Cartas Tristes de Amor
O Galo
As sirenes gritam entre vielas e becos
Enlouquecidamente.
Já eu carrego sentimentos
Separados em gavetas.
Minhas lembranças pueris rimam com a poeira nos móveis.
Neste final de tarde
A velocidade da cidade
Não me faz vítima.
De longe ouve-se
O desespero de uma gata no cio.
De cá nenhuma resposta.
Sei que as seis acordarei
Com o galo da vizinha me lembrando
Que habito uma metrópole provinciana.
Poesia feita de pó de histeria,
com pitadas de revolta e anarquia,
duas colheres de insatisfação coletiva,
untada com distorções e microfonia
dissolvidos em um megafone que berra
contra o inerte e apático padrão de vida pseudo estético
e esta pronta a receita de um Vandalismo Poético...
Febre da alma,
tarde de cama,
um trago no café sem sabor -
inflamação na garganta.
Manoel Bandeira
me acompanha,
pelas horas entre cobertas,
no rádio noticias me atingem
de falcatruas descobertas.
presos políticos de outrora
são políticos presos de agora,
e nada mais me surpreende
nem a desilusão cada vez mais frequente.
dormente,
não vejo nada que mereça meus versos com urgência,
a não ser um maldito mosquito
Com quem travo uma luta por conveniência...
É em noites como essa que pessoas se matam,
noites de insight's, noites de insonia,
noites que não se acabam.
Noites em trevas,
Em uma cidade que é um cú,
e nós, suas pregas.
Nós que nos esbarramos,
em grupos, como gados,
acorrentados ao cotidiano,
nós nos encurralamos.
Noites em que a vida, sem via,
segue seu plano,
enquanto nós ingenuamente acreditamos,
que somos nós que a planejamos.
Memória
A memória que desnuda profunda
Mas sobressalta e flutua
Na boca do abismo do esquecimento.
Esquecimento
O esquecimento que sôfrego
Enlaça um combate
Que ao menos almeja um empate
Mas que falha e se cobre
Com o véu de maia do perdão.
Perdão
O perdão que martiriza a alma
Que internaliza a ferida
Ao tentar apagá-la
Mas que não cumpre sua promessa.
Promessa
A promessa criadora de elos,
Passível a traições tal como Eros,
Que busca manter o acordo
Mas não controla a revolta,
Do que dentro pulsa latente,
Memória.
Toda manhã faço I Ching,
não por brincadeira,
até porque o Tao Te Ching
é meu livro de cabeceira.
sempre que possível,
tento praticar o tantra,
e quando em desespero me sinto,
entoar um mantra.
O Bhagavad Gita escolhi
para canção de minha vida,
E a doutrina de Siddharta Gautama
faz minha alma instruída.
Para a paz no amor
e o oposto dela,
me guio em Sun Tzu
e sua arte da guerra.
toda energia negativa
que até a mim vem,
tento devolver
de uma maneira Zen.
aceito de bom grado
o que o Yin e Yang
vem me reservado
e para a fluidez desta vida
que efêmera vai,
tento imortalizar o momento
nos três versos de um Haikai.
Assim bem eu quis,
Agradar gregos e goianos,
Com ideais ascéticos, arsênicos, românticos,
Um certo lirismo de raiz.
Após ter atingido,
Meu ilícito objetivo
Agora viro o disco,
Correndo o risco,
Por um triz:
De ser entendido
Visto e sentido,
Como indigno,
Um estoico aprendiz.
Nada mais parecido com um conservador
Do que um ato revolucionário.
Para métricas quantitativas,
Poema didático, texto prosaico.
Deus não dá asas a cobras,
Mas elas sempre conseguem obtê-las,
Todos com as mãos sujas, cada um com sua sujeira.
A alma move meu corpo pela cidade dos anjos caídos,
O êxtase para quem não sabe,
É só um vácuo preenchido.
