Coisas de Menina

Cerca de 50136 frases e pensamentos: Coisas de Menina

Coragem, às vezes, é desapego.

Mulher cai, mas quando ela se levanta é pra derrubar todo otário que um dia fez ela cair.

Era aquela garota que há pouco corria pros braços da mãe com o cotovelo esfolado e lágrimas nos olhos. Agora ela corria com o boletim nas mães, sorrindo por uma nota seis qualquer, sentindo-se totalmente despreparada para a vida. Queria juntar vestibular, título de eleitor, trabalho, responsabilidade, tudo no mesmo bolo de porcarias e jogar na primeira lixeira que encontrasse. Não era tão simples como um arranhão, mas ainda era a mesma menina.

Costumam chamá-la de pequena.
Mas Deus é tão perfeito em sua criação.
Sua obra nos fascina.
Ela não é pequena nem grande,
é do tamanho ideal
para caber todo o amor,
toda a beleza
e toda a pureza
do seu coração
de menina.

E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão, de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfeitando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor.

Vinicius de Moraes
Para uma menina com uma flor

Nota: Trecho do texto "Para uma menina com uma flor"

...Mais

Garota! Não, mulher guerreira.
Linda e inteligente, sabe ser atraente.
Com seu jeito doce e encantador.
Sabe como conquistar o amor.
Batalha pela vida.
Sem se importar com as feridas.
Que em seu coração ficou.
Me curvo diante dessa mulher.
A qual minha admiração ganhou.
É com todo carinho e respeito que te digo: um grande amigo você ganhou.

