Cecilia Meireles Poemas Compromisso

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PRE-CONCEITO SEM JEITO

Uma ideia na insanidade da alma.
Com discernimento equivocado da origem;
Em devaneio de inteligência...
Esquece-se o que se é de verdade!

Comparação de arrenegação medíocre
de criaturas semelhantes;
Disparate na capacidade de gerir sentimentos alienados;
Venda do direito ao heroísmo demente,
Na vontade delirante
E inalcançável de querer ser melhor;
Que demonstra ter a falta da inteligência!

Precipitação alienada por um pódio invisível,
De absurda auto exaltação solitária, e narcisista;
Uma cegueira que só pode ver a própria imagem...
Sem remorsos, refletida na poça de lama da ilusão.

Penso ser pela orientação desatinada da emoção,
E delírio propenso à cegueira da realidade.
Uma raiva sem causa equivalente,
Um prazer por nada, uma loucura de alma!

SEJA O MELHOR HUMANO

Ser melhor é ser:
Sem cor, que em nada deixa melhor o sangue;
Sem pele, que não te deixa menor;
Sem cabelo, que não acrescenta valor;
E sem sexo, que só no amor vale a pena!

Sem credo, que raro é verdade verdadeira;
Sem status, que vem com validade;
Sem poder, que se dar e se tira;
E sem fama, que rende valor de mentira!

Sem nação, que não faz o coração;
Sem raça, que sem a origem primária não tem graça;
É ser ninguém, que é ser o humano!

É ser anônimos para um fim.
Pois, somos todos são iguais: Humanos!
Que sem o nome, pobres mortais!

A GENTE FICA

A gente fica cauteloso,
Contando os dias
Que já se foram.

A gente fica medroso
Esperando o que
Não se sabe que se vem.

A gente fica nostálgico
Curtindo saudades...
E revivendo lembranças.

A gente vive e fica melhor
Sorrindo, correndo...
Celebrando a existência!

RETRUCANDO

Quem responde,
Quem retruca
E quem resmunga, importa-se!

Quem em silencio fica,
Quem espia...
Pondera o direito da resposta
E só Deus sabe o que ele pensa!

SUPERAÇÃO

Aprendi com as perdas,
Superei-me nos recomeços.
Perdoei-me, perdoando os outros.
Amei a mim mesmo,
Amando os outros...
Colho o que plantei!

PASSO DO GADO

Não se pode dar passos errados.
Nos passos largos, escorrega-se!
São saltos...
Nos passos curtos, és lerdo,
Inseguro!
Passo a passo, imita-se gado;
Vai-se andando, comendo...
E remoendo!
No passo do gado,
Vai-se devagar,
mais se vai longe...
E aonde se quiser!

O MUNDO PERFEITO

Pensei um mundo melhor!
No meu jeito, jeitoso!
No meu estilo, estiloso...
Difícil pensar o meu jeito de viver bom pra mim:
Ninguém, deve-me favor,
Favor, não é obrigação!
Ninguém, deve-me promessas,
Promessas não são dividas!
Ninguém me deve confiança,
A confiança se conquista!
Ninguém me deve o abraço,
O abraçar é espontâneo;
Ninguém me deve o beijo, deseja-se beijar!
Ninguém me deve o amor,
por ama-lo cegamente,
Amar é decisão minha!
No mundo posso existir sem viver;
Porém, não quero viver sem existir!
Posso viver a solidão,
Porém, não quero existir sozinho!
É bom saber que tem muitos por ai!?

Não é preciso ser doutor para tratar a dor de amar. Amor vivido não correspondido, sempre dor trará.
Que importa? Importa sim, não desistir jamais de amar.
Ame-se primeiro e busque pois, o amor verdadeiro.

Sempre se tem um grito na garganta: Qual o teor do seu de hoje?
Euforia?
Dor?
Agonia?
A nostalgia é o grito que mais dói....

Quando a dor da alma é imensa e sufoca o ser, muitos recorrem a dor da morte para alívio trazer.
Mas o que será que tem, após a morte também?
Se a momentânea e insistente dor tem fim, será que haverá alívio no tempo sem fim? Há uma eternidade a seguir, onde o tempo deixará de existir? Se das eternas portas haveremos de proceder, vida ou morte pode advir, incertezas para meros mortais, na esperança de dias vindouros de eterna paz.