SIGO MEU CAMINHO
DESALINHANDO
PASSADAS LENTAS CORRO
CURVAR TORTUOSA
CURVAR SINUOSAS
VOU ANDANDO E DIREÇÃO
E O MUNDO GIRANDO EM VOLTA DE MIM
MAS NÃO SEI PRA ONDE VOU
CONFUSA FINJO NÃO ENTENDER
MAIS NESSA ESTRADA DESERTA
O MEU RUMO INCERTO TRISTE SAGA
VENTOS FORTES SOPRAM O MEU ROSTO
EU INERTE OUÇO O CANTO DO SABIA
ONDE NÃO SEI ME PERDI-ME
NO VAGO DESSA SOLIDÃO
O SOL ESCALDANTE EU ERRANTE
PERDIDA UMA OVELHA DESGARRADA
A PROCURA DE UM ABRIGO PARA CHORAR
AS LÁGRIMAS QUE RETIVE
GRITAR O GRITO QUE SUFOQUEI
DENTRO DO CORAÇÃO ATINGIDO
NO ÂMAGO que e minha vida
e assim fenecendo
em suplicas
soluçando a dor desesperada
de uma historia inacabada
Louvado Seja Deus,
o criador,
Louvado Seja Di cavalcanti,
o pintor,
Louvado Seja Dionisio,
o Baco,
Louvado Seja Donald,
o pato.
Louvado Seja Dorival
Da Bahia, Brasil,
Voz e violão,
Louvado Seja David,
Das aranhas de Marte,
O Ziggy camaleão.
Louvado Seja Diógenes,
Do desprendimento,
Do cinismo, da rua...
Louvado Seja David,
Do muro, do virtuosismo,
Do lado escuro da lua...
Louvado Seja Dante,
o poeta,
Louvado Seja Djavan,
O esteta.
Louvado Seja Diderot,
O pensador,
Louvada Seja Dolores,
Da dor e dos amores.
Louvado Seja Dominguinhos,
Da bossa e do baião,
Louvados Sejam Doors,
As portas da percepção.
Vejo, leio, ouço...
Bebo, sinto, louvo...
Com a bela Caetana
Bom encontro pra você,
Que o galope do sonho
E o riso a cavalo
Me ensinaste a ter.
Que me livrou do peso
De não ter imaginação,
De ser doido e mentiroso
E mesmo assim ter razão.
Me fazendo encontrar
O realista esperançoso
Dentro de mim,
Em paz com o meu
"só sei que nada sei"
E meu "só sei que foi assim."
Sonhei que tinha desaparecido. O esquecimento me persegue, sinto que não há mais nada a se fazer aqui. Ninguém quer ouvir, ver, falar... Tão desesperado e patético que até eu imploro para me poupar da minha compainha.
A insignificância é tão grande que até a melancolia me abandonou e tudo me parece tão perdido, embaçado. Onde havia vermelho agora existe o preto e o cinza.
Onde anda o tal amor a essa hora da madrugada?
Quantas vezes acontecem dramas terríveis por faltar algo
tão necessário como um diálogo, uma conversa para dirimir
dúvidas e esclarece-las...
Dramas que poderiam ter sido evitados...
Recordar é viver, e pensar que tudo poderia ser diferente...
Ósculos e amplexos
Marcial
CERTAS RECORDAÇÕES TRISTES
Marcial Salaverry
A vida por vezes nos reserva algumas surpresas, e assim, por mera obra do acaso, tive hoje uma melancólica lembrança do passado, ao cruzar com uma figura triste, com a expressão de quem já desceu quase todos os degraus da vida, chegando naquele ponto de onde não mais existe volta. Apenas uma saída. A porta para o Além.
Seu porte, outrora altaneiro, de moça fina, de família de recursos, estava alquebrado, vencido por uma triste vida desregrada, pelo uso de drogas, pelo fumo, pelas bebidas... Enfim, o verdadeiro fim da picada. O quadro desenhado no tango “Esta Noche me Emborracho”, que diz "Hoje te vi passar, e causou-me pena ver-te nesse estado triste, toda alquebrada pela vida..." Não consegui fugir das recordações que me assaltaram a mente.
E pensar que muito a amei, chorei ao lembrar os doces momentos que passamos juntos. Como doem essas recordações. E a busca das explicações, como se para a vida explicações houvessem. Simplesmente certos fatos acabam acontecendo porque acontecem.
Éramos namorados. Para a época, nosso namoro era muito avançado. Não tínhamos limite para nossas intimidades. E foi essa liberdade, ou melhor, essa liberalidade que causou tudo, por faltar um diálogo esclarecedor.
E aquele baile de formatura. Triste baile. Ela queria ir sozinha. Não me queria naquela noite, depois vim a saber o porquê. Quando descobri, saí a campo para arrumar um convite. Queria surpreendê-la, e o consegui.
Não esqueço sua expressão de surpresa quando me viu entrando no salão, impecável em meu smoking alugado. Sorriu-me. Magoado, fiz que não a vi, e comecei a dançar com outras, fazendo par constante com uma moça que conhecera lá. Reparei que ela não dançava com ninguém, e apenas me olhava.
