Coleção pessoal de aliceferreira

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Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Poema à Mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...

Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Sísifo

Recomeça...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

"Tu não sabes quem eu sou, mas eu sei quem tu és... e só preciso de um minuto da tua atenção.

Espero que saibas a sorte que tens. O quanto eu gostaria de estar na tua pele. Poder estar na mesma cama que ela todas as manhãs. Ajudá-la a acordar da má disposição matinal.

Espero que saibas que ela só vai falar contigo depois de lavar os dentes. Não é por mal... é por medo de perder o encanto aos teus olhos. Que a consideres um ser humano comum.

Espero que saibas que ela gosta de aproveitar cada raio de sol, e que o café a deixa mal disposta.

Que escolhe a roupa que vai vestir na noite anterior, só para poder ter mais cinco minutos de sono do amanhã. Que o despertador toca cinquenta vezes até que se levante, e que mesmo assim, consegue chegar na hora.

Quero também dizer-te que ela adora histórias do fantástico. Mas não de terror! Que é capaz de saber o nome de todas as personagens de um livro antigo, mas que não vai se esforçar para decorar os nomes de todos os teus amigos de primeira... Porque ela... ela é que sabe de si.

Tu nunca serás uma sorte para ela. Sorte é poderes tê-la na tua vida.
Sabes? Ela não é romântica por natureza, mas uma demonstração espontânea da tua parte vai fazê-la fraquejar. Porque ela é segura e doce ao mesmo tempo.

Ela sabe cozinhar, e vai esforçar-se para fazer o teu prato preferido. E se não estiver bom ela vai rir do fracasso, em vez de chorar.

E quando ela ri... quando ela ri eu tenho vontade de chorar. Não de tristeza, mas por cada gargalhada como uma nota musical que toca ao coração e me faz querer dançar.

Ela é tudo o que eu queria e nunca soube que tive.

Aprende que a ritmia que sentes com ela é normal!
E que a falta dela é um vazio igual à morte.

Espero que sejas tudo aquilo que eu nunca fui.
Espero que a trates bem.
Porque se lhe partires o coração vais perdê-la para sempre.

Pudesse eu ter lido o futuro..."

- Rita Leston -

Num Lugar Chamado... Sempre!!!

O que eu quero de ti...
É exactamente o que tu queres de mim.
Que me dês um abraço de bom dia,
que te recordes sempre do nosso primeiro beijo,
que te lembres do meu aniversário,
que não te esqueças da nossa primeira noite e
que cuides de mim quando eu não estiver bem.

O que eu quero de ti?!
Que não discutas comigo quando estiveres irritado,
que me presenteies em qualquer dia do ano,
que me faças uma surpresa sem eu esperar,
que me ligues só para dizer que me amas,
que me abraces sempre que tiveres vontade.

O que eu quero de ti,
que me envies mensagens de amor,
que não te esqueças de dormir
sem dizeres que me amas,
que me ames como se fosse a primeira vez,
que me desejes mesmo com o passar dos anos
quando os meus cabelos ficarem brancos e
na minha pele as marcas de uma vida...
Porque, apesar de tudo, eu continuarei a amar-te.

O que eu quero de ti,
que me faças sentir a melhor mulher todos os dias,
que me perguntes do que sinto saudades,
que me leves para namorar no cinema,
que me ajudes a levantar quando eu não puder.

O que eu quero de ti,
que me dês colo quando me sentir sozinha,
que me estendas a mão quando eu encolher a minha,
que leias os meus pensamentos mesmo sem dizer uma
palavra e que me suportes nos momentos de tempestade.

O que eu quero de ti,
que estejas do meu lado em todos os momentos,
que me aprisiones dentro do teu coração,
que me critiques para que eu possa evoluir
e que não me julgues pois não sou perfeita.

O que eu quero de ti,
que entendas que os meus erros são iguais aos teus,
que quando estiver triste me faças sorrir,
que me cubras de carinho, aconchego e amor.

O que eu quero de ti,
é exactamente o que tu queres de mim,
queremos ser tratados da mesma forma,
queremos nos sentir amados...

Tudo isto eu queria de ti,
Mesmo sabendo que "Para Sempre"... não existe.
E hoje... depois de tudo terminado,
ficou apenas a lembrança de...
"Um lugar chamado... Sempre!!!"


Alice Ferreira/Amoutela