Coleção pessoal de alvarovieirapinto

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⁠Deus ao dar a lei no tempo de Moisés a Israel, nunca pretendeu que o povo fosse salvo pela justiça que vinha da lei. O que Deus queria era que Israel tivesse consciência, que não podia ser salvo pela mesma. Israel devia reconhecer que não era capaz de obter a justiça diretamente da lei, mas obter a justiça vinda de Deus. Precisaria de ser salvo, por uma justiça que vinha de alguém com capacidade de dar essa justiça. Esse alguém era a pessoa do Messias que nesse tempo ainda havia de vir. Ele é a pessoa de Jesus Cristo. Mas por Jesus Cristo, só um remanescente de Israel foi salvo. O restante do povo de Israel, tropeçou na pedra de esquina. A maioria de Israel não foi salvo.

⁠A universidade assegura a colocação de elementos intelectuais ociosos da classe dominante, a quem temos chamado a "mão-sem-obra". Este papel adquire suprema importância no país subdesenvolvido, pois lançariam na pura e simples vadiagem social se não encontrassem ocupações simbólicas nas quais se entretenham, justificando na exterioridade uma existência realmente sem proveito coletivo. É aí que intervém a universidade, oferecendo aos marginais superiores as suas cátedras, seus laboratórios, suas conferências, cargos de "assistentes", "pesquisadores", "assessores", etc., e tantos simulacros de trabalho válido. Há neste fato mais do que simples troca de favores. A classe dominante, ativíssima nos seus negócios, sabe muito bem quanto é ociosa, e quase diríamos, parasitária, a existência desses doutores inaproveitáveis... na universidade pouco se trabalha, e dificilmente se estuda... A universidade não foi concebida nem é dirigida em função do trabalho social útil, mas do estudo ocioso, da cultura alienada, da pesquisa fortuita e sem finalidade imperiosa...
A QUESTÃO DA UNIVERSIDADE - Editora Cortez

"Diríamos que a ESQUERDA professoral se compõem das seguintes espécies numa escala de infinitos matizes: o frustrado; o ressentido; o brigado com o diretor; o tipo vulgarmente conhecido como ESPÍRITO DE PORCO; o indeciso, que no momento e sem motivo definido vota com um colega de ESQUERDA; o que se declara homem de ESQUERDA da boca para fora; o bajulador do aluno; o populista; o REVOLTADO COM O ATUAL ESTADO DE COISAS"; o preguiçoso; o retardatário; o faltoso, que racionaliza a sua posição pela crítica à universidade; e finalmente, o homem de esquerda ideologicamente autêntico".
Álvaro Vieira Pinto - A questão da universidade, pág. 65 -

"Tudo se faz no sentido de excluir o candidato que, acaso vencedor nos supostos concursos para a docência e para a cátedra, viesse a imprimir novos rumos ao ensino, denunciar os males da alienação cultural reinante, instalar novo estilo de estudo, difundir novas idéias, progressistas, voltadas para o exame dos reais problemas do país, exprimindo os interesses de outra classe, diferente daquela que monopoliza a universidade"

"A universidade monta todo um sistema defensivo e opressivo para impedir a entrada nos seus augustos recintos não só de docentes não comprometidos com os grupos dirigentes, mas sobretudo da grande massa de postulantes estudantis, cuja força viria impor decisivas alterações de estrutura"

"O processo de escolha do professor não se destina a escolher um novo professor, mas justamente a escolher o mesmo professor, na pessoa de outro indivíduo. O novo professor não é um sucessor, mas uma duplicata"

"A classe professoral possui real homogeneidade quando analisamos nos seus comportamentos globais. Contudo, isso não significa não haver no corpo docente, ao sabor das circunstâncias, certo agrupamento momentâneo de indivíduos, que desempenham o papel de "esquerda" em determinado problema ou em dada reunião da congregação ou dos conselhos técnicos e universitários. Ao lado desta "esquerda" eventual, relativa e variável, devemos contar um número extremamente reduzido de verdadeiros homens de esquerda, por convicções ideológicas, mas estes são tão poucos, que praticamente só há que contrar com a esquerda ocasional, formada por elementos que, por esta ou aquela razão, tomam, no momento, atitudes contrárias às direções das faculdades e das reitorias, e desempenham, na maior parte dos casos, papel progressista com essa simples resistência ou reclamação. Não se confunde este efêmero comportamento com a nítida atitude progressista, contudo seu valor não é nulo..." Álvaro Vieira Pinto - A questão da universidade.