Quando se faz 16 anos, muda-se muita coisa, muito mais que nos 15 anos que não muda absolutamente nada além do número da Idade! Quando se faz 16 anos, depende da mentalidade e da maturidade da pessoa, a menina passa por muitas mudanças psicológicos... Você começa a ver o mundo de maneira diferente... Coisas que antes eram muito importantes e interessantes pra você, agora não tem mais tanta graça... Acontece... Eu sei que sim...
Amizades que antes eram incríveis, você começa a perceber que não são... Amores, você começa a perceber que não são tão inocentes assim... E que dá pra ser feliz com uma pessoa, e ela não precisa ser o Princípe Encantado nem ter olhos azuis, embora você tenha esperança que ele apareça... A gente começa a perceber que nada é tão perfeito, e que pra ter alguma coisa é necessário ir atrás... Ninguém te vê mais como uma menininha indefesa, ninguém vai apertar suas bochechas e dizer como você cresceu, dirão somente isso quando você engordar (trauma), ninguém vai te ver como a coisinha preciosa e lindinha que você era vista, e finalmente...Ninguém mais vai te ajudar em coisas que ajudavam antes, você não é mais pequena, tá na hora de se virar nos 30, 40, 50, 1000, até onde seu limite permitir, no meu caso acho que passei dos "Se vira nos 1000"... Bem... Você será vista como uma Mulher, e não uma menina... Bem... Uma pré-mulher... Os homens irão te olhar de maneira diferente... E os assuntos falados no seu grupo já não serão iguais aos de antes, e você vai ver agora, como era bom os Assuntos de Criança... Que saudade desse tempo... Opa! Cheguei na Crise principal! Aquelado: "Que saudade desse tempo"... É minha amiga... Você tá crescendo, quando você chega num ponto que você para e começa a pensar: "Que saudade desse tempo", daquele tempo... De quando eu brincava de boneca, de quando eu fazia bolinho de barro... De quando eu podia brincar com água a vontade e não parecia infantilidade... De quando eu fazia birra, eu teimava, e não era "criancice", por que eu era criança... Quando você podia ver alguma cena, presenciar um beijo sem maldade, quando sentia nojo de ver alguém se beijando... Quando você brincava de Esconde-esconde, pega-pega, alerta, com seus amigos, e que muitos desses amigos que você brincava nem falam mais com você! Muitas vezes por ruindade, por egoísmo, por ciúmes, quem sabe até de garotos... Sentimentos idiotas que são instalados no nosso coração... E que saudade daquele tempo que a gente não tinha esses sentimentos!
Minha linda, você cresceu! Quando você percebe o quanto era bom ser criança, você chegou na sua maturidade! A vida que vem a seguir te assusta... Namorado, faculdade, vida social, carreira... Que vontade de voltar a ser aquela menininha indefesa que a tia apertava a bochecha (e não a menininha que atualmentea tia conta de suas relações... bom... relações digamos)... Que saudade desse tempo que eu podia até ter aproveitado mais! Podia ter brincado mais, jogado mais barro nos outros, pulado mais a cerca enquanto eu podia e eu era ágil pra isso! Ai como eu vou sentir falta disso! Que saudade! E agora eu acho um absurdo Crianças dizendo "eu quero crescer", não queiram minhas lindas... Crescer é bom, mas também te destrói internamente!
E lá se vem a vida dos 16... 17... 18... Ué... Espera...Você não esperou tanto tempo por isso?! Esperei! E agora que chegou está me assustando, me sufocando... É muita pressão pra uma moça que não sabe nem qual picolé escolher na sorveteria... Como irei decidir minha vida, se eu ainda me preocupo em brincar... Eu queria tanto voltar a brincar, voltar a sonhar, antes tudo parecia tão fácil, tão lindo, tão mágico... Eu não posso "voar" tão alto quanto antes, eu não posso sentar confortavelmente, "por que isso não é jeito de moça crescida sentar", eu não posso derrubar um copo no chão, "por que você já está crescida pra cuidar das coisas, e não derruba-las!"... O mundo é cruel pra quem está nessa transição dos 16 anos... EU QUERO VOLTAR, EU NÃO QUERO CRESCER, EU QUERO SER CRIANÇA, QUERO BRINCAR, CAIR, ME SUJAR... Mas minha amiga, minha linda... Acabou... E essa é uma das palavras que mais doem em quem está na crise dos 16... ACABOU!!! Está na hora de você seguir sua vida minha menina, de sonhar novos sonhos, de ter novas esperanças! De crescer minha menina!!! O tempo de planejar acabou! Agora viva! Eu sei o quanto é duro ter 16 anos, eu tenho 16 anos! Mas minha menina... Chegou a sua hora de ter seu lugar no mundo, vá brilhar... E quando essa crise bater a sua porta novamente, deixe seu lado criança explodir, brinque, se suje, e não ligue pro que a "Sociedade" irá dizer! A sociedade é sua pior inimiga aos 16 anos...A melhor coisa que você pode levar da sua "crise dos 16 anos", é as lembranças do que você viveu... E se quiser, tente viver de novo! Nunca perca esse espírito jovem que vive dentro de você! Pois é o seu maior tesouro... Um espírito de uma criança indefesa, com medo de escuro, com vontade de brincar...
E não deixe a crise dos 16 anos, se tornar mais forte que você...
Então, minha menina... Você realmente quer crescer?! <3

⁠Hoje eu me peguei pensando em nós, em como tudo começou, em como tudo aconteceu
Foi tudo tão rápido que as vezes me assusto, eu jamais imaginaria que alguém pudesse mexer tanto comigo da forma que você mexeu, hoje você é a mulher mais especial do mundo pra mim, a menina mais linda e sapeca, a garota dos meus sonhos
Quando aquele dia eu te disse um oi e você me respondeu jamais imaginaria que se tornasse nessa vontade nesse desejo de estar com você o tempo todo, posso te dizer que sou o cara mais feliz do mundo apenas porque você existe, apenas porque você esta na minha vida, apenas porque você é especial.
Como diz em um poema que eu adoro do Zezé ( falar de amor é fácil, mas ao mesmo tempo muito difícil:
Quando ele é falso palavra nenhuma convence mas quando é verdadeiro basta um olhar, eu nunca disse que eu te amo mas os meus olhos me traem )
Isso é a mais pura verdade porque você me mostra diversos sentimentos em apenas um, e como diz a letra de uma musica da força da paixão que tem... dois corações e uma historia, e espero que essa nossa historia nunca tenha um final.
Sou completamente louco por você em todos os sentidos.
Minha menina.