Apenas no fim do baile, empertiguei-me e fui tirá-la... Ela, olhando tristemente, recusou-me e saiu... Nunca mais a vi... Fiquei muito ofendido com a recusa, e não a procurei mais.
Depois vim a saber dos fatos. Ela estava suspeitando estar grávida, e queria conversar com algumas amigas para ter certeza. Quando soube, uma das amigas disse-lhe que eu não mais a procurava porque estava sabendo de tudo, e não queria saber mais dela, por estar grávida. Bela amiga... Desesperada, e com vergonha de encarar seus pais, fugiu de casa, caiu no mundo, e na vida.
Nunca mais soube dela, e essa mesma amiga me disse que ela havia fugido com um namorado. Jamais soube o que realmente aconteceu, e tampouco procurei saber.
Apenas a reconheci naquela noite, porque sempre a tive em um cantinho da memória. Seus olhos eram inesquecíveis, bem negros, brilhantes, fogosos. Negros ainda estavam, mas o brilho, o fogo, completamente apagados. Chorei muito, perdido nas recordações, e em como podem ser estranhos os rumos de nossa vida. Amamo-nos muito e muito amamos, porém a vida nos separou, ela seguiu por um rumo, e eu por outro. Poderia ter sido diferente? Claro, se ela tivesse me dito tudo, ou se eu tivesse confiado mais, ou mesmo se ambos não tivéssemos sido tão orgulhosos, cada qual julgando-se magoado, assumindo postura de vítima, e, principalmente, se aquela falsa amiga não tivesse sido tão “amiga”...
Enfim, coisas da vida, que nos prega peças as mais loucas possíveis. Seu nome? É lembrança. Lembrança daquilo que poderia ter sido, daquilo em que se transformou.
Bem crianças, ouvi esta história em um desses papos de botequim, quando alguém precisa falar, e alguém gosta de ouvir, para contar depois.
Nomes? Para que? Quantos de nós conhecemos muitas histórias semelhantes, em que tristes fatos acontecem, em que vidas podem ser destruídas, apenas porque não houve um melhor entendimento. Em que as pessoas se deixam levar pelo orgulho, pela vaidade. Quando se prefere ouvir inverdades, porque a verdade talvez nos incomode.
A história desses dois poderia ter sido muito diferente. Apenas coisas do destino? Não creio que se possa atribuir ao destino certas falhas da personalidade do "bicho gente", que por vezes pode atrapalhar a vida.
Sinceramente, espero que a história dessas duas almas sofredoras possa servir como alerta, lembrando que a melhor maneira de se dirimir dúvidas, é através do diálogo. Conversando é que se entende, ou não, mas de qualquer maneira chega-se a melhores conclusões, podendo evitar futuras lamentações...
Nessa expectativa, vai aqui meu desejo de que todos possam ter UM LINDO DIA, e que jamais possamos nos esquecer da importancia de um diálogo sincero para aparar certas arestas que surgem pela vida...
A morte de Ivan Ilitch, de Tolstói
A melhor coisa que comprei pra mim neste ano foi um Kindle e assinei o Kindle ilimitado.
Já li vários livros.
Ontem comecei a ler 'A Morte de Ivan Ilitch', novela de Tolstói. Quem me indicou foi minha neta. Quem indicou pra ela foi um professor... que, segundo ela, lê muuuuiiiito.
Ele disse pra ela que chorou quando terminou a leitura. Claro que foi o que me motivou a ler o livro... fiquei curiosa pra saber o que o fez chorar.
Já sei como termina, porque o autor faz o favor de contar quase no início... o fim.
Já li 75% do livro - tecnologia Kindle que diz quanto falta pra terminar um capítulo... quanto você já leu do livro todo... quando você liga está exatamente na página em que você parou de ler... enfim 😉
Aos 60% eu já havia entendido porque o professor da minha neta chorou. Não foi pelo que acontece com o personagem no fim, não... o que acontece com Ivan acontece com todo no mundo no fim... e o autor, como eu disse, já falou quase no começo o que acontece com Ivan... o título já diz 🙄 foram outras razões que trouxeram lágrimas aos olhos do professor... e eu não sou boba nem nada pra dar spoiler...
Claro que ainda há 15% do livro que podem me surpreender e ir por água abaixo o que tenho pensado que tenha feito o professor da Gi chorar... claro que posso chegar a um fim mais terrivelmente triste do que li até agora.. E não, não se engane.. a tristeza não está escrachada em fatos... a tristeza está entremeada em sentimentos e pensamentos de nosso personagem principal.