Nasce-se nu, sem nada, só se respira;
Se é líquido e límpido, inocente;
O tempo passa fica-se pastoso, frenético;
Torna-se adaptável, mutável e nada é igual...
Não confiável por si mesmo, só se tenta ser;
Se é limitado e na certeza se têm os dias contados.

Quando crianças, somos espaçosos;
Quando adolescentes limitados;
Quando jovens rebeldes fogosos;
Quando adultos, tornam-se oprimidos em causas.

Quando idosos temos falta de forças,
Se deixam ficar petrificados;
Talvez, por não perceber que o tempo passou...
Ou que se têm muitas escolhas!

SENTIMENTOS NEGROS

Já me fiz de branco sendo negro;
Queria me sentir melhor...
Não era por mim.
Era menino e pensava como menino.

Já me sentir branco, mas continuava negro;
Era eu sem ser eu...
Era pequeno e nada discernia.
Cresci...

Conheci a causa e o valor da cor;
Tudo ficou claro, esbranquiçado.
Esclarecido...

Cor é apenas cor, jeito é apenas jeito.
Tudo não passou da ideia de um menino...
Que sentia medo do mundo...

O AMOR NAS VEIAS

Quem disse que o amor acaba nunca amou;
Barafundou-se na paixão;
Pois, o amor é uma essência,
e impregna na alma dos amantes;
Viaja como o sangue nas veias até o coração.

Pelas feridas de sua alma,
o amante obstinado evita externar
seus verdadeiros sentimentos;
Quando não é correspondido no amor,
se sufoca conveniente a voz no coração
que o nome do amado parece gritar.

São algemas do amor as frustrações sofridas;
São grades as decepções nas tentativas da conquista;
São águas que afogam os desejos não realizados;
E se transformam em muralhas
os desencantos, nos encontros negados.

O amor fica ali no coração, em algum lugar,
pronto para renascer, e disponível a despertar;
Um amor que renasce ao ouvir a voz do amado no pedido de perdão;
No abrir dos braços, projetando o afago.
Renasce no sussurrar de novas promessas
E na renovação de alianças;
No silêncio, onde se ver no olhar a esperança.
Esse amor renasce como lágrima que é traiçoeira;
Que do nada, e às vezes, por nada mareja;
Um amor verdadeiro não morre e nunca acaba.

Enigma do Amor

Às vezes, nas minhas incertezas
Nego-me por achar ignorante
Falar de algo tão relevante:
Falar de amor.

Diante de tantas coisas que dizem:
Nas histórias que contam...
Enrubesce-me a face.
Nas venturas de outros,
Parece só tem proezas e belezas,
Nos lábios dos que pabulam as suas histórias de amor.


Os amantes dizem que abrasa o coração.
Os sábios, que é uma armadilha para a alma.
Os homens aventureiros falam encontrar em qualquer lugar..
E as mulheres dizem que pode acabar.
Uma mãe amorosa diz: faz o coração arder.
Um pai defensor, confessa que na vida é um pesar;
Os avós apaixonados, dizem com os nascer dos netos:
O amor se multiplica...
Um tio encantado, tenta esclarecer o que sente, não explica.

Os Jovens confundem com a paixão.
Os aventureiros se perdem no prazer...
Os maduros, dizem ser a maior perda da vida,
Os fracos e insanos nos seus engodos
fazem encerrar no caixão
as suas história de amor.

Recuso-me a falar sobre o amor.
Às vezes, pensar e escrever sobre o amor,
Traz-me remorso:
Nunca se está satisfeito...
Não existe ninguém que ame perfeito.

A tragédia, frustração e decepção,
Parecem sempre acompanhar aquele que decidi amar.
Penso, desisto e sem querer recomeço.
É que se busca sempre, ainda que se esquive:
Alguém a quem se possa amar.

O nosso Amor

Acho que o nosso amor nasceu assim:
Eu te olhei e não liguei.
Sua voz me irritou...
Suas gargalhadas estrondosas e altas,
Fizeram-me te evitar.

Teu jeito de menina descabelada;
Teu jeito de andar moleque;
Tuas traquinagens sem limites;
Tua raiva de maruá...
Era para mim muita regatada.

Mas, porquê não deixei de te observar?
O tempo passou, você cresceu;
Para mim era a mesma:
A mesma que evitei.
Sempre observei.
Reprovei.