Mulher, um ser frágil capaz de encantar todos com o seu jeito simples de ser. Difícil é amá-la sem perder a razão. Quanto mais tentar entendê-la, encontrarás nela alguma coisa totalmente nova. A mulher é um anjo disfarçado que nunca perde seu brilho encantador.

Moça, não prenda essa alegria de poesia dos seus cachos,
solte essa vida ao vento,
não ligue para o que dizem.
Desligue esse medo do mundo
e entre em sintonia com os seus cabelos.
Não importa o que seja
ondulado, cacheado ou encrespado
não se sujeite ao medo de se mostrar,
sinta - se livre pra mudar.
Mas moça, nunca perca
essa sua natureza de amar!

Quando amamos alguém, nossa única certeza é que vamos sofrer.

Quer saber? Não é porque eu sou uma “mulher madura” que preciso ser politicamente correta. Eu sou toda cheia de fases e adoro ser assim: meiga, carinhosa, radical, rebelde, intensa, intelectual, certinha, mulherão, menininha, esperta e burrinha. Minha idade é o que menos importa, minhas atitudes tem a ver com o meu estado de espírito, e meu espírito é uma criança tentando enganar o mundo! Se eu tenho juízo? Claro que tenho, pois aprendi que ter juízo é saber a hora certa de fazer a coisa errada!

Olhos castanhos, cabelos pretos, sorriso fácil.
Cheiro inesquecível, daquelas que deixa marcado.
Da primeira conversa não lembro.
Mas, da melodia da voz, lembro-me perfeitamente, ela parece uma canção.
Essa moça parece que não é normal, tem poder sobrenatural.
Consegue com apenas um olhar fazer com que eu fique parado sem poder piscar.
Quando ela passa, parece que o mundo para.
O vento balança seus cabelos e os levam para o ar.
Eles dançam como uma borboleta a voar.
Os seus passos são mais encantadores que uma bailarina a dançar.
Eu simplesmente fico aqui de longe sem poder tocar.
Mas, tudo bem, isto é melhor do que ter morrido sem nunca ter visto aquela moça
passar.

Sou mimada, sou dengosa. Às vezes não vou estar bem como você espera, e mesmo assim terá que respeitar. Sou dia, sou noite; e tudo isso no mesmo dia.
Sou alegria, sou lágrimas, sou conversa muda. Só alguém tão complexo quanto eu(ao menos no fundo) pra me aguentar.
Não sou fácil mas também não sou problemática.Sou do bem.
E do mal também. Claro, num bom sentido. Mas calma aí, existe bom sentido para o mal ?

Eu gosto do jeito que você tenta tirar a minha atenção quando paro tudo pra te olhar. Você precisa entender que te olho pra te decorar e te aprender, você precisa saber que te fotografo com meus olhos e isso não se nega a ninguém. Gosto do teu meio sorriso. Ele tem um ar de mistério, de algo que não estaria ao alcance do meu entendimento.

Até logo

Você me diz que é breve e talvez as coisas não mudem tanto assim enquanto você não estiver aqui. Talvez as coisas estacionem e congelem num tempo indeterminado que me faça parar de reparar nas faixas pintadas no chão que se desgastam. Você vai e eu fico nessa dependência irritante de quem espera, de quem não sabe se faz alguma coisa porque a consequência pode atropelar o que tá por vir, mesmo que você nunca mais venha. E eu vivo preso num milésimo de segundo de saudade, elaborado pra avançar aos poucos.
Você embala as caixas e eu observo atentamente, quase como um vício panóptico, só pra ter certeza de que você me leva, de que você me carrega com você pra algum lugar que não seja uma estante distante da cama. Me leva contigo e não me esquece num canto empilhado com cartas e e-mail e caixas de entrada lotadas de inboxes que você nunca mais vai ler? Leva e diz que se lembra de mim numa noite qualquer, numa terça-feira, por favor. Porque nas terças a gente não tem nada de importante pra fazer e se lembrar de mim num dia qualquer é garantir a minha sobrevivência na memória. Sem necessidade de grandes feitos ou noticiários brasileiros, é só lembrança que vem enquanto você lê numa poltrona qualquer. Lembra de mim por acaso e me ganha de longe com um sorriso na cara por não ter sido esquecido.
Te perco no sono depois da despedida. Já aprendi que me agarrar a escombros ou destinos fatídicos resulta em dor. Dor lancinante, daquelas dores que a gente aprende a evitar porque sentir é demais pra aguentar quando não tem alguém pra dividir. Te perco e te reencontro nos cochilos de domingo, na esperança da correspondência da caixa 45 do meu prédio, da campainha que toca inesperada e recrio você a partir de memórias. Quem não recria um sonho bom que se perde durante o dia em memórias? Do meu violino só saem as notas compatíveis com a tua voz e daí eu ouço diálogos que cortam, risadas que já não têm mais graça e me guardo em você.