Talvez tenha algo mais no fim... mas eu só saberei mesmo no fim... por enquanto é isso.
Oração à vida
Por que às vezes sonhar é tão difícil?
Por que a vida perde todo o sentido se a gente parar de sonhar?
O que faz a gente deixar de acreditar nos nossos próprios sonhos?
São perguntas que neste momento não tenho as cabíveis respostas.
Só quero um dia poder voltar a sonhar.
Porque voltar a sonhar significa também voltar a viver.
E, se temos esperança, temos vontade de lutar e forças para continuar.
Rezo pra que chegue, ainda, ao menos um fio de esperança para que eu possa sentir o prazer de novo em respirar, sentir cada momento e enxergar a vida como um presente, algo valioso, assim como dizem que ela é, desfrutando, enfim, digna e verdadeiramente, da sua plenitude.
Sabe quando você conhece a pessoa certa, e ela te faz sentir as melhores sensações e de repente ela faz você sentir ao contrário disso tudo depois de um tempo? Era assim que eu me sentia...
Eu tinha encontrado alguém que eu pudesse depositar todo meu amor, minha confiança e tinha uma repleta paz...
Derrepente tudo acabou, foi muito rápido..
Amar uma pessoa é assim mesmo, que nos doa muito,
é melhor a gente se afastar dela!
Tem amores que valem a pena, e tem amores que não valem nem uma se quer pena,
eu decidi ir embora,
mas não foi porque eu quis,
eu tava doente,
doente de amor...
precisei ser forte e tive que te deixar!
nvte
p.s Karine
Passos largos nas ruas
Olhares curvos tão frios
Ansiedade declarada
E estranhos pensamentos constantes
Atordoam minha mente
A cada instante
Que me vejo longe de casa.
A cada olhar retribuído sinto fraqueza
Sinto como se minha estranheza ficasse mais visível
E que os seres que circulam se virassem todos contra mim.
Tênue linha que separa o feio do belo
A loucura do gênio
O amor das dores
A felicidade da inconsciência.
Loucos somos nós
Jogados para os cantos do mundo
Nascidos dos infernos e cada
Vez mais moribundos
Somos assim, estranhos, gênios, podres e largados
Mas sabemos viver, sabemos o instante da vida que o valor
Se investe
Sabemos que bebida e sexo podem ser a salvação de muitos
Problemas que nos são diariamente dados.
Reprimo mais essa dor
Para descarregá-la em tragos noturnos
E sentir um pingo de álcool de felicidade.
Um brinde a esta noite bela
Cheia de velas e duas esbeltas taças de vinho
Uma garrafa na mesa e ao lado dela sentados dois bobinhos
Chamaste meu nome pelo alvorecer
Não consegui perceber
Você estava distante
E eu não pude evitar
Você gritou por amor
Eu não pude escutar
Assim seu socorro não chegou
E a segunda taça se quebrou
Junto com a ela você me levou
Com os cacos me feriu
E meu coração se partiu
Assim como aquela linda taça
Que se e stilhaçou
E dos reflexos o vi partir.
Nesta noite peguei para refletir, apenas queria ser compreendido, meu coração está em uma aflição apenas sentindo a dor o rancor e o sabor do horror, tudo que estou vivendo é assustador e nada acolhedor apenas vejo o desespero de um menino sonhador, estou cansado dessa realidade, quem sabe viver em uma cidade onde só haja prosperidade, estou me sentindo imundo com pensamentos profundos.
Eu apenas queria me sentir bem, com alguém, mas estou sendo feito de refém onde se passa um trem. Desse lado estou sendo camuflado e mesmo todo enrolado me sinto gelado com um corpo pelado, e com todas essas dores todos assistem dos bastidores, nem mesmo os doutores entendem minhas dores, e olha que eles são lutadores e todos sabem seus valores.
O término do dia.
De repente
a música acabou.
Se mudou?
Pergunto eu estupefato.
Pois é um fato,
que dela sou amante,
detalhe importante,
a ser considerado
no instante em que
as lágrimas vieram.
Não eram tristes,
eram de alegria,
pois surgia,
lenta e solene
uma bela melodia.
Meu vizinho violinista,
excelente artista,
dedicou-me esta cortesia.
E, assim, entre lágrimas mudas
e sorrisos Internos, os que
são eternos.
Vai terminando o dia.
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