Casemiro de Abreu Poemas
Aqueles segundos inesquecíveis dos seus olhos nos meus, você me fitou como quem procurava desvendar uma incógnita, como quem procurava uma brecha em uma cortina persiana, que seu intuito de procura se findou em olhos fechados em perfeita sincronia, antes mesmo que eu pudesse mergulhar na água benta desse olhar infindo, como o de um examinador, como de quem procura o passo para entrar na dança, você se aproximou e me beijou como quem tivesse esquecido do mundo a sua volta, tinha me beijado devotamente, curiosamente, o mundo era só eu e você, eu estava emaranhada na conexão dos nossos mundos em lua de mel, cada momento conduzido por um êxtase diferente, eu estava sendo banhada pelas luz dos olhos seus, eu estava testemunhando detalhes de um momento que eu não queria que acabasse, a lua se fez coadjuvante, foram palavras trocadas no silêncio de um olhar, era a primeira vez que alguém me dizia aquelas sentimentalidades, de olhos cerrados, uma variável de sensações, entrava uma fresta de vida superiormente interessante do flash dos seus olhos, daqueles segundos inesquecíveis eu fui fotografada pela retina desses olhos lindos.
Nunca diga que ama alguém se não for verdade. Você não sabe o estrago que a verdade pode causar ao ser revelada.
Enquanto pouso meus olhos em você, olhos parados em você, minha pupila dilata, percorre um arrepio por todo o meu corpo e sem pedir licença, minhas pernas bambeiam, travo inteira, mas o sorriso sai, de um sorriso de quem não se decidiu se é tímido ou sorrateiro, volta meia quando você retribuí e fixa os olhos nos meus, não respiro, não penso, fico contemplando, namorando sua imagem a minha frente que reluz como o sol da manhã desvirginando a madrugada, invadindo, tomando meu corpo, meus devaneios se faz maior quando você sorri, é difícil dividir a atenção entre seu sorriso e o que você me fala, você a essa altura deve achar que tenho algum tipo de demência, tudo estava no controle, mas quando você resolveu sorrir, eu derreti feito manteiga, tinha uma britadeira no meu peito, uma escola de samba em plena avenida, Olodum, minhas mãos estavam tremulas, sorria pra qualquer piada ruim que você me contava, sua risada era música para os meus ouvidos, uma orquestra sinfônica em perfeita sinfonia, a minha imaginação brincava em você, se fazia sol em pleno luar, era o fogo que me deixava em chamas, queimei em brasas em cada toque, seu amor é gostoso demais, seu cheiro me da prazer, pensamento viaja, é engraçado que quando estou com você, nesse turbilhão de sensações que provoca, estou nos braços da paz.
Quero começar dizendo diferente, não da pra ser 8 ou 80, essa coisa de ter que escolher, de tem que, pra que e pra quem? Não da pra ser 8 ou 80 o tempo todo, melhor ainda em momento nenhum, eu não sou uma coisa definida, eu não sou esses dois números de oito ou oitenta, tão emparelhado, essa pressão de ter que decidir, de ter que se definir, ninguém consegue se definir, hoje eu estou de um jeito, amanhã de outro, ontem nem se fala, adoro chocolate e de repente tenho nojo não posso nem ver, não gosto e gosto, odeio e amo no mesmo segundo, eu sinceramente nunca coube nessa caixinha assimétrica, previamente calculada, padronizada, sou tantas coisas e não sou coisa nenhuma, quero tantas coisas e não quero coisa alguma, é um constante processo, mutação constante desse fenômeno natural que é viver, essa dualidade faz parte da minha existência, elas dançam entre si, faz parte do meu ser, energias que fazem parte de mim.
Tem sempre aquelas situações de alguém me perguntar qual minha religião, porque eu não sei, não tenho, mas tenho, sou kardecista, cristã, mas sou ateu a muitas coisas, acredito e não acredito, é tantas voltas, que eu prefiro nem explicar, eu não caibo em uma frase, em uma palavra, mas de repente eu posso caber também, essa exatidão cansativa que anula toda a minha essência, é possível ser feliz e triste, tudo ao mesmo tempo, minha letra tem variáveis e formas diferentes que nem parece ser da mesma pessoa, existe muitas dentro de mim, sou muitas, sou única. Quando alguém me pergunta alguma coisa, geralmente vem mais de três respostas a mente, todas elas em sua infinita coerência, minha mente se desdobra facilmente, é o passado, presente e futuro, tudo junto, separado, dançando, lutando, amando, odiando.
Nada mais aconchegante do que um abraço onde cabe a amizade, o carinho, a saudade, o amor fraterno, a sinceridade, a cumplicidade, a fala, o silêncio, enfim... Onde cabe o sentimento.
A teias de cada um: A segurança que escraviza; A lembrança que sobrevive a qualquer distância; A esperança que supera o desespero; A leveza que ameniza a força de toda a tempestade; O amor que aprisiona... Cada um vivendo na sua própria prisão.
Paixão é febre alta. Espere passar para depois tomar decisões. E quando passar, se sobrar amor, ame intensamente, todos os dias.
Para alcançarmos a valorização, é importante, antes de tudo, manter a confiança na vida e em nós mesmos. É bom acreditar, sempre, que podemos e merecemos realizar aquilo que é da nossa vontade. Se não há fé, tudo fica mais difícil. É vital acreditarmos nos sonhos, nos desejos. Nossas necessidades são importantes; é preciso que reconheçamos tal importância.
Enquanto uns fazem do amor um jogo de enganações, outros sempre ganham com a simples atitude de amar sem interesses, de viver a sublime missão de se doar.
Há pessoas que acreditam que basta evitar o que é negativo, mas uma visão básica da vida sugere que é melhor procurar ativamente aquilo que é positivo. Penso assim.
Melhor é não ficarmos apegados a coisas que não nos trazem alegrias; melhor é procurar sempre pelo que nos proporcione paz e felicidade... Observar, silenciar, contemplar mais...
Pois, pessoas são pessoas em qualquer lugar, são as mesmas em todos os lugares, o que as difere e as torna inteiras é a atitude.
Talvez meu sofá e minha TV seja melhor do que estar por aí fazendo coisas repetidas, conhecendo pessoas, repetindo apresentações, situações mecânica, talvez eu sempre tive preguiça de coisas pela metade, sem envolvimentos e sentimentos.
A vida é carregada de surpresas, sonhos e desafios. Quero abrir cada caixinha dos sonhos, recheadas com muitas lutas e realizar cada um, dia após dia... O segredo? Nunca desistir. E poder, um dia, dizer para mim mesma que o caminho foi muito difícil mas, lutei a venci. Ufa!
E onde procurar a liberdade senão na essência da alma, nos sentimentos mais vivos e profundos do ser?
A cura dos sentimentos está no encontro de si mesmo. Só assim haverá a chance de praticar o verdadeiro desapego e se tornar capaz de se perdoar verdadeiramente e perdoar ao próximo.