Me transporto com o tempo pra todo lugar que me lembra você pra tentar, eu só tento, tento o tempo todo, pra tentar me retomar em você a partir de sorvetes, a partir de livros, a partir de pedidos num café estranho que toca o seu tipo de música favorita. Vivo uma saudade de quem já foi e promete voltar. É da promessa que eu me alimento e moça, se você for ficar pra sempre, me manda uma carta de despedida bonita? Me promete que me despacha numa carta e não me prende na sua estante se não for pra sentir saudade também.
E eu sinto falta. Falta é toda a companhia que eu aceito porque ela não me pergunta sobre você. Não me pergunta e não me repreende pelo desespero que era precipitado e agora se confirma. Na caixa postal vazia, na falta de conexão e na vida de quem eu não faço mais parte e vai muito bem, obrigado. Você vai e eu fiquei. Fiquei e não vi o tempo passando que tanto me esqueci de mudar o tempo verbal das coisas todas do meu dia a dia. Você foi e eu que. Jurava, jurava tanto, jurava dias e mais dias no pé do meu ouvido que só dói quando eu ouço a sua voz numa rua vazia em dias de chuva em que me esqueço do guarda-chuva e passo em frente ao seu número. Cê me disse um até logo, meu bem. Com solidão compartilhada com um fantasma, eu ouço ainda mais alto: eu nunca vou me esquecer de você. Até que os ponteiros descongelam e eu não ouço mais promessa.

_______________________________________________________________

Se eu não tivesse você

Se eu não tivesse você pra me lembrar de limpar as mãos, os braços, o queixo e o lábio no seu, eu sairia por aí cheio de molhos, doces, sorvetes e de todas as coisas que lambuzam a gente quando a gente se permite lambuzar. Talvez eu tivesse mais dinheiro guardado na poupança e nada, nadinha, nada mesmo na agenda e fora dela por seus convites fora de hora e fora de padrão e você gosta de ver as estrelas? Só gosto delas quando aponto pra algumas e você toca no meu braço me mandando baixar a mão. Sem isso seriam só umas estrelas salpicadas num céu-azul-escuro-sem-graça-nenhuma-e-sem-você.
Se eu não me embaraçasse em você pra achar alguma posição confortável na cama, talvez eu caísse no chão fugindo de um sonho ruim em todas as noites frias. E tenho certeza de que engordaria menos, mas olha pra mim e diz se você se importa tanto com isso ou se prefere que a gente divida a sobremesa e divida os momentos e divida a nossa vida numa estranha divisão que não diminui e nem deixa cada um com só um pouquinho do outro. Se eu não tivesse você eu teria reprovado em álgebra porque não saberia somar. Não saberia daquelas coisas que você me ensina e nem me encantaria com facilidade quando você pega no volante e diz que vai me levar pra algum lugar bacana que eu ainda não conheço. Bobagem, meu bem, você é meu lugar-comum-especial-pra-vida-toda nessa noite.

