia ter sido feito e que acabei não fazendo;
Tenho ansiedade por tudo aquilo que atiça a curiosidade e que pode me fazer bem. Ansiedade nata.
Penso até que já nasci saltitando da barriga de minha mãe, não esperando a hora do cordão umbilical ser cortado de vez.
Ansiedade por felicidade e paz nesse coração pequenino, mas tão agitado.

Nessas partidas tão rotineiras, nessas despedidas tão repentinas e nesses amores criados tão sem nexo..; observamos o grande fluxo de pessoas que criamos em nossa vida.
Muitas que vão, outras que chegam, outras que simplesmente fazem uma rápida parada casual.
E muitas poucas que ficam e permanecem em idas e vindas.
Se eternizam em momentos que valem uma vida inteira.


E nessa de ficar, creio que vou ficando por aqui também, pausando nessas palavras confusas e lembrando-lhes novamente do fato de que sem o cultivo rotineiro jardim nenhum atrai borboletas e que amizade alguma brotará do nada.
Cultive sem pesticidas e sem cobranças.
Cultive o bem, porque partindo deste ponto, garanto, o resto vem.

Tenho aprendido que as boas amizades se constroem na base da simplicidade.
Do dedicar-se ao outro, lhe querer o bem, lhe propiciar o bem.
Sem cobranças, sem amarras, sem entranhas.

Tenho notado que a felicidade vibra pelas coisas mais simples.
Um pequeno gesto, um sorriso nos lábios, um sorvete de creme tomado, uma brincadeira na chuva, um filme visto, ou até mesmo o prazer da leitura.
É tão mágico quando nosso coração se distende de felicidade sem um motivo concreto,
feliz por simplesmente haver necessidade e ânsia por assim desejar.