A mesma cara,
o mesmo cabelo,
as mesmas gargalhadas,
e as mesmas traquinagens.

Descobrir porque sempre te olhei:
Te amei desde de que a conheci;
Só não dei ouvido ao meu coração.
Você deu o troco, pondo meu coração à provas.
Não te esqueci.
Meu amor não morreu, apenas se escondeu.

Quero você, como na infância, por toda a vida.
Chega, chega de experiências com o nosso amor.
É verdade que este amor nunca vai morrer.
Eu te amo...

SEM NADA

Pernas bambas, frouxas;
Nó na garganta, esganado...
Coração apertado, falta de ar;
Engasgado com palavras.
Saudades de tudo, sem ter a falta de nada...
sabendo o significado da vida,
mas vivendo sem sentido;
Dono do destino...
E agora dono de nada.
Aos olhos do mundo, radiação.
E os dias são vazios...
Mil ideias na cabeça.
E nada que encanta a alma.
Amado, amando...
Ainda assim o vazio.
Cansado do caminho, do pé na estrada,
dos versos, das rimas.
Cansado da procura na vida...
Sem sentido válido.
A música que toca insistente,
e não embala, não marca os passos;
Nem fixa na mente, não diz nada.
Gente que grita, vende de tudo...
Nada que supre,
nada que mata a fome,
nem sacia a sede.
Um tudo que não é bastante.
O dinheiro não compra o que se procura, a felicidade...
Uma eterna busca, e às vezes, tateando se procura.

- MEDO DO MEDO

Todos os dias eu sigo um caminho.
Por trieiros novos e as vezes por calçadas velhas;
Enquanto ando percebo portas fechadas...
E janelas abertas... Sinto o cheiro do medo.

Vejo pessoas que me espiam...
Pessoas que olham para a rua
E parece que se escondem de tudo...
Outras vezes, parece que buscam inspiração para a vida.

Eu passo devagar, tento adivinhar o que sentem...
São prisioneiras de seus próprios medos?
Ou os seus medos são só do mundo?
Janelas que se abrem e fecham todos os dias;
Por trieiros novos e calçadas velhas.

Ando logo que o dia começa...
Também tenho meus medos;
Não é o medo do mundo.
Sinto o medo de me tornar prisioneiro dos meus medos.

SEM DESCULPAS

Ah, morte...
Não se acanhe sempre te esperei.
Não quero justificar...
Se é a hora?
Não quero desculpas para a causa.

Não é ruim, ter que morrer...
Acho difícil é não ter existido;
Ou existido sem ter vivido.

Meu medo, não é por partir.
Tenho medo da despedida;
Tenho medo da dor, dores fortes;
Minhas lágrimas ardem...
Medo de deixar os meus amores.

Ah, morte...
Chorei a vida inteira...
Pelas palmadas, perdas e amores.
Nunca me com acostumei com a vida;
Existi, vivi e amei...

Nunca deixei de sofrer...
Chorei as lembranças das perdas;
Chorei diante das bruscas mudanças...
Até chorei de alegria, a alegria também doía.

MULHER

Um mundo complexo,
Segredos e mistério sem intenção;
Um mundo desconhecido, à vista,
Um mundo surpreendente.

Decidindo ser feliz, cria os meios;
Se quer mudar a historia, virá a página;
Tem argumentos, se diz inocente, a culpa é de outro;
Encontrá-la como esposa é como procurar tesouro.

Depois de amá-la profundamente,
Perde-la é deprimente, tristeza.
Mulher é flor de laranjeira...

É dama da noite, perfumes e arranjos...
É lágrima de emoção, dor, saudades;
Usurpadora, dona de corações e invasora da alma.

OLHAR PELA VIDRAÇA

No olhar pela vidraça a minha visão embaça;
Dos outros enxergo somente as proezas.
Não atino as mazelas;
Coloco-me de costa a minha realidade
E a vida fica sem graça!

Pela vidraça há sempre uma ilusão lá fora
E o medo pelo lado de dentro.
Pela vidraça não ouço soluços,
Não percebo as lagrimas
E não escuto os lamentos.

Pela vidraça penso:
Que vida boa o vizinho tem?
É bem melhor que a minha...
Cria-se as ilusões, as fantasias.
Mas não se pode medir uma dor
Alojada no coração.