Se você não tivesse esbarrado, me olhado, insistido em não parecer invisível e me dado aquela puxada sensível no braço eu nunca, nunca, nem mesmo hoje em dia, acreditaria que tem coisas erradas que precisam acontecer pra gente se encontrar lá na frente porque o nosso clichê foi assim. Foi no jeito com que eu paro subitamente de falar pra te ouvir disparando sentenças e se pegar constrangida, me olhando e se perguntando o que é que eu tô olhando. Eu tô olhando a sua forma desordenada, fora do tom, um tanto quanto desafinada de gesticular e me fazer rir no meio da praça de alimentação do shopping por ser você.
Se eu não tivesse você, eu ia ter aquele vazio que eu tinha faz tanto tempo e tanta chuva e tanta gente que passava e esbarrava e nunca ficava como você ficou. Você ficou e ficou mais um pouco, fica mais um pouco, vai ficando e não se acomoda, viu? Me incomoda, me acorda quando eu dormir no seu banco de carona e te deixar sozinha, me atordoa com a saudade que nem dura uns três dias direito e me diz que a noite só foi boa porque eu desejei que fosse, porque eu deitei com você do outro lado da linha. Me diz que não importa quão brega-apaixonado-bobo-despreocupado eu possa parecer, que importa é que dá pra ver como eu fico feliz e me faço feliz por ter você. Diz que me odeia, mas diz com aquela forma meio irritada pra si mesma porque você sabe que é uma daquelas mentiras mal contadas, daquelas que faria o seu nariz crescer e que nem entonação de atriz faria mudar. Diz que se eu não tivesse você, você daria um jeito de me acordar com voz de sono só pra eu virar pro lado e sonhar em ter você mais uma vez.

_______________________________________________________________
Amor é pros fracos

Amor nunca foi recomendado pra gente grande que narra a vida com controle absoluto. Ele foi feito pra gente descontrolada, mal planejada, que deixa o tempo fugir pelas frestas dos dedos, e escorrega. Foi feito pra gente que desdenha do tempo e se permite convencer do contrário, não pra gente orgulhosa dos seus feitos metódicos e superiores.
Amor é de gente pequena, frágil, que fica quase sempre à mercê de um caçador. Gente essa que se defende como pode e perde de vez em quando, descobrindo que perda também é um jeito de levar a vida. Esses que ganham o tempo todo, ah… amor não é pra eles. Pra viver um pouco de amor é mais do que preciso aprender com a perda.
Amor é sentimento de gente que cansa, que recua, que chora e borra a maquiagem, que deixa cair pela barba pra contrariar o ditado, não de gente que põe um escudo na frente e se impõe como gladiador. É pra gente que sofre, sim, e continua sofrendo no dia a dia. Pra gente que aprendeu a desistir no meio da luta. Essa gente toda, altiva e com os sentimentos musculosos, não sabe sentir as agulhadas que ele dá no percurso.
amor
Amor é coisa de sonhador, sabia? De gente que flutua e tira os pés do chão o tempo todo, de gente que imagina, e imagina demais com um sorriso na cara, como se tivesse dormindo acordado. Gente boba, tola, com um quê infantil que deixa a coisa tomar conta e não se esvai. Não serve pra quem domina as situações e se mostra inflexivelmente adulto, formal, sério demais pra admitir uma brincadeira no meio de uma semana útil.
É pra gente que não sabe combinar cor e gente que já perdeu na queda de braço. Gente que só soube nadar depois de quase ter morrido afogado, e que ainda dá risadas disso, como se reprovar na vida não tivesse importância, sabe? É pra quem se importa, sim, com o que dizem, com o que pensam, com a ligação do dia seguinte.
Amor é daquela galera que vai mal, obrigado, quer me ouvir? É pra quem cria laços nas filas, na rua, no mundo. Pra quem sorri, mesmo que falte um dente da frente, e contagia o outro. Amor é de gente simples que enfrenta desafios todos os dias desde a hora que acorda e, mesmo assim, firma um compromisso consigo mesmo de que vai chegar até o fim do dia bem. É de gente que pergunta, mesmo podendo nunca ser respondida, se você quer ficar aqui ou ir embora pra sempre. Gente que depende, sim, um pouco que seja do outro – e que pode deixar de depender porque já aprendeu que pessoas vão na mesma velocidade em que chegam. Quem é forte demais não entende de amor. Não entende de fragilidade, perseverança, chuva molhando o terno, falta de proteção e abrigo, nem de imprevisibilidade. Quem é forte não sabe ser fraco, frágil, pequeno e, ainda assim, continuar. Não, isso não pertence a eles. É de gente que tem medo de escuro e passa os dias convivendo com medo e insegurança, nem sempre se dando bem. Gente que vai parar num canto e chorar até desabar pra acordar melhor no dia seguinte. Gente fraca (mesmo) que aprendeu a ser forte por causa do amor.
_______________________________________________________________

"E diz pra mim onde eu encontro a tal borracha branca, onde eu arranco a folha, onde eu tomo o remédio certo pra apagar você como você fez comigo."

Carta para dizer que eu ainda te amo.
Eu sei que você detesta quando eu escrevo e foi por isso que decidi me despedir de você. Por saber que você não vai ler. Eu não saberia dizer isso olhando para dentro de você. Sou covarde, sabe?
Só queria te dizer que você me ofereceu coisas maravilhosas, me ensinou coisas para vida, me fez sentir viva e me fez viver um grande amor. Ainda não descobri como você chegou, nem como apareceu na minha casa. Tenho certeza que não te liguei. Também não consigo entender como consegui te fazer permanecer, meu jeito desarrumado não facilita muito meus romances. Você era a estante e eu era aquela montanha de livros empilhados, saca? Mas você ficou e parecia querer continuar, onde até eu teria desistido de tentar arrumar a bagunça.
Eu me apaixonei em cada mensagem, me encantei com tua criatividade. Passados quase três anos, esse encanto apenas aumenta. A distância me leva para longe, mas o meu bem-querer me trazia de volta. Eu sei que sou clichê, como você mesmo diz que todas as garotas são. O equívoco é esse: todas as mulheres apaixonadas são garotas clichês vistas em filmes adolescentes. Mas um dia você vai entender que amor “abobalha” as pessoas.
Eu dei meia volta algumas vezes, mas nunca te deixei de verdade. Nesse meio tempo, houve rosas, raivas, beijos, mágoas e abraços de urso. Você se tornou meu porto-nada-seguro, mas ensinou que Merthiolate nas feridas não precisa ser mais doloroso. Foi você quem cantou para mim no telefone quando meu mundo e o de todo mundo que me rodeava tava desabando. Eu tinha que ser forte, mas não era. Você cantou para mim e de repente, a paz invadiu o meu coração. De repente se encheu de paz, como se um vento de um tufão arrancasse meus pés do chão. Depois de muitos dias doente e tendo que parar no soro, foi você quem me mandou uma mensagem dizendo que anjos não adoecem, mas descansam suas asas para poder voar novamente e abençoar as pessoas.
Naquele baile, você me tirou para dançar. Aquelas luzes, os papéis caindo e você comigo. Não poderia ter sido mais perfeito. Seus braços na minha cintura e os meus no teu pescoço, como num laço ou enforcamento desastrado, e eu não conseguia pensar em nada. Nada mesmo. Eu tava ali vivendo, dançando, olhando para dentro de você e não pensava. Acho que meu modo automático me mantém afastada da solidão e me traz para perto. Acredito que você não tenha reparado na música que tocava na hora, mas a mulher que cantava, dizia que há mil anos ela vinha amando aquele rapaz e o amaria pelos próximos mil. Abraçada a ti, eu só respirei fundo e me deixei levar.
Queria que você soubesse que estando juntos ou não, você será sempre meu amor. Vou sentir inveja de qualquer mulher que cruzar a minha visão periférica com você e fingir que queria o sapato dela, mas meus olhos, meus cachos, meus lábios e a palpitação não mentem. E prometo seguir teus conselhos. Eu vou conquistar o mundo, pode deixar. Vou descobrir lugares, mundos e outros universos para imaginar onde a gente poderia ter se amado por mil anos a mais.

Eu nunca mais vou me envolver com alguém de novo. Cansei de quebrar a cara. Essa frase marca o início de um ciclo e o começo desse clichê que a gente repete na tentativa de se proteger na próxima vez. É mais ou menos como um mantra que já prepara o coração para o que vem: segura a surpresa, manda aquela alegria inicial de ter encontrado alguém bacana embora, dá uns tapas na expectativa e te faz prometer para si mesmo que dessa vez vai ser diferente: dessa vez você não vai se envolver.
Essa frieza é característica de quem já sofreu por amor ou por menos que isso. Mas frieza é uma palavra forte, então digamos que seja uma proteção. Essa proteção é a armadura impenetrável de quem foi convocado para a guerra, mas sofre de apatia. É o brigadeiro de panela quente para quem já queimou a língua. Essa proteção é a hesitação de quem não quer repetir um novo ciclo de descasos e esperanças. Ela funciona de forma radical e direta, porque descarta qualquer um antes mesmo dele chegar a algum lugar.
A formação de defesa de pessoas que optaram por “esconder os sentimentos” e viver na desconfiança é pesada. Os que não se declaram solitários por acidente, acabam pode depositar essa postura em outros. Isso porque sempre calha de aparecer alguém que finalmente “valha a pena” para você e essa pessoa vai ser o alvo de todas as suas inseguranças e negações passadas. A frustração de já ter se arrependido, faz com que você manipule as suas vontades e apare as atitudes. Vez ou outra, isso tudo te faz mais amargo, onde o sabor agridoce vai embora e você não percebe que está exagerando. Na sua cabeça, tudo funciona como um teste para o coitado (ou coitada) que tentar algo com você. É que eles estão vivendo a sua síndrome do “Dessa vez vai ser diferente. Eu não vou me envolver.”
Mas existe uma premissa certa nisso tudo: você vai quebrar a cara de novo. Independente da postura que se assuma, você vai passar por alguma frustração. Seja a frustração de estar sozinho, quando não é isso que se quer ou a frustração de finalmente se abrir de novo e se decepcionar. Parece um tanto quanto pessimista, mas é que você encara o “quebrar a cara” como algo negativo. Só que é uma experiência que faz parte de uma vivência maior. Quebrar a cara ensina, e muito, sobre nós mesmos. Ensina sobre padrões de comportamento que nós podemos cometer e erros que dizemos ser dos outros, mas na verdade nos pertencem. Ensina a aprender mais sobre as nossas expectativas e a forma com que lidamos com elas, além de mostrar que pessoas constituem a nossa vida de forma plena e quais podem ser descartadas quando há decepção. Aliás, isso ensina mesmo se foi decepção ou insistência, quando o problema da vez era com a gente. E ensina mais ainda que o ser humano, por mais burro e teimoso que possa ser, ainda possui a capacidade de amar de novo.
Você vai se encantar de novo e se perguntar se dessa vez vai ser diferente, por mais frio ou receoso que seja. Você vai engolir em seco e fingir que nada mudou, mas vai pensar em baixar a guarda. Essa esperança bonita que motiva e que também nos torna um pouco mais bobos e um pouco mais cegos é o que faz com que relacionamentos não sejam apenas relacionamentos. São situações que engrandecem e servem de auto-análise. E elas dizem muito sobre a gente e o nosso modo de ver o mundo. Revela vontades que a gente nem imaginava ter e devolve uma maturidade que vai sendo lapidada ao longo do jogo, com seus ganhos e perdas. E esfrega na nossa cara que a gente vai quebrar a cara de novo e que vai amar de novo. Por mais “evitáveis” que tenhamos nos tornado, ainda somos apaixonantes e apaixonáveis. E essas defesas que a gente cria, com um pouco de persistência e afeto, acabam caindo por terra. E isso pode ser bom ou pode ser ruim. Mas a gente só vai descobrir se der a cara à tapa. Mesmo que isso signifique quebrá-la depois e se apaixonar logo em seguida.

Tô aqui rezando pra não ser o que tô pensando porque eu não suportaria ter que deixar você ir, ter que deixar você parado numa rua pouco movimentada, debaixo de uma chuva qualquer no verão, sem abrigo ou piedade, só pra eu explicar pra mim mesmo que amores serão sempre amáveis, mas você passou e agora resta o fim.